Apesar das altas, Natal mantém
um dos metros quadrados mais baratos do Brasil, com média de R$ 5.898/m², bem
abaixo da média nacional, de R$ 9.319, o que, para representantes da área,
reforça o potencial de atração de investimentos para a cidade. Sérgio Azevedo,
CEO da Dois A Engenharia, observa, no entanto, que é fundamental atentar para o
fato de que esse valor representa uma média que considera um grande volume de
apartamentos usados, muitos com até 40 anos de construção, o que reduz
significativamente o indicador geral.
“Na prática, os novos empreendimentos de médio e alto padrão em Natal já estão
sendo comercializados entre R$ 11.000 e R$ 15.000 por metro quadrado,
especialmente em áreas nobres e com projetos de alto nível arquitetônico,
tecnológico e de lazer. Essa diferença é um dado essencial para investidores,
incorporadores e compradores que buscam compreender o verdadeiro potencial de
valorização do mercado natalense”, analisa.
O FipeZap é um índice que acompanha mensalmente a variação dos preços de venda
e locação de imóveis no Brasil, com base em anúncios coletados em plataformas
como ZAP Imóveis e Viva Real, considerando características como tipo de imóvel,
localização, número de quartos e área útil para garantir comparabilidade
estatística. O índice é referência para corretores, incorporadoras e
investidores analisarem tendências de mercado e precificação em 56 cidades
brasileiras. Em Natal, o bairro com o m² mais caro é Capim Macio (R$ 6.759),
seguido por Ponta Negra (R$ 6.691) e Tirol (R$ 6.591).
Para Francisco Ramos, vice-presidente de Mercado Imobiliário do Sindicato da
Indústria da Construção Civil do Estado (Sinduscon-RN), os números refletem o
impacto do Plano Diretor na reversão do mercado imobiliário da capital. Ramos
também prevê uma valorização pulverizada por todas as regiões da cidade. “Com o
novo PDN, foram iniciados novos projetos mais modernos e com valores mais
compatíveis com a realidade dos custos de construção. Com a entrada desses
novos projetos no mercado, os valores médios dos imóveis tenderão a aumentar a
cada novo empreendimento lançado”.
Francisco Ramos chama atenção para bairros como Capim Macio, Tirol e Lagoa
Nova, que, na avaliação dele, tiveram uma valorização mais acentuada porque
construíram mais. “Foram bairros com uma concentração maior de novos
lançamentos, com os valores mais condizentes com a realidade dos custos de
construção, elevando, dessa forma, o valor médio das ofertas nessas regiões”.
Segundo ele, há maior demanda por essas áreas, identificada em pesquisas de
mercado realizadas antes dos lançamentos. “Esses bairros, foram identificados
com maior demanda, principalmente Capim Macio que há vários anos não recebia
novos empreendimentos”, explica.
De acordo com os dados mais recentes do FipeZap, no acumulado de 12 meses, até
junho de 2025, o bairro com maior valorização em Natal foi Nova Descoberta, com
alta de 31,8%. Em seguida, aparecem Petrópolis, com aumento de 18,8%, Capim
Macio, com 12,7%, e Tirol, que registrou valorização de 8,5% no período. Lagoa
Nova subiu 8,2%, Candelária apresentou alta de 7,8%, e Neópolis, de 4,9%. Ponta
Negra teve aumento de 4,6% e a Ribeira também valorizou 3,2%. Praia do Meio foi
o único bairro a registrar queda, com desvalorização de 10,6% no preço médio do
metro quadrado.
Renato Gomes Netto, presidente do Sindicato de Habitação do RN (Secovi-RN), diz
que os números ajudam a compreender a dinâmica da cidade, o que permite melhor
planejamento de investimentos. Ele afirma ter tido uma surpresa positiva com o
bairro Capim Macio. “Capim Macio tem um apelo mais turístico, também tem a
questão da retomada, muitas coisas sendo lançadas em Ponta Negra, mas chama a
atenção Capim Macio, até à frente de Tirol, Lagoa Nova, Petrópolis, isso
demonstra a potencialidade do bairro. Ainda tem muitas áreas disponíveis para
novos empreendimentos residenciais, comerciais e mistos, é um bairro que está
chamando a atenção dos investidores”, comenta.
Para Wescley Magalhães, diretor de Incorporação da Moura Dubeux no RN, o Estado
vive uma nova era de negócios, que vem em uma crescente desde 2022. “Esse é um
movimento que acontece especialmente com a retomada do ciclo econômico
pós-pandemia e a aprovação de novas legislações, dentre elas Plano Diretor e
Código de Obras. O avanço está acima da média nacional (3,33%) e reflete não
apenas a valorização pontual de bairros específicos – como Petrópolis, Ponta
Negra, além de Candelária e Capim Macio já que tornaram-se bairros com
potencial de lançamentos que outrora não eram”, analisa.
