sexta-feira, 8 de agosto de 2025

Governo e Tribunal de Justiça lançam Plano Estadual de Políticas Penais

O Governo do Rio Grande do Norte e o Tribunal de Justiça do Estado lançaram, nesta quinta-feira (7), o Plano Estadual de Políticas Penais. A iniciativa representa a adesão formal do Estado ao Pena Justa, plano nacional coordenado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) que visa resolver os problemas do sistema penitenciário brasileiro. A solenidade de lançamento ocorreu no auditório da Governadoria. A expectativa é que a implementação de todas as 300 metas seja alcançada até 2027, prazo definido pelo judiciário.

O plano estadual é uma resposta à determinação do Supremo Tribunal Federal (STF), que, em outubro de 2023, no julgamento da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental 347 (ADPF 347), reconheceu que o sistema prisional do país viola de forma sistemática os direitos humanos. Entre os principais problemas apontados estão a superlotação, infraestrutura precária, falhas na assistência à saúde, alimentação deficiente, tortura, e permanência de presos por tempo superior ao da condenação.

“É uma resposta estrutural que o Estado do Rio Grande do Norte está dando, com o objetivo e o compromisso de reformar o sistema prisional, de garantir as condições adequadas para os privados de liberdade e reduzir exatamente a superlotação”, declarou a governadora Fátima Bezerra. O documento prevê quatro eixos: controle da entrada e das vagas do sistema prisional; qualidade da ambiência dos serviços prestados e da estrutura prisional; processos de saída da prisão e da inserção social; e políticas de não repetição do estado de coisas inconstitucional no sistema prisional.

A elaboração do plano estadual foi coordenada em conjunto pela Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) e pelo Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte. “É um plano amplo, com mais de 300 metas a serem atingidas. Todas as ações que envolvem a melhoria da estrutura física, do aparelhamento e tudo aquilo que está ligado a violações encontram lugar dentro dessas metas. O STF deu três anos, a partir da homologação, para que ele seja implementado”, explicou Helton Edi, secretário estadual da Administração Penitenciária (Seap).

O plano estadual também prevê medidas voltadas ao acompanhamento de egressos do sistema prisional, ao combate às facções criminosas que atuam dentro das unidades e à adoção de mecanismos de controle sobre o número de presos em cada unidade. Apesar de cada estado ser responsável pela própria formulação do plano, as diretrizes devem seguir o padrão do programa nacional.

A vice-presidente do Tribunal de Justiça do RN, desembargadora Berenice Capuxu, explicou que a atuação é conjunta. “Esta cogestão é, na verdade, uma soma de esforços de dois poderes, no enfrentamento de um problema social que escala de maneira exponencial e desafia os organismos públicos, qual seja a crescente população carcerária e seus desdobramentos na segurança e na defesa social”, afirmou na assinatura da implementação do Pena Justa.

Para o presidente da Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do RN, desembargador Glauber Rêgo, apesar dos avanços, os desafios persistem e devem ser superados. “Temos problemas de superlotação, problemas estruturais, os mais variados possíveis, que justificaram a declaração do estado de coisas inconstitucional no sistema penitenciário brasileiro. A prioridade agora é cumprir o plano. Espera-se que as metas traçadas no plano estadual sejam alcançadas, melhorem e muito o nosso sistema penitenciário”, defendeu.

Na visão do presidente da Ordem dos Advogados do Brasil no RN (OABRN), Carlos Kelsen, a iniciativa representa um avanço significativo. “É um sistema que precisa de muitas melhorias. A parte mais importante do plano é a ideia de um planejamento olhando para o futuro, reconhecendo os defeitos, as qualidades e uma ideia de aprimoramento. Humanizar o sistema. É um grande fortalecimento para o sistema, para a sociedade”, considerou.

Tribuna do Norte

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