Apesar do aumento das
internações no ano passado, contudo, o Estado gastou menos do que em 2019, que
apresentou o recorde de custos no período analisado (os custos foram de R$ 8,7
milhões), seguido por 2021 (R$ 8,5 milhões) e 2020 (R$ 8,4 milhões). Em 2015 o
volume gasto foi de R$ 4,7 milhões. Em todo o País, o SUS contabilizou 1,8
milhão de internações por sinistros de trânsito, totalizando R$ 3,8 bilhões em
despesas hospitalares diretas em 10 anos.
As maiores vítimas são homens jovens, com idades entre 20 e 29 anos, e
motociclistas. De acordo com o cirurgião geral Ariano Oliveira, do setor de
traumas do Hospital Walfredo Gurgel, o perfil de vítimas do RN segue o mesmo
padrão. “Os processos de mobilidade atuais passaram a ser um problema, com uma
vulnerabilidade em razão do transporte, especialmente, o de alimentos, feito
por motocicleta. Por isso, na maioria das vezes, as motos estão envolvidas
nesses dados de expansão de acidentes”, avalia o médico.
A análise é semelhante à feita pelo especialista em trânsito Emerson Melo. Para
ele, no entanto, o problema vai além, uma vez que faltam capacitação e
regularização de muitos dos condutores que atuam como motoentregadores, os
quais, de acordo com o Código Brasileiro de Trânsito precisam de cursos
especializados para atuação. “Mas isso praticamente não é exigido. Além disso,
dados da própria Secretaria Nacional de Trânsito mostram que, no RN, mais de
50% dos condutores não têm habilitação ou essa habilitação não é adequada.
Faltam qualificação e fiscalização”, aponta o especialista.
O médico Ariano Oliveira afirma que os altos índices de internação por
acidentes no trânsito pressionam o sistema de saúde no RN, ainda concentrado no
Walfredo Gurgel, oneram os custos do poder público e aumentam o risco de
infecções hospitalares. “É preciso lembrar que no RN existe uma deficiência de
leitos ortopédicos e de linha de cuidado para as cirurgias de trauma. Isso faz
com que pacientes cheguem a ficar 20 ou 30 dias aguardando por uma cirurgia”,
descreve o ortopedista.
Segundo ele, o tempo de internação de uma pessoa vítima de acidente de trânsito
costuma passar de sete dias (tempo médio) para 15, fator que contribui para a
superlotação do sistema. O médico explica que os traumas cranianos são os mais
comuns em acidentes do tipo, mas não são os únicos. Fraturas de braços, pernas,
mãos e pés também são recorrentes, além de traumas torácicos.
“O tratamento varia de acordo com cada linha de cuidado, mas consiste,
sistematicamente, no suporte clínico (para respiração e circulação sanguínea) a
fim de se evitar quadros infecciosos”, fala. Já os cuidados específicos,
indica, vão depender do “segmento do corpo afetado” e podem envolver a chamada
fixação óssea.
O levantamento da Abramet e da Abramede aponta que, em todo o Brasil, as
vítimas que estavam em motocicletas no momento do acidente concentram mais de
60% de todos os casos de internação de 2015 a 2024. No ano passado, o número
chegou a 150 mil hospitalizações, mais do que o total somado de pedestres e
ciclistas no mesmo ano. Os pedestres formam o segundo maior grupo de vítimas
atendidas nas emergências por acidentes de trânsito, com 16% dos casos no
período.
Em seguida, aparecem os ciclistas e ocupantes de automóveis, ambos com 7% do
total de sinistros registrados entre 2015 e 2024. Além disso, do total de
internações no SUS nos últimos dez anos no País, 78% foram de pessoas do sexo
masculino, enquanto apenas 22% envolveram mulheres. Em relação à faixa etária,
o maior volume de hospitalização está entre os jovens de 20 a 29 anos, que
totalizaram cerca de 28% de todas as internações. As associações não divulgaram
os dados sobre o perfil das vítimas no RN.
Tribuna do Norte

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