A Comissão Parlamentar Mista
de Inquérito (CPMI) que investiga os atos golpistas de 8 de janeiro aprovou,
nesta terça-feira (13), os primeiros 223 requerimentos com solicitações de
informações e de oitivas de testemunhas envolvidas com as ações que tiveram
início após o segundo turno da eleição de 2022. Desses requerimentos, 35 são
para ouvir pessoas na condição de testemunhas. ![]()
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Entre as oitivas aprovadas,
estão a de Braga Netto, ex-ministro da Defesa do governo Bolsonaro, Augusto
Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Anderson
Torres, ex-ministro da Justiça e Segurança Pública e que ocupava a Secretaria
de Segurança do Distrito Federal no dia 8 de janeiro, além de Mauro Cid,
ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, e Jorge Eduardo Naime Barreto, coronel
responsável pelo Departamento Operacional da PM-DF.
A relatora da Comissão,
senadora Eliziane Gama (PSD-MA), opinou que as oitivas devem começar, na
próxima semana, por Anderson Torres e Mauro Cid.
“Vejo que são dois nomes que
têm uma relação muito direta com os fatos que se iniciaram no pós-eleição, a
partir de 30 de outubro, até o dia oito de janeiro. Os dois têm papel
fundamental e vejo que temos que iniciar por eles.”
Dos 39 nomes apresentados para
serem ouvidos pela CPMI, quatro não foram aprovados na sessão. São eles:
Gonçalves Dias, ex-ministro do GSI do atual governo; Ricardo Cappelli,
interventor da segurança pública do DF após os atos golpistas; Saulo Moura
Cunha, ex-diretor-adjunto da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) nomeado
pelo atual governo; e Flávio Dino, atual Ministro da Justiça e Segurança
Pública.
O deputado da oposição Marco
Feliciano (PL-SP) criticou a retirada desses nomes: “o general Gonçalves Dias,
aquele que deu água aos manifestantes lá dentro do GSI, o governo não quer que
o convoquemos aqui”.
Segundo a relatora, a retirada
dessas pessoas segue uma estratégia. “Temos uma lógica e organização
cronológicas. No plano de trabalho eu cito o Gonçalves Dias, como cito outras
personalidades que julgo importantes de serem ouvidas. Temos seis meses de
trabalho. Alguém que eventualmente não foi aprovado nessa primeira rodada será,
em uma segunda rodada, e tenho certeza que todos serão ouvidos pela Comissão”,
justificou Eliziane.
Requerimentos da oposição
A base governista, que tem
maioria na comissão, aprovou todos os requerimentos defendidos pela relatora da
CPMI. Em seguida, excluiu 63 requerimentos apresentados pela oposição, muitos
dos quais com conteúdo idêntico.
Entre os requerimentos
rejeitados, estavam o que pedia acesso ao teor das imagens de “todas as câmeras
do circuito interno do Ministério da Justiça e Segurança Pública”. Outro pedido
era para ter acesso às imagens do Itamaraty.
Havia ainda requerimento
pedindo acesso a todos os documentos que deram origem à viagem do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva à cidade de Araraquara (SP) no final de semana do dia
8 de janeiro, com planos de voos e de segurança da viagem.
Naquela data, Lula foi à
cidade paulista conferir os estragos provocados pela chuva no município.
Por trás desses pedidos, está a tese defendida pela oposição na CPMI de que o
governo federal teria se omitido durante o 8 de janeiro.
O deputado federal Filipe
Barros (PL-PR) criticou a rejeição, em bloco, desses requerimentos. “Esses são
requerimentos que nós da oposição estamos pedindo e o governo quer rejeitar. E,
pior de tudo, querem rejeitar de uma vez só. Então, nós queremos aprovar todos
esses requerimentos para que essa investigação seja uma investigação séria e
não tendenciosa”, afirmou.
Já deputado Rubens Pereira
Júnior (PT-MA) citou que vários requerimentos da oposição foram aprovados pela
maioria. “Nós votamos favoráveis a quatro requerimentos do deputado Marco
Feliciano. Ele virou base do Governo agora? Não. Quatro do deputado Nikolas
Ferreira nós votamos favoráveis. Não há essa história de que o governo está
rejeitando todo e qualquer requerimento da oposição”, argumentou.
Já o deputado Pastor Henrique
Viera (PSOL-RJ) defendeu que alguns requerimentos da oposição querem desviar o
foco dos trabalhos. “Nós queremos rejeitar requerimentos que fogem à lógica do
roteiro, fogem à lógica do plano de trabalho, desvirtuam um trabalho
investigativo e desviam o foco da verdade e do contexto anterior ao golpe”,
justificou.
Agência Brasil
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