A principal concorrente de
Fátima Bezerra é a senadora Zenaide Maia (PSD), que é vice-líder do governo
Lula naquela Casa, enquanto em todas as pesquisas de intenções de votos
divulgadas até hoje, o senador Styvenson Valetim (PSDB) aparece com folgada liderança.
Em 2018, Zenaide Maia elegeu-se para o primeiro mandato na coligação que elegeu
Fátima Bezerra para chefe do Executivo estadual, porém, as divergências
políticas entre as duas começaram em 2024, depois que a candidatura de
reeleição do então prefeito do PT em São Gonçalo do Amarante, Eraldo Paiva,
perdeu o pleito para o marido de Zenaide, Jaime Calado (PSD).
No eventual acirramento pelo segundo voto para o Senado, Zenaide Maia tenta
atrair o apoio do prefeito de Mossoró, Allyson Bezerra (União Brasil),
pré-candidato a governador e opositor de Fátima Bezerra e do presidente Lula.
A refrega política entre Fátima e Zenaide ganhou novos contornos depois do dia
11, quando em visita a Pau dos Ferros, a governadora sugeriu o nome da reeleita
prefeita Marianna Almeida, que é do mesmo partido da senadora, para ser
companheira de chapa de Cadu Xavier, o secretário estadual da Fazenda, já
lançado pré-candidato do PT a governador em 2026.
Zenaide vai tentar reeleição |
Foto: Saulo cruz/agência senaado
Já na quinta-feira (24), Zenaide apressou-se a postar fotos nas redes sociais
ao lado da prefeita Marianna Almeida, reafirmando a “sólida” parceria pelo
desenvolvimento do município do Oeste potiguar. “É uma grande parceria que veio
para ficar”, dizia a senadora.
“A senadora Zenaide Maia é uma parceira e amiga do povo de Pau dos Ferros.
Muitos dos avanços que já conquistamos em nosso município garantiram a
efetivação de políticas públicas importantes para nossas pessoas”, declarava a
prefeita, que é presidente do PSD Mulher no Rio Grande do Norte.”
Frente
Para o presidente estadual da Frente Brasil da Esperança (PT/PC do B/PV),
ex-vereador Milklei Leite, o distanciamento da senadora pessedista não deve
afetar o desempenho eleitoral de Lula no Rio Grande do Norte: “O perfil dela
sempre foi mais à esquerda e apoiando Lula, esse afastamento tem relação direta
com a vaga para o Senado Federal enxergando o segundo voto, quem vota no
senador Styvenson Valentim (PSDB) pode votar nela, mas quem vota nele, não vota
em Fátima”.
Milklei Leite acha que essa distensão política “pode afetar o eleitorado dela,
mas para Lula eu acho que não interfere, porque ela sempre apoiou o Lula, a
questão é mais local no voto de Senado”.
Leite acredita que a senadora continuará pedindo voto para Lula – “a não ser
que apareça alguma coisa extraordinária”, porque “se mudar radicalmente quem
passou a vida toda com opinião e uma fala voltada para as minorias, para o
público dos programas sociais, enfim, depois mudar, vai perder o eleitorado
dela”.
Finalmente, o dirigente da Federação PT/PC do B/PV diz que “até o eleitorado
dela já vota em Lula, independente da posição política que tomar, porque é uma
classe social que ela sempre defendeu, a questão da área de saúde, povo mais
humilde que gosta dela, mas que tendencialmente pode votar em Lula”.
Desafios
Presidente estadual do PT até agosto, o ex-deputado estadual Júnior Souto disse
que “sem dissimulações temos uma disputa para o Senado Federal bem
desafiadora”.
Segundo Júnior Souto, garantir uma vaga no Senado para o PT “trata-se de uma
prioridade em razao do papel estratégico que essa Casa vem cumprindo e deverá
crescer em importância progressivamente”.
Souto relata que “nesse contexto as candidaturas da governadora Fátima Bezerra
(PT) e de reeleição da senadora Zenaide Maia (PSD) corresponderiam,
precisamente, a uma concepção tática de disputa politica com a extrema direita
em defesa do projeto de reconstrucao do pais que vem sendo realizado
concretamente pelo Governo federal sob a liderança de Lula”.
Para Souto, nesse sentido a senadora Zenaide Maia “tem mantido uma postura
merecedora de justos reconhecimentos pelo compromisso invariável com as pautas
do nosso governo”. Porém, admite o dirigente do PT, “é fato que tivemos um duro
enfrentamento nas ultimas eleições em São Gonçalo”.
Souto confia que “considerando todas as evidencias de que temos capacidade
política, experiencia e lucidez sobre a natureza da disputa com a direta
extrema e os riscos que isso representa para o presente e o futuro do pais ,
haveremos de levar ao limiteos esforços construir um projeto vitorioso para
Governo e Senado”.
“Sabemos também que as negociações no plano nacional orientarão sempre que
possível as composições estaduais”, completou, para adiantar que “não há
dificuldades em observar que o ambiente eleitoral ja foi antecipado em boa
medida, contudo é cedo para definições últimas, até porque mudanças
conjunturais ocorrem a todo o tempo reconfigurando cenários, alimentando
expectativas e impulsionando tendências, temos candidatura própria (Cadú
Xavier) ao Governo crescendo em competitividade e cercada de otimismos”.
O olhar político e eleitoral sobre o Rio Grande do Norte está inserido dentro
deste contexto. Da mesma forma se comportam aqui os representantes dessas
forças. Porém, com um objetivo adicional: desestabilizar também o projeto
político liderado pela Governadora Fátima Bezerra.
