"O Brasil vai liderar
pelo exemplo e se tornar o primeiro país a se comprometer com investimento no
fundo de US$ 1 bilhão", disse Lula, convidando parceiros e outros
países presentes ao evento a apresentarem "contribuições igualmente ambiciosas"
para que o TFFF possa entrar em operação na Conferência das Nações Unidas sobre
Mudanças Climáticas (COP30), marcada para novembro, em Belém.
Antes de anunciar o valor de
aporte, o presidente Lula destacou a importância do fundo para o mundo e, em
especial, para o Sul Global.
"O TFFF vai mudar o papel
dos países de florestas tropicais no enfrentamento da mudança do clima por
meio de incentivos econômicos reais", disse Lula, destacando que o fundo
foi construído com apoio do Banco Mundial, consultas com sociedade civil,
povos indígenas e comunidades locais.
"O TFFF é um mecanismo
para preservar a própria vida na Terra. As florestas tropicais prestam serviços
ecossistêmicos essenciais para regulação do clima. Abrigam as maiores reservas
de água doce do mundo, protegem o solo, armazenam oxigênio e absorvem gás
carbônico."
"Não haverá solução
possível para as florestas tropicais sem o protagonismo de quem vive
nelas", destacou.
De acordo com Lula, os aportes
poderão ser feitos por qualquer país e vão alavancar um fundo misto cujos
dividendos serão repartidos anualmente entre os investidores e os países
que mantiverem suas florestas em pé.
Como vai funcionar
A previsão é que o instrumento
seja oficialmente lançado na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças
Climáticas (COP30), em Belém; mas até novembro, a iniciativa propõe reunir US$
25 bilhões, com investimentos de capital júnior por países investidores. A
ideia é que o aporte seja um atrativo para alavancar o capital sênior da
iniciativa privada e uma capacidade de reunir US$ 125 bilhões a serem
investidos na conservação das florestas tropicais.
“Além do Brasil e demais
países de floresta amazônica aqui na América Latina, estamos falando de países
da África, Gabão, Congo e, a partir daí, se espera que possa haver uma
remuneração média por hectare de floresta preservada ao ano”, detalha a conciliadora
da Coalizão Brasil e diretora de políticas públicas da The Nature Conservancy
Brazil, Karen Oliveira.
Na avaliação do diretor de
políticas públicas da Conservação Internacional (CI-Brasil), Gustavo Souza, em
uma escala regional, esses aportes podem representar um recurso de investimento
anual de US$ 2 bilhões na Amazônia, por exemplo. “A gente tem um gap
[lacuna] de financiamento na Amazônia de US$ 7 bilhões ao ano. Nos
últimos 10 anos, a gente conseguiu, através da ajuda do desenvolvimento
internacional, filantropia e setor privado, uma ordem de 10% desses US$ 7
bilhões, cerca de US$ 600 milhões ao ano. É muito pouco”, explica.
Com o TFFF, esses valores
triplicariam os investimentos para que a conservação florestal não seja vencida
por modelos de desenvolvimento predatórios. “Então isso dá uma capacidade para
os países detentores de florestas tropicais conseguirem preservar e manejar
suas florestas no longo prazo”, reforça.
Idealizado pelo governo
brasileiro e lançado em 2023, o TFFF foi anunciado em Dubai, pelo presidente
Lula, durante a COP28, e já conta com o apoio de cinco países com florestas
tropicais (Colômbia, Gana, República Democrática do Congo, Indonésia e Malásia)
e outros cinco potenciais investidores (Alemanha, Emirados Árabes Unidos,
França, Noruega e Reino Unido).
Com o Brasil saindo na frente,
analistas ambientais avaliam que cresce a possibilidade de esses países darem
força à iniciativa. “É notícia de que a China, a Noruega, o Reino Unido,
os Emirados Árabes, entre outros países, também estão comprometidos em
fazer aportes iniciais para que o fundo possa realmente ser anunciado durante a
COP30 e iniciar a sua implementação”, afirmou Karen Oliveira.
Agência Brasil

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