Segundo o Itamaraty, a
postagem do vice-secretário representa um ataque frontal.
“Essa manifestação caracteriza
novo ataque frontal à soberania brasileira e a uma democracia que recentemente
derrotou uma tentativa de golpe de Estado e não se curvará a pressões, venham
de onde vierem”, respondeu a pasta em nota sábado (9) à noite.
O Itamaraty mencionou que essa
foi a segunda manifestação hostil do governo estadunidense em três dias. “O
Governo brasileiro manifestou ontem [sexta-feira, 8] à embaixada dos Estados
Unidos seu absoluto rechaço às reiteradas ingerências do governo norte-americano
em assuntos internos do Brasil, e voltará a fazê-lo sempre que for atacado com
falsidades como as da postagem de hoje [sábado, 9], disseminadas pelo
subsecretário de Estado, Christopher Landau”, acrescentou o Ministério das
Relações Exteriores.
Gravíssima ofensa
A ministra de Relações
Institucionais, Gleisi Hoffmann também rechaçou as postagens do vice-secretário
de Estado do governo de Donald Trump. Ela classificou de “arrogante” e de
“gravíssima ofensa” as insinuações de interferência do Judiciário em outros Poderes.
“A postagem arrogante do
subsecretário de Estado dos EUA é uma gravíssima ofensa ao Brasil, ao STF e à
verdade. Quem tentou usurpar o poder em nosso país foi Jair Bolsonaro. Quem
está tentando destruir a relação histórica entre os dois países é a família
Bolsonaro estimulando Donald Trump, com o tarifaço e sua chantagem contra o
Judiciário brasileiro”, rebateu Gleisi nas redes sociais.
A ministra reiterou que o
Brasil cumpre a Constituição e que os Poderes estão unidos para rechaçar a
tentativa de golpe em 8 de janeiro de 2023.
“Nenhum poder constitucional
brasileiro encontra-se impotente. Ao contrário: Executivo, Legislativo e
Judiciário rechaçaram o golpe de 8 de janeiro, a chantagem de [Donald] Trump, o
motim bolsonarista pela anistia e as sanções violentas contra o ministro
Alexandre de Moraes e outros ministros do STF”, continuou.
“Se querem mesmo ‘restaurar
uma amizade histórica’, comecem por respeitar a soberania do Brasil, de nossas
leis e Justiça, e parem de apoiar o golpista que tentou destruir nossa
democracia", concluiu a ministra.
Relações destruídas
Sem citar diretamente o
ministro do STF Alexandre de Moraes, Landau escreveu que um magistrado acumulou
autoridade excessiva e “destruiu a relação histórica de proximidade entre o
Brasil e os Estados Unidos”. “Sempre é possível negociar com líderes dos Poderes
Executivos ou Legislativos de um país, mas não com um juiz”, disse o número
dois do secretário Marco Rubio.
Originalmente em inglês, a
publicação de Landau foi repostada pela Embaixada dos Estados Unidos em
Brasília, traduzida ao português.
Convocação
Na sexta-feira (8), o Itamaraty convocou o encarregado de
negócios da Embaixada dos Estados Unidos no Brasil, Gabriel Escobar, após
ameaças ao Judiciário brasileiro. O secretário interino da Europa e América do
Norte do Itamaraty, o embaixador Flavio Celio Goldman manifestou a indignação
do governo brasileiro com o tom e o conteúdo das postagens recentes do
Departamento de Estado e da embaixada nas redes sociais.
Na quinta-feira (7), a
Embaixada dos EUA no Brasil traduziu comentário do secretário de diplomacia
pública Darren Beattie, ameaçando autoridades do Judiciário brasileiro que
contribuam com Moraes. “Os aliados de Moraes no Judiciário e em outras esferas
estão avisados para não apoiar nem facilitar a conduta de Moraes. Estamos
monitorando a situação de perto”, disse o comunicado do diplomata, acusando o
ministro de “censura” e “perseguição” contra Bolsonaro.
Sanções
Os Estados Unidos aplicam sanções financeiras contra Moraes com
base na Lei Magnitsky, sob o argumento de que o magistrado estaria violando
os Direitos Humanos ou está relacionado a casos de corrupção ao redor do mundo.
O tarifaço de 50% sobre os produtos brasileiros nos Estados Unidos também foi
justificado com base na atuação do STF.
O governo de Donald Trump
critica Moraes e a Justiça brasileira pelo processo penal contra o
ex-presidente Jair Bolsonaro e por decisões de remoção de conteúdo e bloqueio
de redes sociais e plataformas digitais estadunidenses.
Agência Brasil

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