Diálogo
Já o presidente estadual do PC do B, Divanilton Pereira, destacou que Lula e
Fátima Bezerra foram eleitos com uma ampla frente política, mas “como toda
concertação, requer capacidade de diálogo, respeito aos legítimos interesses de
quem a integra e um projeto que os unifique.
Na avaliação de Pereira, a governadora do Estado e o seu vice, Walter Alves,
“têm liderado esse processo com convicção, parcimônia e respeito ao programa
que os orientam”.
Nessa direção, continua Pereira, “consideramos que as especulações, diálogos diversos e plurais, fazem parte dessa fase. Ainda estamos a mais de um ano para as eleições e, portanto, nem todas as variáveis estão dadas, muitas águas passarão ainda por debaixo da ponte”.
Assim, Pereira considera “uma precipitação” afirmar que a base do presidente
Lula sairá dividida no próximo ano: “Existem arranjos diversos e novas
condições objetivas que podem garantir a atual unidade, inclusive aqui no Rio
Grande do Norte”.
“Em nosso estado, por exemplo, a atual senadora Zenaide Maia, atual vice-líder
do Governo Lula e eleita juntamente com a atual governadora, tem uma trajetória
e uma ação parlamentar identificada com a causa democrática, a soberania
nacional e social. Um perfil que mais nos aproximam do que nos distanciam”.
Lideranças temem desagregação
no Nordeste
A base de Lula na região
Nordeste ainda enfrenta dificuldades na Paraíba, onde o governador João Azevêdo
(PSB) tende a sair do cargo para disputar o Senado, o vice-governador Lucas
Ribeiro (PP), sobrinho do deputado federal Aguinaldo Ribeiro (PP) e filho da
senadora Daniella Ribeiro (PP), deve assumir o governo em abril e tende a ser
candidato à reeleição, mas e, âmbito nacional, o PP deve apoiar uma candidatura
de oposição a Lula.
Já o presidente da Assembleia da Paraíba, Adriano Galdino (Republicanos),
pretende sair candidato a governador com apoio de Lula: “Me preocupo porque,
dos pré-candidatos a governador, só eu faço uma defesa de Lula. Os demais ou
são bolsonaristas ou são enrustidos e não se declaram, ficam em cima do muro”,
diz Galdino, aliado do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB).
O governador do Maranhão, Carlos Brandão (PSB), deve ficar no cargo até o fim
do mandato, impedido a investidura do ice Felipe Camarão (PT), que poderá ser
candidato ao governo sem a máquina na mão.
Acordo de 2022 previa que Brandão, como apoio ministro do STF (Supremo Tribunal
Federal) Flávio Dino, sairia para o Senado e o vice na disputa pelo governo.
Brandão e Dino se afastaram e o atual governador maranhense tem costurado o
nome de seu sobrinho e secretário estadual Orleans Brandão (MDB) para
substitui-lo no cargo.
Em Pernambuco, o PT deve apoiar a candidatura do prefeito do Recife, João
Campos (PSB). Como o prefeito preside o PSB nacional, colocará Pernambuco como
prioridade do partido em contrapartida ao apoio da legenda à reeleição de Lula.
Mesmo assim, há alas do partido que apoiam dois palanques para Lula, se houver
disposição da governadora Raquel Lyra (PSD) em apoiar o presidente. A
prioridade do partido em Pernambuco é reeleger o senador Humberto Costa (PT),
segundo o presidente eleito do PT de Pernambuco, deputado federal Carlos Veras,
independente da posição em relação à disputa para o governo.
Na Bahia, há possibilidade de o PT rifar o senador Ângelo Coronel (PSD) e
lançar uma chapa puro-sangue com os ex-governadores petistas Rui Costa e Jaques
Wagner —atual senador— como candidatos ao Senado na coligação encabeçada pelo
governador Jerônimo Rodrigues, candidato à reeleição.
No Ceará, o entorno do ministro Camilo Santana (PT) trabalha para manter a
unidade do grupo político, pois há cinco pré-candidatos ao Senado. O temor é
que eventuais cisões prejudiquem as campanhas à reeleição de Lula e do
governador Elmano de Freitas.
Em Sergipe, o governo Lula quer atrair o apoio do governador Fábio Mitidieri
(PSD), mas o gestor tem veto a uma eventual presença do senador Rogério
Carvalho (PT) na sua chapa. A disputa acirrada pelo governo sergipano em 2022,
protagonizada pelos dois, deixou sequelas. O chefe do Executivo sergipano é
próximo do ministro da Secretaria-Geral, Márcio Macedo (PT).
No Piauí, o PT comunicou ao MDB que o partido não terá a vaga de vice na chapa
do governador Rafael Fonteles em 2026, mas os emedebistas serão contemplados na
chapa com o candidato à reeleição no Senado Marcelo Castro (MDB). O outro
candidato a senador será o deputado federal Júlio César (PSD).
Já em Alagoas, Lula agradou o ex-presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL) ao
fechar um acordo com o prefeito de Maceió, JHC (PL), para que ele saia do
partido de Bolsonaro e não seja candidato a senador, sem atrapalhar os planos
do deputado. A tendência é que Lira não faça campanha para o presidente, mas
contribua para a governabilidade de Lula no Congresso.
JHC deve se filiar ao PSB com aval do prefeito do Recife, João Campos. Para a
outra vaga do Senado, o favorito é o senador Renan Calheiros (MDB), que estará
em palanque diferente do de Lira e apoiará Lula, com o ministro dos
Transportes, Renan Filho (MDB), como candidato a governador.
Tribuna do Norte

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