Já a segunda declaração
conjunta foi feita em defesa do multilateralismo e do fortalecimento de ações
sustentáveis visando amenizar os efeitos danosos das mudanças climáticas para o
planeta.
Nos discursos feitos durante a
visita à China, Lula falou, em algumas oportunidades, sobre a guerra na
Ucrânia. O presidente brasileiro fez também críticas às ações de Israel na
Faixa de Gaza.
“A humanidade se apequena
diante das atrocidades cometidas em Gaza. Não haverá paz sem um Estado da
Palestina independente e viável, vivendo lado a lado com Israel. Somente uma
ONU [Organização das Nações Unidas] reformada poderá cumprir os ideais de paz,
direitos humanos e progresso social consagrados em 1945 pela Carta de São
Francisco”, disse Lula.
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Declarações
Na declaração conjunta sobre a
crise na Ucrânia, Brasil e China dizem acolher a proposta feita pelo presidente
da Rússia, Vladimir Putin, no dia 10 de maio, no sentido de abrir negociações
para a paz. Ao mesmo tempo, dizem acolher também a “manifestação positiva” do
presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, que, segundo o documento, busca o
mesmo objetivo de paz.
“Os governos do Brasil e da
China esperam que se inicie, no menor prazo possível, um diálogo direto entre
as partes, única forma de pôr fim ao conflito”, diz o documento ao avaliar
positivamente “os recentes sinais de disposição ao diálogo e manifestam sua
expectativa de que as partes possam alcançar um entendimento que viabilize o
início de negociações frutíferas”.
Na avaliação dos governos
brasileiro e chinês, é necessário encontrar uma solução política para a crise
na Ucrânia “em suas raízes, com vistas a um acordo de paz duradouro e justo,
que seja vinculante para todas as partes no final”.
Multilateralismo e
sustentabilidade
A segunda declaração assinada
por Brasil e China é mais abrangente e trata de temas diversos, entre os quais,
a busca por paz e estabilidade no Oriente Médio, o que inclui apoio ao Plano de
Recuperação, Reconstrução e Desenvolvimento de Gaza, adotado pela Liga dos
Estados Árabes em março de 2025.
Os dois países conclamam a
comunidade internacional a “promover a implementação contínua e eficaz do
acordo de cessar-fogo e a aliviar a crise humanitária em Gaza”, na busca por um
“encaminhamento definitivo para o conflito Israel-Palestina”.
Nesse sentido, os dois países
reiteram “apoio à solução de dois Estados, com um Estado da Palestina
independente, soberano e viável, vivendo lado a lado com Israel, em paz e
segurança, nas fronteiras de 1967, incluindo a Cisjordânia, a Faixa de Gaza, e
com Jerusalém Oriental como sua capital”, diz a declaração ao manifestar
“absoluto repúdio ao recurso ao terrorismo e a todos os atos de violência”.
Brasil e China declaram que
vão trabalhar de forma conjunta para defender o multilateralismo, salvaguardar
a equidade e a justiça internacionais, além de rejeitar o unilateralismo, o
protecionismo e a busca por hegemonia. Nesse sentido, defenderam um sistema
internacional mais justo e equitativo; e a solução pacífica de eventuais
controvérsias.
Reforma da ONU e China
unificada
A reforma do Conselho de
Segurança das Nações Unidas consta também do documento, sob o argumento de que
é necessário tornar a ONU mais democrática e representativa.
“A parte chinesa atribui
grande importância à influência e ao papel que o Brasil exerce em assuntos
regionais e internacionais e compreende e apoia a aspiração do Brasil de
desempenhar um maior papel na ONU, inclusive no seu Conselho de Segurança”, diz
o documento, que defende, também reforma abrangente da arquitetura financeira
internacional “para ampliar a influência dos países em desenvolvimento e sua
representação nas instituições financeiras internacionais”.
Já o Brasil reiterou que
“adere firmemente ao princípio de uma só China”, reconhecendo que “só existe
uma China no mundo e que Taiwan é uma parte inseparável do território chinês”.
Nesse sentido, o Brasil manifestou apoio aos os esforços da China “para realizar
a reunificação nacional pacífica”. Este trecho foi recebido com “grande apreço”
pela parte chinesa.
Guerra comercial e
desenvolvimento humano
O documento critica as
chamadas guerras tarifárias e comerciais [como implementado pelos Estados
Unidos após a posse de Donald Trump], afirmando que o protecionismo não
responde aos desafios atuais.
Além de defender o
fortalecimento da cooperação entre países do Sul Global, o documento pede que
todos países deem mais atenção a temas relacionados ao desenvolvimento humano,
em especial visando à redução da pobreza e em favor de medidas em prol da educação,
da saúde e do desenvolvimento sustentável.
Destaca também as parcerias
entre Brasil e China nas iniciativas e projetos que contemplam as áreas de
cooperação financeira, saúde, infraestrutura (rodoviária, ferroviária e
portuária), inteligência artificial, ciência, tecnologia e inovação, capacitação
de recursos humanos, meio ambiente, energias renováveis e transição ecológica e
setor naval.
Brasil e China defendem,
também de forma conjunta, uma governança global no espaço cibernético, bem como
o combate à desinformação na internet, de forma a “promover um ciberespaço que
seja aberto, seguro, estável, acessível, pacífico e interoperável”.
Outro ponto abordado pelos
dois países é a defesa de uma cooperação entre instituições de pesquisa
científica e empresas na área agrícola, com vistas a promover a inovação
tecnológica, incluindo biotecnologia e desenvolvimento social.
Agência Brasil

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