terça-feira, 30 de setembro de 2025

Curso de capacitação ensina tecnologia a aposentados do Tribunal de Justiça

Servidores e magistrados aposentados do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte (TJRN) estão participando do curso “Conectados com o Mundo Digital”, que promove o letramento digital e busca atualizar os idosos em relação às novas tecnologias, além de desmistificar receios comuns e incentivar a inclusão digital no cotidiano. A ação é realizada pela Escola da Magistratura do RN (Esmarn) junto com o Núcleo de Atendimento aos Aposentados do TJRN.

Durante as aulas, os aposentados aprendem a lidar com o uso básico e intermediário do celular, entendendo funcionalidades essenciais para o dia a dia. São abordadas questões fundamentais de segurança digital e prevenção contra fraudes, além de ensinamentos práticos sobre como utilizar aplicativos como WhatsApp, redes sociais como Facebook e Instagram, serviços bancários digitais e o sistema de pagamentos via Pix.

O conteúdo também inclui orientações sobre como pedir transporte por aplicativos, fazer pedidos de delivery, realizar compras pela internet, usar ferramentas úceis para facilitar a rotina e explorar opções de entretenimento digital. Outro destaque do curso é a introdução ao uso de inteligência artificial, com foco no ChatGPT.

Ao longo das aulas, o professor acompanha cada participante de forma personalizada, prestando suporte individual e esclarecendo dúvidas de acordo com os conteúdos apresentados em cada etapa. A proposta é garantir que os alunos se sintam confiantes, confortáveis e capazes de utilizar a tecnologia com autonomia.

Segundo Silvanna Rocha, coordenadora do Núcleo de Atendimento ao Aposentado do TJRN, o curso surgiu a partir da percepção das demandas reais enfrentadas pelos servidores aposentados. A ação foi criada no ano passado por meio da Resolução nº 12/2024, com o objetivo de valorizar aqueles que contribuíram para a construção da história do Judiciário norte-rio-grandense. “Os aposentados têm muita dificuldade em tarefas básicas, como ligar um celular ou utilizar o WhatsApp. Ao identificarmos essa carência, surgiu a ideia de desenvolver um curso voltado à inclusão digital”, explica.

As aulas são semanais e realizadas duas vezes por semana. Silvanna destaca ainda que a proposta é promover independência para que os aposentados possam realizar tarefas simples do dia a dia sem depender de familiares. “A pretensão é que eles se tornem mais independentes. Que consigam, por exemplo, pedir um Uber ou um iFood sozinhos, sem depender dos filhos”, exemplifica.

A oficial de justiça aposentada, Genilda Santos de Medeiros, está aposentada desde 2013 e fica ansiosa para o dia do curso: “Estou chegando geralmente uma hora antes, naquela ansiedade de ter logo a aula. É muito esclarecedor. Muita coisa que a gente está descobrindo. Muita novidade sobre os recursos do celular que eu desconhecia”, conta.

Ela conta que se sentia ultrapassada e tinha dificuldades em atividades básicas do dia a dia com a tecnologia. “Eu me sentia meio perdida, meio do século passado. O curso está esclarecendo muito para mim e para os colegas”. A sensação de valorização também é destacada por ela: “É uma atitude excelente que o tribunal teve para conosco, os aposentados. Não esqueceu da gente”.

O que para muitos pode parecer uma tarefa simples do dia a dia, para alguns aposentados ainda representa um desafio. Genilda Santos compartilhou uma das descobertas que mais a surpreenderam durante o curso: “Eu achava que, para passar um áudio, tinha que ficar segurando o botão. Mas não… Uma coisa simples, o professor ensinou: é só deslizar para cima. Eu nunca tinha aprendido isso”, contou.

As dificuldades com comunicação digital não param por aí. Ela também não conseguia assinar o nome em listas no WhatsApp: “Eu descobri como colar, copiar, anexar uma lista. Colocar o meu nome numa lista. Eu não sabia, aprendi aqui”.

“Há algum tempo, se tinha a ideia de que o aposentado sentava numa cadeira e esperava a morte chegar. Hoje já não é assim. Hoje há aposentados novos. Eles ainda têm muita coisa para acrescentar ao mundo. E essa é a nossa ideia: que eles se atualizem e que coloquem a experiência deles para outras pessoas”, disse a coordenadora do núcleo Silvanna Rocha.

Atualmente, o curso conta com uma turma formada por 12 participantes, com atividades previstas até o dia 10 de novembro. As aulas são ministradas pelo engenheiro de produção Ramon de Figueirêdo, especialista em consultoria empresarial.

Tribuna do Norte

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