“Temos acompanhado esse caso
por meio das notícias, mas até o momento nenhum caso com esse tipo de
intoxicação chegou até a Polícia Científica. Temos nossos métodos que são
capazes de detectar a substância, tanto em material bruto como em bebidas, como
no sangue. E também temos protocolos de estudo para esse tipo de substância,
tanto no pós-morte quanto no in vivo também. A partir do momento que há uma
suspeita do envolvimento desse tipo de substância, essa amostra pode ser
coletada caso o óbito já tenha ocorrido ou se a pessoa estiver viva ou
hospitalizada, por meio de exame de sangue”, destaca Cleildo Santana, perito
criminal da Polícia Científica do Estado.
Ainda segundo o perito
criminal, é importante que os usuários se certifiquem da qualidade e
procedência das bebidas a serem consumidas e fiquem atentos a eventuais
sintomas. “As recomendações são comuns para a percepção de mercadorias
falsificadas de maneira geral. Aquele tipo de produto que geralmente tem um
valor agregado bem alto, mas que por algum motivo é vendido a um preço muito
baixo, discrepante. É um fator de alerta. E no caso de consumo, preferir
estabelecimentos conhecidos, que se sabe que são idôneos”, disse.
Para o professor do
Departamento de Análises Clínicas e Toxicológicas e coordenador da Liga
Acadêmica de Toxicologia da UFRN, Herbert Sisenando, a academia tem acompanhado
o surgimento desses casos de intoxicação por metanol “com muita atenção e
cuidado”, especialmente diante do número de casos em um curto espaço de tempo e
da gravidade dos casos que ocorreram em São Paulo. O professor cita ainda que
“há o risco real de que situações semelhantes possam se espalhar para outras
regiões do país”.
“Até o momento, não há casos
confirmados de intoxicação por metanol em bebidas adulteradas no Rio Grande do
Norte em 2025, segundo informações oficiais. Apesar disso, temos que estar em
alerta, pois o risco de surgimento de casos devido à circulação de bebidas
adulteradas com metanol em outras regiões, como São Paulo, é real, e as
autoridades locais reforçam a vigilância e o cuidado”, declarou.
As medidas anunciadas pelo
Ministério da Saúde buscam reforçar a vigilância e a resposta a casos
suspeitos, especialmente em São Paulo, que está com seis casos confirmados e
dez em investigação, incluindo três óbitos.
O Ministério da Saúde informou
também que publicará uma nota técnica com orientações sobre sinais, sintomas
clínicos e demais informações para auxiliar na identificação de casos de
intoxicação, além de instruções aos profissionais de saúde sobre a administração
de antídotos para o metanol. A notificação pelo CIEVS será a base para as ações
de resposta a casos suspeitos.
Os casos apresentam padrão
inédito e diverso dos que eram, até então, registrados. As ocorrências de
intoxicação por metanol estavam, majoritariamente, associadas a pessoas em
extrema vulnerabilidade ou população em situação de rua, principalmente após ingestão
de álcool em postos de gasolina adulterados com a substância.
No entanto, a partir do início
do mês de setembro, em um curto intervalo de tempo, os pacientes intoxicados
apresentaram histórico de ingestão recente de bebidas alcoólicas destiladas em
cenas sociais de consumo alcoólico, incluindo bares e com diferentes tipos de
bebida, como gin, whisky, vodka, entre outros.
Diante do caráter inédito da
situação, o Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) ressalta a
possibilidade de existirem casos ainda não notificados, que seguem sob
investigação e aguardam confirmação laboratorial.
A intoxicação por metanol é
uma emergência médica de extrema gravidade. A substância, quando ingerida, é
metabolizada no organismo em produtos tóxicos (como formaldeído e ácido
fórmico), que podem levar ao óbito.
Tribuna do Norte
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