De acordo com Helder
Cavalcanti, economista e conselheiro do Conselho Regional de Economia
(Corecon-RN), o aumento acontece em razão do acionamento de fontes de energia
mais caras, como as termelétricas. “Quando há uma redução do volume de água, a
gente diminui a geração de energia mais barata, que é a hidrelétrica. Você vai
ter uma conta de energia mais cara, mas evita algumas questões ambientais. As
termelétricas são muito mais caras para jogar no nosso consumo. É interessante
que as famílias observem os grandes vilões do consumo de energia: chuveiro
elétrico, ar-condicionado, geladeira”, explica.
Ainda segundo economista,
nessas situações, muitas pessoas deixam de usar o orçamento do mês para gastos
essenciais – como alimentação – para poder incrementar o pagamento da conta de
luz. Mesmo com o cenário de estiagem, Helder não acredita em agravamento do
quadro. “Eu não acredito que passe da bandeira vermelha patamar 1. A gente tem
tido um volume de chuvas que não chegou ainda nas hidrelétricas, mas acredito
que chegue”, complementa.
O encarecimento da energia
elétrica, no entanto, não afeta apenas os consumidores residenciais. Para o
setor industrial, os efeitos também são significativos. O presidente da
Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Norte (FIERN), Roberto Serquiz,
avalia com preocupação o novo cenário tarifário. “O aumento do custo da energia
representa um fator adicional de pressão sobre a indústria potiguar, que já
enfrenta desafios relacionados à elevada carga tributária, aos custos
logísticos e às flutuações no mercado de insumos”, afirma.
Dados da Confederação Nacional
da Indústria (CNI) apontam que a energia responde por cerca de 44% dos custos
de produção industrial. Ainda segundo a FIERN, segmentos industriais de maior
intensidade energética, como os setores têxtil, de minerais não metálicos,
alimentos e bebidas são os mais vulneráveis. Parte significativa das grandes e
médias indústrias opera no mercado livre de energia, que oferece contratos mais
flexíveis, mas as pequenas empresas permanecem mais expostas aos impactos da
bandeira vermelha.
“Há também preocupação quanto
ao potencial repasse desses custos ao consumidor final, especialmente em
cadeias produtivas em que a energia elétrica representa parcela relevante da
estrutura de custos. Além disso, o encarecimento da energia desestimula investimentos
e dificulta a recuperação da atividade econômica em um momento que demanda
estímulos ao crescimento e à geração de empregos”, completa Roberto Serquiz.
A Federação do Comércio de
Bens, Serviços e Turismo do Rio Grande do Norte (Fecomércio RN) também reforça
a necessidade de buscar alternativas para reduzir os custos energéticos no
setor de serviços. Segundo o presidente Marcelo Queiroz, “o acionamento da
bandeira vermelha já era previsto e é sazonal, tendo em vista o período de
estiagem no país. Para os empresários, uma das alternativas para fugir dessas
oscilações de preços seria o investimento nas usinas de energia solar ou
avaliar a migração para o mercado livre de energia, a partir de contratos de
médio e longo prazo”.
Dicas para economizar
Para além das medidas
estruturais, consumidores devem ter atenção ao uso racional de equipamentos
domésticos. A Neoenergia Cosern, distribuidora que atende o RN, recomenda
atenção no uso de aparelho de ar-condicionado, ajustando a temperatura entre
23ºC e 25ºC e mantendo os filtros limpos. No caso dos chuveiros elétricos,
optar pela função “verão” e tomar banhos rápidos são práticas que geram
economia.
Já as geladeiras devem ser
mantidas afastadas da parede, com boa vedação e livres de alimentos quentes
recém-preparados. Para a iluminação, a dica é aproveitar a luz natural durante
o dia e, quando necessário, utilizar lâmpadas de LED, que consomem menos
energia e têm vida útil mais longa.
Como programa de incentivo, a
Neoenergia Cosern mantém o projeto Vale Luz, que permite a troca de resíduos
recicláveis por descontos na conta de energia. A iniciativa está presente em
tendas fixas e itinerantes em cidades como Natal, Parnamirim e São Gonçalo do
Amarante. Além disso, por meio das Retorna Machines, espalhadas por
supermercados e shoppings da capital, consumidores podem ganhar pontos que são
convertidos em abatimento na fatura de energia.Vidros, plásticos, metais, papel
e até eletrônicos estão entre os materiais aceitos.
Tribuna do Norte

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