O projeto de lei de
privatização dos Correios já foi aprovado na Câmara dos Deputados e é analisado
no Senado. Mas ele é contestado no Supremo Tribunal Federal (STF), onde
tramitam três ações diretas de inconstitucionalidade (ADI).
Para Bianco, a ADI 6635, de relatoria
da ministra Cármen Lúcia, é hoje a questão mais fundamental. Segundo o AGU,
essa ação argumenta a impossibilidade de desestatização da empresa tendo em
vista que ela prestaria um serviço público sujeito a regime de privilégio
exclusivo por força da Constituição Federal que diz no artigo 21, inciso X, que
compete à União manter o serviço postal e o correio aéreo nacional.
Segundo Bianco, a tese da
defesa do governo é que o dispositivo não impede que a União decida sobre a
forma de prestação de serviço postal. “Esse vocábulo manter não diz claramente
se eu tenho que manter por meio de uma empresa pública, mas sim que eu
mantenha. A União mantém, mas ela pode manter por meio de permissão e concessão
dos serviços públicos, não havendo, portanto, uma limitação para transferir o
serviço postal a particulares”, argumentou.
O advogado-geral também
destacou que o artigo 177 da Constituição Federal não elenca o serviço postal e
o correio aéreo nacional como monopólios da União.
Caso a desestatização seja
aprovada pelo Congresso Nacional, o ministro afirmou que o contrato de
concessão será regulado pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).
“Hoje nós não temos uma regulamentação por meio de agência. Então a gente ganha
em proteção, ganha em compliance e ganha a população também em todo esse
processo já que traremos mais transparência, mais universalidade e garantia de
prestação desse serviço”.
O presidente dos BNDES,
Gustavo Montezano, afirmou que os Correios têm potencial de ser não somente uma
empresa brasileira, mas também ter importância internacional. “Qualquer cidade
do Brasil que hoje é servida pelos Correios continuará servida. Não há qualquer
risco de desassistência. Não haverá aumento de preços de cartas, não haverá
piora de serviços. Muito pelo contrário: os preços podem até melhorar, haverá
melhora de serviços e a cobertura será mantida”, afirmou o executivo.
O estudo do modelo de
desestatização dos Correios é feito pelo BNDES.
Edição: Valéria Aguiar/AgenciaBrasil

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