sábado, 12 de julho de 2025

Imóveis valorizam 7,6% em 12 meses na capital, aponta o índice FipeZap

Natal registrou uma valorização de 7,62% no preço dos imóveis residenciais nos últimos 12 meses, segundo o índice FipeZap de junho de 2025 – percentual acima da inflação acumulada no período, que foi de 5,37%. No recorte do primeiro semestre deste ano, o aumento foi de 4,86%, mas suficiente para colocar a capital potiguar no Top 10 de valorização, entre as 56 cidades pesquisadas.

Apesar das altas, Natal mantém um dos metros quadrados mais baratos do Brasil, com média de R$ 5.898/m², bem abaixo da média nacional, de R$ 9.319, o que, para representantes da área, reforça o potencial de atração de investimentos para a cidade. Sérgio Azevedo, CEO da Dois A Engenharia, observa, no entanto, que é fundamental atentar para o fato de que esse valor representa uma média que considera um grande volume de apartamentos usados, muitos com até 40 anos de construção, o que reduz significativamente o indicador geral.

“Na prática, os novos empreendimentos de médio e alto padrão em Natal já estão sendo comercializados entre R$ 11.000 e R$ 15.000 por metro quadrado, especialmente em áreas nobres e com projetos de alto nível arquitetônico, tecnológico e de lazer. Essa diferença é um dado essencial para investidores, incorporadores e compradores que buscam compreender o verdadeiro potencial de valorização do mercado natalense”, analisa.

O FipeZap é um índice que acompanha mensalmente a variação dos preços de venda e locação de imóveis no Brasil, com base em anúncios coletados em plataformas como ZAP Imóveis e Viva Real, considerando características como tipo de imóvel, localização, número de quartos e área útil para garantir comparabilidade estatística. O índice é referência para corretores, incorporadoras e investidores analisarem tendências de mercado e precificação em 56 cidades brasileiras. Em Natal, o bairro com o m² mais caro é Capim Macio (R$ 6.759), seguido por Ponta Negra (R$ 6.691) e Tirol (R$ 6.591).

Para Francisco Ramos, vice-presidente de Mercado Imobiliário do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado (Sinduscon-RN), os números refletem o impacto do Plano Diretor na reversão do mercado imobiliário da capital. Ramos também prevê uma valorização pulverizada por todas as regiões da cidade. “Com o novo PDN, foram iniciados novos projetos mais modernos e com valores mais compatíveis com a realidade dos custos de construção. Com a entrada desses novos projetos no mercado, os valores médios dos imóveis tenderão a aumentar a cada novo empreendimento lançado”.

Francisco Ramos chama atenção para bairros como Capim Macio, Tirol e Lagoa Nova, que, na avaliação dele, tiveram uma valorização mais acentuada porque construíram mais. “Foram bairros com uma concentração maior de novos lançamentos, com os valores mais condizentes com a realidade dos custos de construção, elevando, dessa forma, o valor médio das ofertas nessas regiões”. Segundo ele, há maior demanda por essas áreas, identificada em pesquisas de mercado realizadas antes dos lançamentos. “Esses bairros, foram identificados com maior demanda, principalmente Capim Macio que há vários anos não recebia novos empreendimentos”, explica.

De acordo com os dados mais recentes do FipeZap, no acumulado de 12 meses, até junho de 2025, o bairro com maior valorização em Natal foi Nova Descoberta, com alta de 31,8%. Em seguida, aparecem Petrópolis, com aumento de 18,8%, Capim Macio, com 12,7%, e Tirol, que registrou valorização de 8,5% no período. Lagoa Nova subiu 8,2%, Candelária apresentou alta de 7,8%, e Neópolis, de 4,9%. Ponta Negra teve aumento de 4,6% e a Ribeira também valorizou 3,2%. Praia do Meio foi o único bairro a registrar queda, com desvalorização de 10,6% no preço médio do metro quadrado.

Renato Gomes Netto, presidente do Sindicato de Habitação do RN (Secovi-RN), diz que os números ajudam a compreender a dinâmica da cidade, o que permite melhor planejamento de investimentos. Ele afirma ter tido uma surpresa positiva com o bairro Capim Macio. “Capim Macio tem um apelo mais turístico, também tem a questão da retomada, muitas coisas sendo lançadas em Ponta Negra, mas chama a atenção Capim Macio, até à frente de Tirol, Lagoa Nova, Petrópolis, isso demonstra a potencialidade do bairro. Ainda tem muitas áreas disponíveis para novos empreendimentos residenciais, comerciais e mistos, é um bairro que está chamando a atenção dos investidores”, comenta.

Para Wescley Magalhães, diretor de Incorporação da Moura Dubeux no RN, o Estado vive uma nova era de negócios, que vem em uma crescente desde 2022. “Esse é um movimento que acontece especialmente com a retomada do ciclo econômico pós-pandemia e a aprovação de novas legislações, dentre elas Plano Diretor e Código de Obras. O avanço está acima da média nacional (3,33%) e reflete não apenas a valorização pontual de bairros específicos – como Petrópolis, Ponta Negra, além de Candelária e Capim Macio já que tornaram-se bairros com potencial de lançamentos que outrora não eram”, analisa.

