“Eu não vou abrir mão de achar
que a gente precisa procurar construir uma moeda alternativa para que a gente
possa negociar com os outros países. Eu não preciso ficar subordinado ao
dólar”, afirmou o presidente brasileiro.
Apesar de os EUA não citarem
diretamente a substituição do dólar no comércio global como motivo para taxação
do Brasil, analistas têm apontado que essa proposta em discussão no Brics está
por trás da ação de Donald Trump.
Durante a Cúpula do Brics, no
Rio de Janeiro (RJ), entre 6 e 7 de julho, Trump fez críticas ao bloco e prometeu retaliar países
que substituam o dólar no comércio. O uso do dólar como moeda internacional
concede uma vantagem competitiva para os EUA na economia global.
Em convenção do Partido dos
Trabalhadores (PT), em Brasília, Lula destacou que o Brasil não quer
desafiar os EUA, mas que o país tem interesses estratégicos que precisa
defender. O presidente afirmou que o Brasil não é uma “republiqueta” e que
quer negociar em igualdade de condições.
“Os EUA são muito grande, é o
país mais bélico do mundo, é o país mais tecnológico do mundo, é o país com a
maior economia do mundo. Tudo isso é muito importante. Mas nós queremos ser
respeitados pelo nosso tamanho. Nós temos interesses econômicos e estratégicos.
Nós queremos crescer. E nós não somos uma republiqueta. Tentar colocar um
assunto político para nos taxar economicamente é inaceitável. É inaceitável”,
avaliou.
Lula fez referência às
críticas dos EUA ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro por tentativa de
golpe de Estado, um dos motivos apontados por Trump para taxar o Brasil.
Relações diplomáticas
O presidente brasileiro, por
outro lado, acrescentou que o governo segue aberto a negociações com os EUA e
que, apesar de o país norte-americano não ter mais a mesma importância
econômica que já teve para o Brasil, as relações diplomáticas devem ser preservadas.
“O Brasil hoje não é tão
dependente como já foi dos Estados Unidos. O Brasil tem uma relação comercial
muito ampla no mundo inteiro. A gente está muito mais tranquilo do ponto de
vista econômico. Mas, obviamente, que eu não vou deixar de compreender a importância
da relação diplomática com os Estados Unidos, que já dura 201 anos”, afirmou.
Lula disse ainda que o governo
vai trabalhar para defender as empresas e os trabalhadores afetados pelo
tarifaço enquanto deixa a porta aberta para negociações com a Casa Branca.
“Vamos dizer o seguinte,
‘olha, quando quiser negociar, as propostas estão na mesa. Aliás, já foram
apresentadas propostas pelo [vice-presidente] Alckmin e pelo [ministro das
relações exteriores] Mauro Vieira. Então, é simplesmente isso”, finalizou.
Negociações
Após a formalização do
tarifaço, a Secretaria de Tesouro dos EUA entrou em contato com o Ministério da
Fazenda para iniciar negociações. Na última sexta-feira (1º), o
presidente Donald Trump disse que está disposto a conversar com o
presidente Lula.
Segundo Haddad, o governo deve
anunciar, nos próximos dias, um pacote de medidas com linhas de crédito para
empresas afetadas pelo tarifaço de Trump.
Agência Brasil

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