Petrópolis registra alta de 18,8%
nos últimos 12 meses e se consolida como um dos bairros mais valorizados da
cidade | Foto: ALEX RÉGIS
Plano Diretor de Natal
influencia os números
Os representantes do setor
imobiliário avaliam que o novo Plano Diretor de Natal teve um impacto positivo
no mercado, ao destravar projetos, incentivar novos lançamentos e reforçar as
perspectivas de valorização para os próximos anos.
“Essa valorização acelerada está diretamente associada à implementação do novo
Plano Diretor de Natal, que tem permitido um novo ciclo de desenvolvimento
urbano. A atual legislação tem viabilizado lançamentos mais inovadores, com
grande diversidade de tipologias, áreas comuns completas e soluções que
integram sofisticação e funcionalidade, alinhadas às expectativas de um
consumidor cada vez mais exigente”, afirma Sérgio Azevedo, CEO da Dois A
Engenharia.
Para Francisco Ramos, vice-presidente de Mercado Imobiliário do Sinduscon-RN, o
novo PDN foi fundamental para destravar o mercado e incentivar novos projetos
em Natal. “Os projetos que estavam engavetados receberam um grande incentivo
para que os empresários acreditassem na viabilidade de novos lançamentos
imobiliários. Os lançamentos estão acontecendo e deverão ser incrementados com
mais novos projetos ainda este ano”.
Para Roberto Peres, do Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci-RN), a
aprovação do novo Plano Diretor aumentou as perspectivas de valorização e
representa uma oportunidade para quem deseja comprar imóveis em Natal. “A gente
entende que irá valorizar ainda mais, porque nós passamos um tempo represado
por conta do Plano Diretor ultrapassado. Hoje a demanda, os empreendimentos que
estão a ser lançados, estão sendo lançados agora, já vão ser lançados com
outros valores. Então quem comprou imóveis até agora, com certeza vai ter um
ganho na frente”.
A ideia também é reforçada por Sérgio Azevedo, da Dois A Engenharia: “Os preços
dos imóveis em Natal devem continuar subindo, impulsionados pela sofisticação
crescente dos lançamentos, pelas facilidades integradas ao morar contemporâneo
e por um ambiente urbano cada vez mais atrativo para viver e investir”.
Wescley Magalhães, da Moura Dubeux, diz que a nova legislação amplia as
possibilidades de crescimento. “Além disso, novas tipologias de imóvel como
estúdios passaram a ser possíveis em Natal, portanto, trazendo novas
alternativas de produtos, já presentes noutros grandes centros”, complementa.
Cenário é oportunidade para
novos investimentos
Apesar de figurar na décima
posição entre as cidades que mais valorizaram os imóveis no acumulado do
primeiro semestre de 2025, Natal ocupa apenas o 41º lugar no ranking nacional
de preço médio do metro quadrado, com valor de R$ 5.898, segundo o FipeZap. O
cenário revela uma combinação estratégica para investidores: ao mesmo tempo em
que o mercado apresenta forte potencial de valorização patrimonial, os preços
permanecem entre os mais baratos do País. Esse diferencial coloca a capital
potiguar como oportunidade de investimento, especialmente diante de capitais
vizinhas como Recife e Salvador, cujos metros quadrados superam R$ 9.000.
Francisco Ramos, do Sinduscon-RN, avalia que a comparação demonstra como os
preços dos imóveis em Natal se encontram defasados. João Pessoa, por exemplo,
historicamente apresentava um preço 20% mais baixo e hoje está com o valor
médio por m² 30% mais alto que os praticados em Natal. “A tendência é haver uma
recuperação dos preços praticados e, em pouco tempo, acreditamos que haverá uma
aproximação maior dos preços médios praticados nas outras capitais. Atualmente,
aconselhamos investir no mercado imobiliário e aproveitar as oportunidades que
ainda podem ser encontradas”, comenta.
Renato Gomes Netto aponta ainda que a evolução da capital nos rankings da
FipeZap é sintoma da retomada do mercado. “Nos últimos 12 meses, nós estávamos
em décimo sexto lugar. Nesses últimos seis meses, nós pulamos para o décimo
lugar, o que demonstra que houve uma valorização maior nesses últimos seis
meses em relação aos últimos 12 meses. Isso demonstra que os imóveis em Natal
passaram a ter uma valorização maior. Isso para a gente demonstra o que a gente
já vinha esperando há algum tempo, que é a retomada do crescimento do mercado
imobiliário de Natal”, pontua.
Ele acrescenta que a valorização está diretamente ligada à procura. “Quando
você tem baixa procura, os valores tendem a cair. Quando você tem uma procura
maior, os valores tendem a subir. Então a gente entende que nós estamos em
franca recuperação do mercado imobiliário natalense a partir deste ano de 2025,
que a gente passou nos últimos 12 meses de 16º lugar para um 10º lugar nos
primeiros seis meses. A gente ganhou seis posições em termos de valorização
dentro das cidades pesquisadas”.
Tribuna do Norte

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