Em entrevista à jornalista
Mônica Bergamo, do jornal Folha de S.Paulo, Barroso evitou descartar qualquer
cenário. “Eu, às vezes, tenho a sensação de já ter cumprido o meu ciclo e, às
vezes, tenho a sensação de que ainda poderia fazer mais coisas. Estou pesando
todos esses fatores”, explicou.
O ministro ressaltou que a
saída do STF é “uma possibilidade, mas não uma certeza”. Barroso negou, porém,
estar sendo impelido pela recente pressão dos Estados Unidos sobre o Supremo
por conta da condenação do ex-presidente da República Jair Bolsonaro
O magistrado disse não ter
tido confirmação de que teve visto norte-americano cancelado. “Eu tenho
preocupação, mas isso não tem nada a ver com ficar ou sair [do STF]”, pontuou.
Barroso evitou comentar se o
STF poderia atuar para impedir que um banco suspenda as contas bancárias de
ministros que sejam alvos de sanções pela Lei Magnitsky, como é o caso de
Alexandre de Moraes.
“Esse problema ainda não se
colocou. Então, eu não gostaria de lidar com esse problema em tese”, destacou
Barroso. “Devemos enfrentar essa situação com os EUA com altivez, mas sem
bravata”, acrescentou.
Sobre a condenação de
Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado, Barroso opinou que a estratégia de
defesa e de aliados errou ao adotar postura de confronto com o relator e
imediatamente discutir a anistia. “O papel de dar anistia é uma competência
política do Congresso, mas é inaceitável cogitar uma anistia antes, durante ou
imediatamente após o julgamento”, argumentou.
O ministro negou ainda ter
discutido com o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, a
possibilidade de assumir alguma embaixada. “Nunca foi aventada a hipótese de eu
ir para uma embaixada”, garantiu.
Ao relembrar o voto favorável
à prisão de Lula em 2018, Barroso admitiu que “absolutamente” se arrepende da
decisão, embora tenha justificado: “Note-se bem que aquele era um momento que
não havia as suspeições que depois vieram a ser levantadas sobre a Lava Jato. E
portanto eu apliquei ao presidente Lula, com dor no coração, a jurisprudência
que eu tinha ajudado a criar.”
Estadão Conteúdo
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