Essa mudança sucede um período mais longo de estabilidade com bandeira verde, vigente desde dezembro de 2024. Segundo a Aneel, a transição do período chuvoso para o seco reduziu significativamente o volume de água nos reservatórios, o que exigiu o acionamento de fontes alternativas e mais onerosas. “Esse quadro eleva os custos de geração de energia, devido à necessidade de acionamento de fontes mais caras, como as usinas termelétricas”, informou a agência.
O aumento da tarifa de energia
é visto com preocupação pelo setor de comércio e serviços. O presidente da
Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do RN (Fecomércio RN),
Marcelo Queiroz, afirma que os reajustes são vistos com apreensão pelo empresariado.
“Embora seja uma medida
sazonal, aumenta o custo da energia elétrica e afeta tanto as empresas quanto
as famílias, que acabam direcionando maior parte de sua renda para despesas
essenciais e perdem poder de compra”, avalia. “Temos sempre dois lados: as empresas
podem repassar parte desse custo ao consumidor final, havendo um aumento dos
preços; já as famílias, que privilegiam gastos essenciais em detrimento de
outras despesas, também podem ficar mais cautelosas e reduzir o consumo”,
acrescenta Queiroz.
O impacto das oscilações no
custo da energia é ainda mais significativo para as pequenas e médias empresas,
segundo Marcelo Queiroz. Ele destaca que, por operarem com margens de lucro
mais estreitas e menor poder de negociação, essas empresas se tornam particularmente
vulneráveis às variações no preço do insumo, mas ressalta que todas elas são
afetadas, independentemente do porte.
Diante desse cenário, a
Fecomércio RN recomenda que os empreendedores monitorem de forma constante o
consumo de energia e avaliem medidas para redução do uso. “As fontes
alternativas podem ser uma saída para minimizar os impactos das tarifas de
energia. Uma delas é a migração para o mercado livre de energia, opção já
disponível desde 2024, ou o uso da energia solar”, considera.
Impacto generalizado
Para o economista e
conselheiro do Conselho Regional de Economia (Corecon-RN), Helder Cavalcanti, o
impacto é generalizado. “A energia elétrica está na composição da cadeia
produtiva da grande maioria dos produtos e serviços que a sociedade consome na
sua rotina, desde a geração até o transporte e venda dos produtos. As famílias
de baixa renda são beneficiadas pela tarifa social nas suas faturas de energia,
contudo terá reflexos, como toda sociedade, nos produtos e serviços que sofrem
impactos diretos, visto que a energia elétrica está presente, seja no
transporte, medicamentos, alimentação e demais serviços”, afirma.
Diante do cenário, Helder
Cavalcanti defende a adoção de práticas de consumo consciente por parte da
população, como forma de reduzir a dependência das termelétricas, cuja
utilização onera ainda mais o custo final da energia. Entre as principais ações
estão as substituições de lâmpadas incandescentes por modelos LED e a atenção
às borrachas das geladeiras que, se desgastadas, comprometem o rendimento do
equipamento. Cuidados simples como desligar as lâmpadas ao sair do ambiente e
usar o chuveiro elétrico na posição “verão” também são recomendados.
“As concessionárias de energia
elétrica desenvolvem programas de eficiência energética, oferecendo incentivos
e orientações práticas à sociedade de como consumir energia elétrica de forma
consciente e econômica nas suas atividades e rotinas. A verificação do bom uso
dos equipamentos deve ser uma rotina”, orienta o economista e conselheiro do
Corecon-RN.
Indústria
Na avaliação de Roberto
Serquiz, presidente da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do
Norte (Fiern), a bandeira vermelha também tem impacto direto nas indústrias.
“São consequências para o custo da produção comprometendo o poder aquisitivo. Já
referente à migração para alternativas de geração de energias que minimizem o
impacto da conta, elas recebem cada vez mais adesão do setor industrial”,
afirma.
Tribuna do Norte

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