As atividades gratuitas, como
apresentações musicais, oficinas e rodas de conversa, estão incluídas em ações
definidas pelo Iphan com o tema Mês do Patrimônio - Participação Social,
Territórios e Sustentabilidade. A proposta é uma agenda descentralizada e
colaborativa, a ser praticada nas suas superintendências regionais, em parceria
com a sociedade civil organizada em todo o país.
“Os territórios e comunidades
são a temática do Mês do Patrimônio do Iphan. A gente tentou juntar esses
dois conceitos, que são a mola mestra do patrimônio cultural em atividades que
envolverem as duas coisas e nada melhor do que escola, patrimônio e música”,
disse a superintendente do instituto no Rio, Patricia Wanzeller, em
entrevista à Agência Brasil.
A programação prevê um debate
sobre a cultura afro-brasileira e a escolha do Bembé do Mercado como enredo da
Beija-Flor de Nilópolis. A escola de Samba vai apresentar na avenida, no
carnaval de 2026, a história desse que é o maior candomblé de rua do mundo,
reconhecido, desde 2019, como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil. A
conversa, na quarta-feira (13), terá a participação do carnavalesco Mílton
Cunha e de representantes da azul e branco da Baixada Fluminense. No mesmo dia,
uma apresentação da bateria da Beija-Flor de Nilópolis vai animar o público.
O samba não será o único
gênero musical no encontro. As atividades têm ainda o Choro no debate Entre
cordas e sopros: o Choro como Patrimônio Cultural do Brasil e um show do grupo
Caras & Coroas. A presença feminina no Forró e na Literatura de Cordel terá
destaque com uma apresentação, na quinta-feira (14), do Projeto Mulher
Forrozeira, além da presença do Jongo, importante manifestação cultural
afro-brasileira característica da Região Sudeste. “Este ano, a gente terá
como foco não só o forró. Vamos falar da mulher no forró, um papel que
ainda precisa ganhar visibilidade”, afirmou.
Oito anos após o
reconhecimento como Patrimônio Mundial pela Organização das Nações Unidas para
a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), os participantes vão receber
informações sobre a importância do Sítio Arqueológico do Cais do Valongo,
na região portuária da capital. O debate terá a participação do
historiador, escritor e mestre em bens culturais Thiago Gomide, da
jornalista Mônica Sanches, de Alexandre Nadai, do Instituto Pretos Novos,
de Gracy Moreira, da Casa da Tia Ciata, e de e Célio Oliveira, do
grupo Afoxé Filhos de Gandhi. A mediação será do representante regional no Rio
de Janeiro da Fundação Cultural Palmares, Eliel Moura.
Alunos
A programação
inclui ainda uma mesa de debates com o tema Jogos para uma Educação
Patrimonial. De acordo com a superintendente, o objetivo é utilizar os jogos
“para levar às crianças o conhecimento do que é um patrimônio cultural”. Em
parceria com a Secretaria Municipal de Educação do Rio, será oferecida a
oficina de educação patrimonial com Experimente Cultura, Maloca Games e Mestre
Griô e a oficina do Afoxé Filhos de Gandhi, as duas destinadas a alunos da rede
municipal de ensino.
“Temos um acordo de cooperação
com a Secretaria Municipal de Educação e todos os dias haverá turmas de
escolas que ficam perto aqui do Iphan, que vão participar de oficinas e de
apresentações”, disse.
O público poderá acompanhar
também oficinas, exibição do filme Choro, participar de visitas guiadas ao
prédio da superintendência e assistir a apresentações de manifestações
culturais reconhecidas como Patrimônio Cultural do Brasil. Além disso foi
montada nas instalações do Iphan a Feira Circuito Carioca, em que os expositores
levarão seus produtos como Literatura de Cordel e Matrizes Tradicionais de
Forró.
Dia do Patrimônio
Comemorado em 17 de agosto, o
Dia do Patrimônio foi escolhida para homenagear o advogado e escritor Rodrigo
Melo Franco de Andrade, que fundou o órgão em 1937. De acordo com o Iphan, a
intenção de ter uma data específica é “celebrar e promover a preservação do
patrimônio cultural brasileiro, tanto material quanto imaterial”.
O último dia do encontro terá
também a Exposição das Bonecas de Artesãs do Quilombo São José da Serra, do
município de Valença, no Vale do Café, no estado do Rio. A oficina de Jongo
será com grupo do Quilombo São José da Serra em mais uma atividade exclusiva
para alunos da rede municipal de ensino.
No encerramento haverá uma
homenagem aos Amigos do Patrimônio do Rio de Janeiro e uma apresentação da
Roda de Jongo do Quilombo São José da Serra. “A gente passeou pelas comunidades
que habitam o cenário da sociedade carioca e as territorialidades dentro das
expressões culturais que elas representam”, completou Patrícia Wanzeller.
“Vai ser a primeira vez que o
prédio estará aberto à visitação pública, que as nossas portas, que são
tão fotografadas, estarão abertas às pessoas que passam por aqui e têm
curiosidade em saber o que acontece aqui dentro. A gente está querendo que o
público entre, conheça o Iphan, saiba o que é o instituto e quem trabalha
nele”, concluiu.
De acordo com a
superintendente, a preservação do patrimônio cultural é uma forma de defender a
soberania e a identidade do Brasil. “Neste momento em que a nossa soberania
está sendo ameaçada por um país estrangeiro, que colocou a gente na parede,
mesmo por questões econômicas, é muito importante quando a cultura entra
como laço de identidade nacional. A cultura é nossa primeira foto de
identidade, é quando eu, você e todas as pessoas que moram neste país quase
continental nos identificamos como cidadãos do mesmo país. Mesmo com a nossa
diversidade, a nossa origem é a mesma. Isso a gente consegue por meio da
cultura, o grande laço de fortificação de soberania, de identidade de
reconhecimento pátrio. É isso que nos une no final das contas. Resguardar esse
patrimônio é também resguardar a nossa brasilidade, a nossa história”, afirmou.
Agência Brasil

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