Aliados de Bolsonaro, como os
governadores Tarcísio de Freitas (Republicanos), de São Paulo, Romeu Zema
(Novo), de Minas Gerais, e Ronaldo Caiado (União), de Goiás, culparam o governo
federal pela medida adotada pelos Estados Unidos. Segundo eles, a nova tarifa
seria uma resposta direta às críticas que Lula tem feito à gestão americana. Já
o governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT) classificou a medida de Trump
como uma chantagem contra o Brasil e destacou a importância de preservar a
soberania nacional.
O governador de São Paulo,
Tarcisio de Freitas, criticou duramente o governo federal, acusando Lula de
colocar “a ideologia acima da economia”. “Tiveram tempo para prestigiar
ditaduras, defender a censura e agredir o maior investidor direto no Brasil. Outros
países buscaram a negociação. Não adianta se esconder atrás do Bolsonaro. A
responsabilidade é de quem governa. Narrativas não resolverão o problema”,
declarou Tarcísio.
O governador de Goiás, Ronaldo
Caiado, comparou o comportamento de Lula ao do ex-presidente venezuelano Hugo
Chávez e sugeriu que o Congresso crie uma comissão para dialogar diretamente
com o governo americano. “Com as medidas tomadas pelo governo americano, Lula e
sua entourage tentam vender a tese da invasão da soberania do Brasil. Mas Lula
não representa o sentimento patriótico do nosso povo, e muito menos tem
credenciais para defender a soberania brasileira”, afirmou Caiado.
O governador de Minas Gerais,
Romeu Zema, afirmou que a postura do governo brasileiro pode custar caro para o
país e criticou a atuação do presidente, da primeira-dama Janja da Silva e do
STF. No final da tarde de quinta-feira (10), Zema mudou o tom. O mineiro passou
a divulgar críticas a postura americana e classificou a medida adotada pelo
presidente Donald Trump como “injusta”. “Os erros e as injustiças (no Brasil)
não devem ser consertadas com mais injustiça e erro. A taxação imposta pelo
presidente Trump a produtos brasileiros é uma medida errada e injusta”,
escreveu Zema.
O governador da Bahia,
Jerônimo Rodrigues, único a defender publicamente o governo, afirmou que o
Brasil não pode aceitar qualquer tipo de chantagem internacional. “A terra do 2
de Julho não abre mão do respeito ao nosso povo, da nossa independência e da
nossa soberania. A gente tem lado: o lado do povo brasileiro e da democracia.
Respeite o Brasil!”, afirmou o governador.
Governo do RN monitora
impactos na economia
A Secretaria de Estado do
Desenvolvimento Econômico do Rio Grande do Norte (Sedec) emitiu posicionamento
sobre o anúncio do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre a tarifa
de 50% para produtos brasileiros. A pasta informou que tem monitorado as
implicações dos aumentos de tarifas desde março, quando ocorreu o anúncio das
primeiras elevações.
Com a taxa já prevista para o
próximo mês, a secretaria afirmou que o momento exige um acompanhamento ainda
mais rigoroso e uma atuação articulada com o Governo Federal e os setores
produtivos, para preservar a competitividade dos setores exportadores do RN.
De acordo com a Sedec, somente
nos seis primeiros meses deste ano, o volume exportado para os Estados Unidos
já se iguala ao montante exportado ao país durante todo o ano de 2024. “Diante
dessas circunstâncias, é relevante fortalecer as políticas públicas adotadas
pelo Governo do Rio Grande do Norte para o desenvolvimento sustentável, no que
diz respeito à competitividade de nossos produtos no mercado externo”, disse a
pasta em nota.
As ações recomendadas incluem:
mapear com precisão as barreiras tarifárias e não tarifárias em vigor para cada
produto nos EUA; investir na capacitação técnica de exportadores locais sobre
exigências sanitárias e padrões internacionais; fomentar acordos comerciais e
protocolos fitossanitários bilaterais, inclusive por meio de articulação
federativa; incentivar o reposicionamento de produtos nas cadeias de valor
globalizadas, com foco em diferenciação e sustentabilidade; e apoiar a busca
por novos mercados-alvo, especialmente na Ásia e América Latina.
