A missão da Destilaria Serra
de Martins, liderada pela empresária Alice Monteiro, é resultado de uma
trajetória que começou com a produção de cachaça e rum, e ganhou novo rumo com
a ideia de investir no vinho como símbolo de identidade territorial. O novo
rótulo potiguar chega ao mercado em três versões: tinto seco (Syrah), branco
meio-seco (Lorena) e rosé-suave (blend das uvas Lorena e Vitória). “A
inspiração para o vinho, especificamente, não foi um plano traçado desde o
início. Com sua história milenar e a capacidade de contar a história de um
lugar e de uma safra, o vinho se revelou a tela perfeita para pintar a nossa
paixão”, relata.
Apesar da altitude e clima
favorável da Serra de Martins, Alice aponta que o percurso até o registro do
vinho no Mapa exigiu superação de obstáculos, com destaque para a escassez de
água, um desafio constante na região, e a falta de mão de obra qualificada.
Atualmente, a produção é de menos de 1.000 litros por safra, configurando uma
operação boutique, focada na qualidade e na conexão com os fatores naturais e
humanos da Serra de Martins.
A comercialização dos vinhos
ocorre por loja própria em Martins, perfis nas redes sociais, como o Instagram
da cachaça Serra de Martins, e em restaurantes locais. A estratégia busca
valorizar o vínculo entre o produto e o território onde é produzido. A empresária
destaca ainda a importância da chancela federal como reconhecimento do trabalho
realizado. “É a coroação de anos de dedicação, superação de desafios e crença
em uma ideia que muitos poderiam considerar improvável. É a prova de que a
persistência e a paixão podem mover montanhas, ou, neste caso, cultivar
videiras no sertão”, afirma.
O projeto para a fabricação do
vinho surgiu com apoio do Sebrae RN, com o programa Sebraetec. O gerente da
Agência Sebrae no Alto Oeste, Renato Gouveia, acompanhou de perto a trajetória
da Destilaria. Para ele, o diferencial da iniciativa foi ter começado com
orientação técnica desde os primeiros passos, apoiando em orientação quanto à
legislação sanitária, ambiental e regulatória, passando por design de
embalagem, rótulo e registro de marca no Instituto Nacional da Propriedade
Industrial (INPI), até a estratégia de marca.
“O processo de registro é
complexo, mas necessário. Quando a gente fala em registro, fala em saúde. É uma
vitória ter um produto regularizado, chancelado pelo órgão federal responsável,
que é o Ministério da Agricultura. Isso traz uma valorização fantástica para a
região”, explica Renato. O lançamento oficial ocorreu durante a 17ª edição do
Festival Gastronômico e Cultural de Martins, em julho, com degustações no
Espaço Sebrae.
O sucesso da vinícola boutique
tem despertado a atenção não apenas no RN, mas também de visitantes de outros
estados e países que participaram do Festival. Para Renato, o feito da
Destilaria pode estimular outros empreendedores a investir na viticultura. “Já
existem outras iniciativas, pessoas investindo na produção de uva, da
matéria-prima. Quando se vê alguém investindo e tendo sucesso, quem está
pensando em investir tende a se sentir mais seguro”, avalia.
Para a expansão, Alice agora
elabora uma abordagem estratégica e sustentável para garantir que o crescimento
seja viável e bem fundamentado. “A superação desse desafio é a chave para o
aumento da produção. Como empreendedora, [ter o primeiro vinho do RN com
registro no Mapa] significa validar um modelo de negócio inovador, demonstrar a
viabilidade de uma cultura agrícola em uma região não tradicional para a
viticultura e estabelecer um novo padrão de excelência”, avalia.
Agora, com o registro no Mapa
e o cumprimento das regras e exigências, os vinhos potiguares da Destilaria
Serra de Martins estão aptos à comercialização em nível nacional e para
importação. A documentação é fundamental para garantir a qualidade, segurança e
conformidade dos produtos.
Tribuna do Norte
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