Alan Silveira esteve à frente
da Prefeitura de Apodi durante duas gestões consecutivas, sendo a última entre
2021 e 2024, após vencer as eleições de 2020 com 59,81% dos votos,
representando o MDB. Silveira é farmacêutico bioquímico de formação, com especialização
em hematologia clínica e empresário da área da saúde. Confira a entrevista:
O senhor assume a Sedec na reta final do atual governo. Quais serão suas prioridades até o fim da gestão?
Quando assumimos, no dia 1º, já por dentro da pasta, já conversamos que o nosso
foco vai ser esse, de trabalhar o desenvolvimento econômico do Estado de forma
sustentável. Portanto a gente vai fazer esse trabalho mantendo as parcerias com
as entidades, Fiern, Faern, Sistema S, Fecomércio, FCDL, prefeituras,
indústrias. A gente vai continuar esse trabalho, realizando as ações da
secretaria, como as pesquisas, o trabalho do Proedi, Costura Mais RN, RN Mais
Gás, o trabalho da construção e planejamento dos polos industriais, distritos
industriais, distritos empresariais. E, claro, focando no potencial que cada
região e município tem, focando o potencial da capital ao interior, e
trabalhando do litoral ao sertão.
E claro que a gente já tem alguns projetos novos: eu pretendo fazer parcerias
com as prefeituras na elaboração de projetos, voltado na realidade de cada um,
focar nessa questão do nosso Porto Indústria Verde, que em breve vai estar
sendo licitado para as empresas elaborarem o projeto de engenharia, trabalhar
as energias renováveis, que a gente tem um potencial gigante, focar também
nessa questão de incentivo, ampliar o incentivo nas indústrias, porque a gente
trazendo mais indústrias para o Rio Grande do Norte, no final a gente está
gerando emprego e renda. E no final também elaborar alguns projetos novos junto
com a nossa equipe técnica.
Como o senhor avalia o ambiente de negócios do RN atualmente? Quais medidas considera urgentes para torná-lo mais atrativo a novos empreendimentos?
Nos últimos dados que a gente divulgou, o Rio Grande do Norte foi o único
Estado do Nordeste com mais CLTs que pessoas beneficiadas com Bolsa Família.
Isso é um dado bastante positivo. No Caged, divulgado em maio, demonstrou que a
gente teve um saldo positivo de mais de 2.200 empregos, e a tendência é que
esse saldo aumente nos próximos meses, já que a gente começa agora, nesse
período de verão, vem a fruticultura irrigada, que aumenta a sua produção, a
mineração, dentre outros setores. Tivemos agora um dado bastante positivo
também na nossa balança comercial, onde tivemos um superávit no primeiro
semestre de mais de US$ 210 milhões, tanto no comércio de exportação como
também no comércio de importação. Então o nosso trabalho nesse final, nesse
segundo semestre para 2025, é isso, continuar esse trabalho para que a gente
continue com esses saldos positivos, mas ampliando. A gente tem agora empresas
se instalando em Currais Novos para extração de ouro, tem uma empresa em
Equador se instalando também para a extração de um minério. A gente tem ali na
região de Serra Negra do Norte, naqueles municípios também, para a questão do
potencial da extração de ferro. Então a gente vai potencializar o que o Rio
Grande do Norte tem de melhor. Já estou também em diálogo com empresas sobre a
questão do gás natural; já tem até uma empresa que vai se instalar e até
dezembro estará em funcionamento para que a gente aumente a produção e também o
transporte do gás, a venda do gás natural, que a gente tem um potencial
gigante.
O setor produtivo tem apontado demora nos licenciamentos ambientais como um dos principais entraves ao avanço de novos empreendimentos. O sr. pretende fazer alguma articulação junto ao Idema? Como pretende buscar o equilíbrio entre proteção ambiental e viabilização de investimentos?
Isso é até uma pauta da governadora Fátima. Ela reforçou que pretende, junto
com a Sedec, ampliar essa questão da geração de emprego e renda. Ela está dando
total autonomia para a gente, mas ao mesmo tempo fazendo através de estudos.
Ela sempre pede para que se faça o levantamento, o estudo de viabilidade
técnica, econômica, ambiental, para que a gente possa fazer com que o RN
continue crescendo, que a gente gere emprego e renda, que a gente traga
indústrias, mas que a gente não danifique o nosso meio ambiente. Então a gente
já está em diálogo com o Idema. Eu vou ter uma reunião lá, onde a gente vai
tratar disso. Como fui gestor por oito anos, e a gente sabe que existe uma
burocratização, mesmo o governo Fátima já tendo melhorado muito essa parte.
Então a gente pretende ampliar e desburocratizar o máximo possível. Existe a
Lei 272, a gente já está estudando essa lei para modernizar mais ainda essa
lei, para que a gente possa facilitar a entrada de empresas, a expansão das
indústrias no Rio Grande do Norte, mas sem danificar o nosso meio ambiente.
O Porto de Natal enfrenta gargalos estruturais e limitações operacionais que preocupam o setor produtivo. Há alguma articulação da Secretaria para ampliar a competitividade do porto ou buscar soluções logísticas que garantam o escoamento eficiente da produção local?
