sábado, 4 de outubro de 2025

Samanda Alves diz que o PT não age de cima para baixo

Eleita recentemente para a presidência estadual do PT, com mandato coletivo de dois anos – a outra metade cabe à deputada estadual Isolda Dantas, a vereadora Samanda Alves contesta afirmações do ex-senador Jean Paul Prates, de que as decisões partidárias estão concentradas nas mãos do chefe do Gabinete Civil, Raimundo Alves.

A vereadora também defende que o MDB indique o candidato a vice-governador numa chapa liderada pelo secretário da Fazenda, Cadu Xavier, como acredita na reversão dos índices de desaprovação da governadora Fátima Bezerra, que passa dos 60%, segundo os institutos de pesquisa de opinião pública, para alavancar sua pré-candidatura ao Senado Federal em 2026.

O ex-senador Jean Paul Prates afirmou que o PT vive uma “raimundocracia”, com decisões tomadas no gabinete. O partido reconhece que há centralização no processo de escolha de candidaturas?

O PT tem as suas instâncias internas de debate e tomadas de decisão. É óbvio que, hoje, a governadora Fátima Bezerra como filiada ao PT, está governando o Estado e é claro que o governo é ouvido, como o núcleo central do governo e como Raimundo Alves (chefe do Gabinete Civil), que hoje ocupa uma função importante no governo, é ouvido, mas não quer dizer que a opinião deles sejam impostas. Por exemplo, agora nesse processo de escolha do nome para suceder Fátima Bezerra, que apontou o nome de Cadu Xavier (secretário estadual da Fazenda), ouvimos e fomos fazer um debate. Primeiro, foi ouvido aquele que deveria ser, no nosso campo político, o candidato natural que seria o vice-governador Walter Alves (MDB), uma vez que ele se colocou que não seria candidato, assim como o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Ezequiel Ferreira (PSDB), que é um aliado nosso. Depois veio a discussão interna, consultar as bancadas federal e estadual. O governo apresentou uma proposta de nome, que nós ouvimos e fomos fazer um debate com a base. Nós fizemos seminários com o Cadu em todas as regiões do Estado, que foi muito bem aceito pela militância, e aí a gente anunciou que ele é o nosso pré-candidato.

Não foi muito cedo, lançar o nome de Cadu Xavier em fevereiro?

Mas se observar todas as forças políticas “estão já em 2026”. A gente costuma dizer que é uma eleição em comparação a outras eleições, foi muito antecipada.

Pesquisas eleitorais colocam Cadu abaixo dos dois dígitos, isso não pode levar a uma mudança de nome do PT para o governo?

Para quem não era conhecido em poucos meses, hoje, já tem pesquisa apontando perto dos dois dígitos, ainda mais quando as pessoas entendem que Cadu é o pré-candidato de Lula no Rio Grande do Norte. A gente sabe, olhando para as últimas eleições, o quanto o nome do presidente Lula traz um peso. A gente também confia que quando as pessoas entenderem que é o candidato de Lula, isso vai mudar. E ele está numa crescente.

Jean Paul diz que não houve discussão alguma sobre a pré-candidatura de Cadu Xavier ao governo e que as decisões estão sendo impostas “de cima para baixo”. Houve consulta real à base partidária ou essa crítica procede?

Eu atribuo essa colocação ao senador, por quem eu tenho muito respeito, mas estive com ele semana passada, afirmando para além do carinho pessoal que eu tenho com ele, mas o respeito que o partido tem, da importância dele de continuar no nosso partido, mas eu acho que há um processo de afastamento que ele teve, inclusive ocupou um espaço importante no plano nacional, mas a gente sentiu falta dele, agora nas eleições municipais e nas discussões que o partido vem travando. Inclusive, recentemente, na nossa posse na presidência do PT, nossos encontros e nesses encontros que levaram Cadu para todo o Estado. Talvez, em razão desse afastamento do plano local, ele tenha tido essa percepção que não é real.

Ao chamar o atual processo de “autoritário” e “sem debate”, Jean Paul sugere que o PT se distanciou de suas próprias origens democráticas. Como a senhora responde a essa acusação?

O partido acabou de sair do processo de escolha da presidência. Nenhum outro partido faz esse processo. Até no processo agora, eu cheguei a dizer que eu conheço o partido que já mudou de nome três vezes, mas a presidência é a mesma. O PT, nós tivemos aqui sete mil filiados que saíram das suas casas no domingo. No Rio Grande do Norte, foi o maior processo de eleições internas diretas do PT. Foi o maior da história tanto no Plano Nacional como aqui no Rio Grande do Norte. Discordo, veementemente, e acho que essa avaliação se dá em razão do ex-senador ter se distanciado um pouco da vida partidária do PT do Rio Grande do Norte.

O ex-presidente da Petrobras alega de ter sido ignorado mesmo após colocar seu nome à disposição para o Senado foi uma decisão política ou pessoal? porque o partido não o considerou ele chegou a discutir esse assunto?

