RIO – Formado na Academia Militar das Agulhas Negras (Aman), no Sul do Estado
do Rio de Janeiro, o coronel de artilharia do Exército Jean Lawand Júnior, de
51 anos, é citado em investigações da Polícia Federal (PF) como um dos militares do
alto escalão das Forças Armadas que incentivou uma tentativa de golpe de
Estado após a derrota do ex-presidente Jair Bolsonaro (PF) nas eleições
do ano passado.
Mensagens divulgadas pela revista Veja, na quinta-feira,
15, mostram Lawand cobrando tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de
Bolsonaro, que fosse colocado em prática um plano, em oito etapas, para que as
Forças Armadas assumissem o comando do País diante da derrota do ex-presidente
nas urnas.
“Cidão, pelo amor de Deus,
cara. Ele dê a ordem, que o povo está com ele (...). Acaba o Exército
Brasileiro se esses caras não cumprirem a ordem do Comandante Supremo”, afirmou
Lawand ao ex-ajudante de ordens de Bolsonaro por mensagem.
Subchefe do Estado Maior
do Exército, Lawand ingressou nas Forças Armadas em 1992, aos 20 anos, na Academia
Militar das Agulhas Negras, unidade em que Bolsonaro frequentou antes de
ingressar na política. Ele se graduou em Ciência Militares na academia de
preparação de oficiais, em Resende, e fez pós-graduação na Escola de
Aperfeiçoamento de Oficiais e pela Escola de Comando e Estado-Maior do Exército.
O coronel é citado em um Anuário Estatístico da Aman como um dos melhores
alunos da época. Lawand obteve a maior média entre todos os alunos que se
formaram em 1996.
Atualmente, Lawand ocupa um
dos postos mais altos das Forças Armadas. Antes, chefiou o
6º Comando de Mísseis e Foguetes (6º CFA) até dezembro de 2020, ainda como
tenente-coronel. Foi comandante do Corpo de Alunos da Escola Preparatória de
Cadetes do Exército (EsPCEx), em Campinas (SP), e foi o responsável pela
primeira turma de mulheres que ingressaram no local, em 2017, por determinação
da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), ainda em
2012. A lei previa que a EsPCEx e a Aman se adequassem em cinco anos.
Condecorado no governo
Bolsonaro
Durante o governo Bolsonaro, Lawand foi condecorado, em
março de 2021, no Quadro Ordinário do Corpo de Graduados Efetivos da Ordem do
Mérito Militar, honraria para militares, civis e instituições que tenham
prestado serviços relevantes à nação brasileira.
Como militar da ativa, o
coronel recebe uma remuneração de R$ 25,5 mil mensais. Segundo a Veja, Lawand foi destacado, em fevereiro, pelo
governo Lula para assumir o posto de representante militar em Washington, nos
Estados Unidos. A posse estava prevista para 2 de janeiro de 2024, mas, ainda
segundo a revista, o ministro da Defesa, José Múcio, deve cancelar a
promoção e avalia demitir o militar.
O Estadão procurou o coronel
Lawand, mas ainda não obteve retorno. À Veja, ele disse que Cid é seu amigo,
que conversavam amenidades e que não se recorda de nenhum diálogo de teor
golpista.
Estadão
Nenhum comentário:
Postar um comentário