Pessoas andando na rua com prédio em cima

O conteúdo gerado por IA pode estar incorreto.

Petrópolis registra alta de 18,8% nos últimos 12 meses e se consolida como um dos bairros mais valorizados da cidade | Foto: ALEX RÉGIS

Plano Diretor de Natal influencia os números

Os representantes do setor imobiliário avaliam que o novo Plano Diretor de Natal teve um impacto positivo no mercado, ao destravar projetos, incentivar novos lançamentos e reforçar as perspectivas de valorização para os próximos anos.

“Essa valorização acelerada está diretamente associada à implementação do novo Plano Diretor de Natal, que tem permitido um novo ciclo de desenvolvimento urbano. A atual legislação tem viabilizado lançamentos mais inovadores, com grande diversidade de tipologias, áreas comuns completas e soluções que integram sofisticação e funcionalidade, alinhadas às expectativas de um consumidor cada vez mais exigente”, afirma Sérgio Azevedo, CEO da Dois A Engenharia.

Para Francisco Ramos, vice-presidente de Mercado Imobiliário do Sinduscon-RN, o novo PDN foi fundamental para destravar o mercado e incentivar novos projetos em Natal. “Os projetos que estavam engavetados receberam um grande incentivo para que os empresários acreditassem na viabilidade de novos lançamentos imobiliários. Os lançamentos estão acontecendo e deverão ser incrementados com mais novos projetos ainda este ano”.

Para Roberto Peres, do Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci-RN), a aprovação do novo Plano Diretor aumentou as perspectivas de valorização e representa uma oportunidade para quem deseja comprar imóveis em Natal. “A gente entende que irá valorizar ainda mais, porque nós passamos um tempo represado por conta do Plano Diretor ultrapassado. Hoje a demanda, os empreendimentos que estão a ser lançados, estão sendo lançados agora, já vão ser lançados com outros valores. Então quem comprou imóveis até agora, com certeza vai ter um ganho na frente”.

A ideia também é reforçada por Sérgio Azevedo, da Dois A Engenharia: “Os preços dos imóveis em Natal devem continuar subindo, impulsionados pela sofisticação crescente dos lançamentos, pelas facilidades integradas ao morar contemporâneo e por um ambiente urbano cada vez mais atrativo para viver e investir”.

Wescley Magalhães, da Moura Dubeux, diz que a nova legislação amplia as possibilidades de crescimento. “Além disso, novas tipologias de imóvel como estúdios passaram a ser possíveis em Natal, portanto, trazendo novas alternativas de produtos, já presentes noutros grandes centros”, complementa.

Cenário é oportunidade para novos investimentos

Apesar de figurar na décima posição entre as cidades que mais valorizaram os imóveis no acumulado do primeiro semestre de 2025, Natal ocupa apenas o 41º lugar no ranking nacional de preço médio do metro quadrado, com valor de R$ 5.898, segundo o FipeZap. O cenário revela uma combinação estratégica para investidores: ao mesmo tempo em que o mercado apresenta forte potencial de valorização patrimonial, os preços permanecem entre os mais baratos do País. Esse diferencial coloca a capital potiguar como oportunidade de investimento, especialmente diante de capitais vizinhas como Recife e Salvador, cujos metros quadrados superam R$ 9.000.

Francisco Ramos, do Sinduscon-RN, avalia que a comparação demonstra como os preços dos imóveis em Natal se encontram defasados. João Pessoa, por exemplo, historicamente apresentava um preço 20% mais baixo e hoje está com o valor médio por m² 30% mais alto que os praticados em Natal. “A tendência é haver uma recuperação dos preços praticados e, em pouco tempo, acreditamos que haverá uma aproximação maior dos preços médios praticados nas outras capitais. Atualmente, aconselhamos investir no mercado imobiliário e aproveitar as oportunidades que ainda podem ser encontradas”, comenta.

Renato Gomes Netto aponta ainda que a evolução da capital nos rankings da FipeZap é sintoma da retomada do mercado. “Nos últimos 12 meses, nós estávamos em décimo sexto lugar. Nesses últimos seis meses, nós pulamos para o décimo lugar, o que demonstra que houve uma valorização maior nesses últimos seis meses em relação aos últimos 12 meses. Isso demonstra que os imóveis em Natal passaram a ter uma valorização maior. Isso para a gente demonstra o que a gente já vinha esperando há algum tempo, que é a retomada do crescimento do mercado imobiliário de Natal”, pontua.

Ele acrescenta que a valorização está diretamente ligada à procura. “Quando você tem baixa procura, os valores tendem a cair. Quando você tem uma procura maior, os valores tendem a subir. Então a gente entende que nós estamos em franca recuperação do mercado imobiliário natalense a partir deste ano de 2025, que a gente passou nos últimos 12 meses de 16º lugar para um 10º lugar nos primeiros seis meses. A gente ganhou seis posições em termos de valorização dentro das cidades pesquisadas”.

Tribuna do Norte

Nenhum comentário:

Postar um comentário