Segundo dados mais recentes do
Caged, o Rio Grande do Norte teve 20.245 admissões e 18.482 demissões,
finalizando o mês de junho com um saldo positivo de 1.763 empregos. Quando
comparado a junho de 2024, quando o saldo foi de 4.568 empregos, há uma variação
negativa de 2.805 empregos, o que representa uma redução de 61,4% no saldo
nesses dois períodos.
O segmento de Construção foi um dos mais afetados em 2025. No mesmo mês em
2024, o saldo positivo era de 397 empregos, caindo para um déficit de 329 neste
ano. Na avaliação de Sérgio Azevedo, presidente do Sindicato da Indústria da
Construção Civil do RN (Sinduscon-RN), o saldo negativo em junho pode ser
atribuído à conclusão de grandes obras de infraestrutura, como parques eólicos
e solares. “A ausência imediata de novos empreendimentos de igual porte,
reflexo de entraves regulatórios e limitações no setor de energia — como o
curtailment [corte de geração] —, também contribuiu para o resultado. Além
disso, o término de contratos e os ajustes característicos do período do meio
do ano impactaram o quadro de funcionários”, analisa o presidente.
Para Pedro Albuquerque, assessor técnico do Observatório da Indústria Mais RN,
ligado à Federação das Indústrias do Estado, a avaliação do saldo mensal de
empregos formais na Construção Civil ao longo do ano de 2025 revela uma
tendência de desaceleração contínua no setor. Em janeiro, o saldo foi de 876
postos de trabalho, mas esse número vem diminuindo progressivamente nos meses
seguintes, chegando a apenas 39 novas vagas em maio.
“Essa retração pode ser explicada, em parte, pelos juros elevados; a taxa Selic
está em 15%, o que desestimula financiamentos voltados à compra, reforma ou
construção de imóveis. Soma-se a isso o prolongamento do período chuvoso, um
fator sazonal que costuma impactar negativamente o setor nesta época do ano”,
cita Albuquerque.
Apesar dos números, o presidente do Sinduscon-RN diz que o setor permanece
resiliente impulsionado pelo mercado imobiliário, que segue aquecido e deve
continuar gerando empregos e renda ao longo do segundo semestre. “A expectativa
é positiva, com previsão de novos lançamentos imobiliários e a retomada de
projetos habitacionais e comerciais, fatores que tendem a sustentar o dinamismo
da construção civil nos próximos meses”, diz Sérgio Azevedo.
O setor de Comércio e Serviços, apesar de terminar junho e o semestre
positivos, também apresentou reduções em relação ao ano passado. O Comércio
registrou saldo de 952 empregos ante 1.850 no primeiro semestre de 2024 (queda
de 48%). O setor de Serviços registrou 4.181 postos de trabalho no primeiro
semestre de 2025, contra 10.720 em relação ao ano anterior. A queda foi de 60%.
Na avaliação do presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo
do RN (Fecomercio), Marcelo Queiroz, a queda no número de empregos registrados
em junho acende o sinal de alerta “diante de um cenário macroeconômico e local
de incertezas”. Ele cita ainda o clima instável entre os poderes no País, juros
ainda elevados, inadimplência recorde no varejo e redução no consumo das
famílias.
“A tendência para o segundo semestre é de desaceleração na geração de vagas,
com maior impacto sobre o Comércio e os Serviços. A esperada redução da Selic a
partir de setembro poderá atenuar os efeitos da contração do crédito. A
reoneração gradual da folha de pagamento, em debate no Congresso, também poderá
influenciar decisões de contratação. Porém, eventos como o Natal em Natal e
festivais regionais, que movimentam turismo e comércio. Ainda assim, o estado
deve encerrar 2025 com um saldo positivo, porém inferior ao de 2024, estimado
entre 11 mil e 14 mil vagas no acumulado do ano, dependendo do comportamento da
economia nacional no último trimestre”, aponta.
Tribuna do Norte

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