O Porto da capital está dentro do nosso planejamento para que a gente possa
tentar fomentar mais ainda ele, melhorar a sua infraestrutura. Isso é uma pauta
da governadora Fátima. E em paralelo a isso, estamos buscando melhorias nas
estradas, tanto as BRs como as RNs. A gente tem um trabalho para reativar – mas
isso vai depender muito do governo federal e também de parceiros como
parlamentares e principalmente o governo – para trazer de volta aquela ferrovia
que sai de Grossos, Areia Branca, passa por Mossoró, Caraúbas, e vai até a
Paraíba. Se a gente conseguir tirar isso do papel, eu acho que é um avanço na
questão de importação e exportação aqui do nosso estado. E o Porto tem que ter
um olhar diferenciado. A gente sabe que hoje existem algumas limitações que a
gente precisa melhorar e já está fazendo todo esse levantamento e planejamento
para que possamos elaborar projetos de melhoria à estrutura e também toda a
logística do Porto do Natal. E em paralelo a isso, a gente vem trabalhando o
Porto Indústria Verde, que, como eu falei, é uma mega obra, são mais de 3 mil
hectares, que a construção é ali em Caiçara do Norte, no litoral do nosso
Estado.
O turismo é um dos motores da
economia do RN. O que o sr. pretende fazer para fortalecer o setor neste último
período de gestão? Há planos para ampliar a atração de voos ou investimentos
privados no setor?
O turismo do Rio Grande do Norte é uma cadeia que tem um potencial gigante. A
gente vai desde a capital, com o nosso litoral, mas também no interior.
Recentemente foi inaugurada e aberta a Furna Feia, entre Baraúnas e Mossoró. E
ela está dentro da Rota das Cavernas, que é uma rota bastante interessante, que
a gente quer fomentar, que pega Mossoró, Baraúnas, vai para Apodi, com o Lajedo
Soledade, Felipe Guerra, com as cavernas, seguindo até o município de Martins,
Portalegre, com as serras. Se você vai para a capital, a gente tem todo o nosso
litoral, que é belíssimo, que tem como trazer bastante turista para cá, com as
nossas belas praias. A gente vai para o interior, a gente tem castelos,
cavernas, lajedos, barragens, museus. Então temos espaço para fomentar o
turismo, que é uma das principais cadeias. A gente tem também os eventos, que
são atrativos, trazem o pessoal não só das cidades, mas também de outros
estados e outros países para vir prestigiar, para vir participar. Eu já tive um
diálogo com a secretária de Turismo, já temos uma reunião marcada para a gente
tratar sobre isso.
O senhor foi prefeito de Apodi, um município com forte vocação agrícola. Como essa experiência no interior influenciará sua atuação à frente da pasta, especialmente na integração entre o desenvolvimento regional e o setor produtivo rural?
Eu ganhei uma certa experiência na gestão pública, estive oito anos à frente do
município de Apodi, um dos maiores do nosso Estado, e o segundo maior da região
Oeste. É um município grande, tem água mineral, o calcário, a fruticultura
irrigada, um potencial gigante na agricultura familiar. Eu também sou
empresário, também tenho uma certa experiência no ramo empresarial. E agora, à
frente da pasta da Sedec, vim para contribuir mais ainda, juntando nossa equipe
técnica, com o conhecimento que eu tenho, que a equipe tem, com a abertura que
a gente tem. A gente praticamente triplicou o número de empresas e indústrias
se instalando em Apodi, o número de MEIs quase triplicou. Tivemos muitos
pequenos negócios se instalando no nosso município. E o principal, a gente fez
uma parceria muito forte com a CDL, com o Sebrae, Senar, Senac. Hoje Apodi tem
programas voltados à agricultura, ao turismo, ao comércio local. A gente vai
pegar essa experiência para trazer também para a Sedec.
Qual sua visão sobre o papel do Estado na economia potiguar? O senhor defende uma atuação mais intervencionista, indutora ou acredita que o setor privado deve liderar com o Estado apenas criando condições?
O Governo do Estado vem fazendo seu papel com programas que geram emprego e
renda, que fomentam a economia, que potencialize o que a gente tem de melhor em
diversas áreas, vem fazendo esse papel e o que a gente vai fazer é
potencializar mais ainda esse trabalho e focar nas parcerias. A gente tem que
avançar nas parcerias público-privadas. Isso é uma realidade no Mundo, em
diversos países, e até mesmo diversos estados já realizam isso, e o Rio Grande
do Norte já tem diversos projetos. A gente precisa fazer uma parceria e
envolver mais o setor privado, o setor industrial, o setor empresarial dentro
do governo para que a gente possa juntos fomentar a economia do RN e gerar
emprego e renda. Eu vejo no setor privado um papel importantíssimo para que a
gente possa alavancar cada vez mais.
Quem
Alan Silveira é natural de
Apodi/RN, farmacêutico bioquímico com especializações em Hematologia Clínica e
Saúde da Família. Foi prefeito de Apodi por dois mandatos consecutivos
(2017–2024). Também atuou como bioquímico em instituições públicas e privadas
do RN. Em 2025, assumiu a presidência da Fundação Ulysses Guimarães.

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