Ele não colocou à decisão às instâncias, o ex-senador tem se pronunciado desde o início do ano passado através da imprensa e não é assim que o PT funciona. Um exemplo do quanto isso não é real. Raimundo Alves, que a gente considera sempre a opinião dele. Ele não queria que houvesse disputa aqui no Rio Grande do Norte, no processo de eleição do PT. Ele fez de tudo para a gente construir uma chapa de consenso, como foi na última eleição. E não foi possível e a gente não teve concordância e abriu divergência e nós tocamos a eleição. Então. Jean Paul nunca trouxe pra gente, a gente soube pela imprensa. Agora é tanto que tem espaço para diálogo que eu procurei o senador semana passada, eu fiz contato com ele e disse que queria conversar com ele, tinha acabado de tomar posse, participei das posses municipais que acabaram dia 14 de setembro e logo em seguida estava procurando ele para dialogar, porque vi que ele estava aqui no Rio Grande do Norte, então é um gesto de que o partido tem espaço para dialogar.

Caso o Jean-Paul decida sair do PT e disputar a eleição por outra legenda Isso reprende tua ameaça real a unidade à esquerda?

De forma alguma, o senador tem dito inclusive, que não pretende sair deste campo progressista e está havendo muitas conversas para poder fechar a chapa majoritária. Nós temos. além de governador, um espaço para vice-governador, são duas vagas para o Senado, uma será a nossa governadora Fátima Bezerra, mas tem uma segunda vaga e quatro suplências. Então, serão discutidas, preenchidas no diálogo com este campo progressista. Então, ele tem dito na imprensa, inclusive me disse, que saindo do PT irá para o partido deste campo, sairá de perto da gente, digamos assim, ou seja, mas estará no arco de discussão da montagem da chapa majoritária.

O ex-prefeito de Natal, Carlos Eduardo Alves, disse que a desaprovação da gestão Fátima Bezerra acima de 60% é por falha na comunicação, acha que isso pode ser revertido?

Acho que tem falhas nesse sentido, inclusive considerando isso, apresentamos na nossa eleição interna que para além da interiorização e do fortalecimento do PT no interior, também trabalharemos melhor a comunicação, estamos nos preparando para isso, porque quem tem as informações sobre o que o governo do Brasil está fazendo, não tem dúvida que ela foi a melhor governadora desse estado. Mas, enfim, se olhar para 2021, véspera das eleições de 2022, é fato também o índice de rejeição alto. E ela foi reeleita no primeiro turno. Quer dizer, estava com mandato, estava com rejeição, depois da pandemia, que beirava esses índices que estão colocados hoje. E ela foi reeleita no primeiro turno.

Alguns escritos apontam que o PT tenta imitar um poder de transição de estados como Ceará e Bahia, mas sem ter o mesmo capital político. O partido está subestimando as diferenças do cenário potiguar?

Porquê não? Porque o Piauí ficou com o PT por vários mandatos à frente do governo, o Ceará, a Bahia, não é porque a gente tem a vaidade de querer que o PT fique aqui por anos governando o estado do Rio Grande do Norte, mas é porque a gente tem feito e quando a gente olha para esses estados, a gente vê o quanto os estados estão desenvolvidos, ainda mais quando a gente tem um governo federal aliado. Olha o que Fátima passou, pegou o Estado, na situação que pegou, quatro folhas atrasadas, a falta da segurança como o Estado mais violento do Brasil. Olha o que a gente está entregando hoje.

Com o afastamento, praticamente da senadora Zenaide Maia (PSD), da aliança com o PT, quais os nomes estão na mesa de negociação para compor a chapa majoritária com Fátima Bezerra para o Senado?

Nós estamos ouvindo os partidos próximos, estive com o PV e com o PC do B, vou começar agora também uma rodada de diálogos com oito partidos que tem dialogado conosco – MDB, PDT, PV, PC do B, Cidadania, Rede e PSB. O PSOL não está nesse diálogo, mas ainda não declarou apoio.

O vice-governador Walter Alves já declarou que o MDB reivindica participação na chapa majoritária?
Eu defendo que o MDB indique o candidato a vice-governador, por entender que é a repetição de uma parceria que vem dando certo. Então, a gente espera que o MDB indique um vice, que não será figurativo, como o Walter Alves não é, porque é ouvido e participa de reuniões, não é figurativo.

A senhora acredita na reversão dese processo de cassação da vereadora Brisa Bracchi (PT) na Câmara Municipal de Natal?

A vereadora Brisa não cometeu nenhum ato ilícito, inclusive já se colocou à disposição dos órgãos de controle e seria uma cassação política. A gente espera que a Casa legislativa coloque o pé no chão, olhe para o comportamento da maioria dos vereadores com as suas emendas e veja que a vereadora Brisa não destoou, pelo contrário, de nenhuma ação dos vereadores aqui desta casa em especial aqueles que já vêm de outros mandatos.

Tribuna do Norte

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