A declaração foi feita nesta
terça-feira (5) pelo diretor-executivo da empresa, Francisco Gomes Neto,
durante apresentação dos resultados do segundo trimestre da companhia.
“O nosso foco é realmente
restaurar a tarifa zero. Ficamos muito felizes de passar de 50% a 10%, o que
reduziu bastante o impacto para os nossos clientes. Estamos trabalhando com
eles para fazer a entrega das aeronaves. Mas, em paralelo, estamos nos esforçando
com afinco para restaurar a tarifa zero”, disse.
A Embraer emprega 18 mil
pessoas no Brasil. Desde abril, a empresa, que exporta metade da produção para
os Estados Unidos, está
submetida à tarifa de 10% determinada pelo presidente americano, Donald Trump.
Nas últimas semanas, houve o
receio de que a taxação subisse para 50%. Mas na quarta-feira (30), o governo americano decidiu que aeronaves, motores, peças e
componentes de aviação ficam de fora do tarifaço.
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Empregos
De acordo com a companhia, a
cobrança de 10% que passou a vigorar em abril significa um custo de US$ 65
milhões, cerca de R$ 350 milhões. Desse impacto, 20% foram sentidos no primeiro
semestre e 80% devem ser percebidos no restante do ano. Esse valor é cobrado de
partes de aviões executivos que a Embraer vende à subsidiária da empresa nos
Estados Unidos, mas trata-se de um alívio se comparado à taxação de 50% da qual
a empresa escapou.
“Voltamos para uma situação
mais gerenciável, tanto que já incluímos o impacto das tarifas nas nossas
projeções financeiras. Estamos mantendo o nosso guidance [projeção] para o ano,
e para atendê-lo temos que entregar todos os aviões que estão planejados. No
momento, está completamente fora dos nossos planos qualquer tipo de alteração,
redução de quadro por causa de redução de produção”, garantiu Neto.
Em relação aos aviões
comerciais vendidos aos Estados Unidos, o custo é pago pela empresa que compra
a aeronave, o que acaba encarecendo o produto.
Francisco Neto disse acreditar
que negociações podem trazer de volta a tarifa zero, como nos últimos 45 anos.
Ele citou acordos alcançados recentemente pelo Reino Unido e Europa.
Segundo Neto, as negociações
se dão por intermédio do governo brasileiro e também diretamente com os
americanos.
Principal mercado
Os Estados Unidos são o maior
mercado de aviação do mundo e absorvem 70% da demanda por jatos executivos da
Embraer e 45% de aeronaves comerciais.
O diretor-executivo da
companhia aponta a geração de emprego e investimentos nos Estados Unidos como
um trunfo para que o governo Trump volte à tarifa zero.
A Embraer emprega quase 3 mil
pessoas em solo americano. Incluindo a cadeia de fornecedores locais, o
contingente chega a 13 mil. A empresa planeja investir US$ 500 milhões, cerca
de R$ 2,8 bilhões, em Dallas, no Texas, e Melbourne, na Flórida, nos próximos 5
anos e contratar mais 5,5 mil funcionários até 2030. As estimativas foram
feitas, segundo Neto, em cima de cálculos sem a tarifa de 10%.
O executivo disse que se o
governo americano decidir incluir aviões militares como o KC-390 em sua frota
aérea, a Embraer projeta mais US$ 500 milhões para uma nova linha de montagem e
mais 2,5 mil postos de trabalho.
A empresa ressalta ainda a
importância dos seus aviões E175, de até 80 assentos, considerados essenciais
para a aviação regional americana.
“Temos boa expectativa que
isso venha acontecer”, avalia o diretor-executivo sobre a volta da tarifa zero,
enfatizando que a estimativa é de saldo comercial positivo de US$ 8 bilhões
para os americanos até 2030. Ou seja, no processo de fabricação de aviões, a
Embraer gasta mais com compras nos Estados Unidos do que com vendas para lá.
Resultado
O resultado do segundo
trimestre apresentado nesta terça-feira pela Embraer aponta que a empresa
entregou 61 aeronaves no período, sendo 19 jatos comerciais, 38 executivos e
quatro militares. No mesmo período do ano passado, foram 47.
A companhia trabalha com a
estimativa de entrega de 77 a 85 aviões comerciais este ano e de 145 a 155
jatos executivos. A carteira total de pedidos atingiu US$ 29,7 bilhões no
segundo trimestre deste ano, a maior já registrada.
A empresa
Fundada em 1969, a Embraer já
fabricou mais de 9 mil aviões para mais de 100 países e 60 Forças Armadas. A
empresa soma 23 mil funcionários, sendo 18 mil no Brasil, principalmente na
sede em São José dos Campos, em São Paulo. Há contingente também nas cidades
paulistas de Sorocaba, Botucatu e Gavião Peixoto, além de engenheiros em
Florianópolis e Belo Horizonte.
Fora do Brasil e nos Estados
Unidos, há uma fábrica em Portugal. Nos últimos anos, a companhia contratou 5
mil pessoas para atender a demanda atual e futura.
Agência Brasil

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