“Eu já tenho consultoria na empresa desde o começo, mas vários amigos,
inclusive que participaram, falaram: ‘Sahô, o seu produto tem alto potencial de
exportação’. Foi aí quando nós abrimos os olhos, fomos conversar com a
consultora da PEIEX, que começamos a capacitação”, lembra Sahonara. Ela explica
que a adesão ao programa foi motivada pelo desejo de crescimento. “A gente já
tem o comércio local e já distribui para o Brasil”.
A Cajumel, que atualmente produz cerca de 1.000 quilos de pasta de castanha por
mês, possui capacidade instalada para dobrar a produção sem necessidade de
novos investimentos. O plano de exportação está sendo traçado com apoio da
equipe técnica do PEIEX, e a expectativa é iniciar as vendas internacionais
após a participação da empresa em uma rodada de negócios, prevista para
setembro, em Goiânia. Com duas lojas em funcionamento e a terceira prestes a
ser inaugurada, Sahonara vê na internacionalização uma via para consolidar o
modelo industrial da marca.
Diante dos avanços, a empresária reconhece o papel decisivo do PEIEX no
amadurecimento do negócio para o mercado externo. “Nós somos uma pequena
empresa, uma microempresa. Eu não conseguiria ter todas essas informações, eu
não tenho o setor responsável por esse tipo de comércio exterior. Então, dá um
norte do que realmente a gente precisa”, declara.
Atualmente, a empresa conta com cinco funcionários e três estagiários. Os produtos já abastecem uma rede de supermercado de grande porte no Rio Grande do Norte e têm um ticket médio mensal de R$ 92 por cliente, com cerca de 150 consumidores fixos mensais.
A estratégia de atuação local foi mantida como vitrine para a futura expansão
internacional. Além da pasta de castanha, ela também incluiu no escopo de
exportação a cajuína e o melaço de caju.
Apoiado pela ApexBrasil e executado pelo Senac-RN, o PEIEX oferece diagnóstico
empresarial, capacitação híbrida em comércio exterior e planos personalizados
para inserção em mercados internacionais. Os núcleos operacionais no estado
estão localizados em Natal, Mossoró, Caicó e Guamaré, com atuação em um raio de
até 100 quilômetros em cada região. A meta para o ciclo 2024-2026 é atingir 200
empresas potiguares. Os segmentos atendidos hoje abrangem Produtos Têxteis
(29%), Moda (24%), Alimentos, Bebidas e Agronegócio (22%), Artesanato (21%) e
Frutas (4%).
Marcelo Queiroz, presidente do Sistema Fecomércio RN, avalia o PEIEX como uma
peça-chave nas estratégias de desenvolvimento econômico. Os principais desafios
enfrentados nesse processo de qualificação envolvem, principalmente, a barreira
cultural e a percepção das empresas em enxergar o potencial exportador. A
experiência do Programa tem mostrado que micro, pequenas e médias empresas de
diversos setores têm potencial real para acessar mercados internacionais, desde
que devidamente preparadas.
“Estamos na liderança desse processo de disseminar a cultura da exportação,
oferecendo ainda capacitações técnicas e gerenciais, além de diagnósticos
personalizados, que ampliam a competitividade e a inovação empresarial. Essa
atuação fortalece os pilares do comércio e dos serviços no estado, conectando o
empresariado local às oportunidades globais e impulsionando cadeias produtivas
com alto potencial de internacionalização”, afirma.
Além da capacitação técnica, o programa atua como articulador entre
instituições públicas e privadas por meio do Comitê Consultivo do PEIEX RN, que
reúne entidades como Fecomércio, Sebrae, FIERN, Correios, Banco do Brasil, UFRN
e IFRN. Essa rede de apoio contribui para superar um dos principais desafios
enfrentados pelas empresas: a percepção limitada de seu potencial exportador.
Adaptação para cada negócio
A capacitação oferecida pelo
PEIEX tem duração média de 60 a 90 dias e culmina com a entrega de um plano de
exportação personalizado ou mapa de valor. Os temas abordados vão desde
diagnóstico interno e formação de preços até logística e aspectos regulatórios.
Neste ciclo, o programa incorpora inovações conforme o perfil de cada empresa.
Empresária Raissa Barbosa,
fundadora da Fils to Fitwear| Foto: Magnus Nascimento
Para a empresária Raissa Barbosa, fundadora da marca de moda fitness Fils to
Fitwear, a participação no PEIEX foi o primeiro passo para pensar além das
fronteiras nacionais. A empresa, com quatro anos de atuação, foi selecionada
para integrar a comitiva enviada a uma missão comercial nos EUA.
“É entender que é possível quando a gente analisa o potencial da empresa. Não é
o porte dela, na realidade. Mesmo sendo pequena, é possível exportar”, explica.
Ela participou da rodada de negócios em Miami e agora trabalha na adequação de
produto e precificação. Apesar de ainda não exportar, a empresa já se prepara
para explorar o mercado internacional.
Com três funcionários fixos e uma rede de prestadores de serviço, a Fils to
Fitwear tem ticket médio de R$ 250 e público concentrado nas classes A e B. A
produção ocorre em três coleções anuais com cerca de 200 peças cada. Raissa
ressalta que o programa abriu um leque de possibilidades. “Você sai daqui,
entra em Miami e vê que o mercado é um mundo, que você tem condições de levar o
seu produto desde que você acredite. O PEIEX mostra isso”, afirma.
Para o presidente da Federação das Indústrias do RN (Fiern), Roberto Serquiz, o
PEIEX é essencial para consolidar uma cultura exportadora no RN. “O programa
aborda diversos aspectos fundamentais da exportação, como precificação,
marketing internacional, escolha de mercados-alvo e questões tributárias. Como
resultado, mais empresas potiguares incorporam a cultura exportadora em sua
estratégia de negócios”, avalia Serquiz.
A FIERN atua como parceira institucional do PEIEX por meio do seu Centro
Internacional de Negócios (CIN-RN).
Sobre o PEIEX Brasil
O Programa de Qualificação
para Exportação (PEIEX) foi criado em 2004 pelo Ministério do Desenvolvimento,
Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) e passou a ser executado pela ApexBrasil
a partir de 2008.
No ciclo entre 2021 e 2023, foram 5.334 empresas atendidas em todo o país.
Destas, 827 já iniciaram exportações, totalizando US$ 3,16 bilhões exportados.
Principais produtos
exportados:
•Produtos agropecuários (47,3%)
•Alimentos e bebidas (41,6%)
•Moda, higiene pessoal e cosméticos (5,3%)
•Produtos minerais não-metálicos (1,2%)
•Máquinas, equipamentos e materiais elétricos (1,17%)
•Madeira, móveis e outras manufaturas (0,7%)
Principais destinos:
Estados Unidos, Argentina, Chile, Portugal, Emirados Árabes Unidos, Alemanha e
França.

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