“Simultaneamente, há firme
convicção de que as iniciativas adotadas pela Presidência da República em
defesa da soberania brasileira e preservação da competitividade dos produtos
nacionais no mercado externo — com assessoramento e respaldo dos Ministérios da
Fazenda; do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços; e das Relações
Exteriores — assegurarão a continuidade do crescimento e da prosperidade”,
concluiu a nota.
Motta e Alcolumbre defendem o
diálogo
Os presidentes do Senado, Davi
Alcolumbre, e da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, reagiram nesta quinta-feira
(10) à decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor tarifas
de 50% sobre produtos brasileiros. Em nota conjunta, os chefes do Poder
Legislativo citaram a Lei de Reciprocidade Econômica como possível resposta à
medida.
Davi Alcolumbre e Hugo Motta
lembraram que essa lei foi aprovada pelo Congresso Nacional em abril. O texto
prevê medidas de retaliação a barreiras comerciais impostas por outros países a
produtos brasileiros. Entre as contramedidas estão a imposição de tributos,
taxas ou restrições sobre a importação de bens e serviços, além da suspensão de
concessões comerciais ou de investimentos.
“O Congresso Nacional
acompanhará de perto os desdobramentos. Com muita responsabilidade, este
Parlamento aprovou a Lei de Reciprocidade Econômica. Um mecanismo que dá
condições ao nosso país, ao nosso povo, de proteger a nossa soberania”,
afirmaram.
Os parlamentares também
destacaram a necessidade de diálogo nos campos diplomático e comercial como
forma de defender os empregos dos brasileiros e o setor produtivo.
“Estaremos prontos para agir
com equilíbrio e firmeza em defesa da nossa economia, do nosso setor produtivo
e da proteção dos empregos dos brasileiros”, concluíram.
A Lei de Reciprocidade
Econômica tem origem no PL 2.088/2023, projeto de lei de autoria do senador
Zequinha Marinho (Podemos-PA).
Brasil “segura” até agosto
resposta à tarifa
O governo brasileiro descarta
dar uma resposta econômica e comercial à sobretaxa de 50% anunciada por
presidente Donald Trump antes de a medida começar a valer, em 1° de agosto,
data citada pelo próprio presidente americano. A avaliação é que a gestão Lula
deverá usar os próximos dias para calibrar um posicionamento que não escale a
crise.
O entendimento é que o Brasil
deve esperar a aplicação da tarifa e evitar se antecipar à promessa de Trump.
Nos próximos 21 dias, a estratégia é estudar uma reação que não prejudique a
economia brasileira.
O Palácio do Planalto descarta
aplicar Lei de Reciprocidade Econômica, aprovada pelo Congresso em abril, nos
mesmos termos tarifários de Trump para expressar o descontentamento.
A proposta é identificar
setores em que se possa dar uma resposta firme, mas sem escalar as complicações
para o mercado brasileiro. O governo chamará o setor privado para discutir a
reação, como previsto na legislação.
Na própria Lei de
Reciprocidade, além de medidas tarifárias, há possibilidade de adoção de
não-tarifárias como limitar importações de bens bens e serviços e suspender
obrigações sobre o direito de propriedade intelectual.
De acordo com um integrante do
governo Lula é preciso “jogar com o relógio”, usando o prazo para o início do
tarifaço, para também dar tempo da questão política decantar. Para essa fonte,
isso também definirá a resposta econômica.
Até agora o Brasil respondeu
apenas politicamente ao tarifaço de Trump sem entrar nas questões econômica e
comercial.
Em publicação nas redes
sociais, o presidente Lula afirmou na quarta-feira (9) que as tarifas
anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos serão respondidas “à luz da Lei
brasileira de Reciprocidade Econômica”, mas sem detalhar.
“O Brasil é um país soberano
com instituições independentes que não aceitará ser tutelado por ninguém”,
afirma Lula.
Ele disse ainda que o processo
judicial sobre suposto plano de golpe de Estado é de competência “apenas da
Justiça Brasileira” e, portanto, “não está sujeito a nenhum tipo de ingerência
ou ameaça que fira a independência das winstituições nacionais”.
Tribuna do Norte

Nenhum comentário:
Postar um comentário