A reunião contou com diversas
entidades do setor produtivo, entre elas a Federação das Indústrias do Rio
Grande do Norte (Fiern), a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do
RN (Fecomercio) e o Sindicato da Indústria da Pesca do RN (Sindipesca), um dos
mais afetados com a taxação, uma vez que 80% do atum pescado no RN vai para os
Estados Unidos.
O secretário de
Desenvolvimento Econômico do RN, Allan Jefferson da Silveira Pinto, disse que
os empresários potiguares mencionaram a possibilidade de se solicitar ao
Governo Federal nas negociações o adiamento da taxação de 50% por 90 dias,
visando a abertura de novos mercados.
“Estamos ouvindo cada
entidade, cada setor. Vamos elaborar uma carta com propostas para que possamos
levar à governadora e ao Governo Federal para que, a partir disso, possamos ter
o RN na mesa de negociação. Esperamos que isso seja resolvido de maneira diplomática
e esperamos que essa prorrogação que foi solicitada, de 90 dias, para que
possamos nos organizar, buscarmos caminhos e mercados, mas sabemos que não é
fácil”, disse Silveira.
“O RN consegue exportar para
88 países. Sabemos que os Estados Unidos é um dos maiores compradores, mas há
sim essa possibilidade de estarmos levando esses produtos para outros países”,
acrescentou.
O presidente da Fiern, Roberto
Serquiz, reforçou que o tarifaço pode gerar impactos significativos para uma
série de setores do RN, como pesca, sal, balas e caramelos. Ele aponta ainda
que um eventual adiamento por 90 dias poderia favorecer os diálogos e as
discussões técnicas.
“Estamos vivendo um momento de
muita preocupação. Desde que foi divulgado o aumento da tarifa passamos a
conversar continuamente com os principais setores da indústria que exportam e
estamos em contato permanente também com a Confederação Nacional da Indústria”,
acrescenta. “Esperamos que as relações diplomáticas do Brasil e dos Estados
Unidos possam encontrar uma equação que possa trazer tranquilidade para nosso
setor produtivo”, completa Serquiz.
Mais cedo, fontes do Governo
Federal informaram que a perspectiva é resolver o impasse do tarifaço até o dia
31 de julho, buscando revisar a medida imposta por Donald Trump. Além disso, o
governo federal teria garantido aos empresários que não vai usar a Lei da
Reciprocidade Econômica antes de 1º de agosto, visando não fechar as portas da
diplomacia.
Já o diretor executivo da
Fecomercio, Laumir Barreto, aponta que pequenos e médios exportadores
potiguares também serão afetados caso a taxação de 50% seja mantida.
“Estamos falando de produtos
que atingem também o comércio, toda a população. Estamos falando de produtos
como sal, o pescado, que por trás dessas indústrias existem trabalhadores,
famílias e existe o comércio em torno dessa produção que com certeza afetará
primeiro o emprego, mexendo com a renda e automaticamente com o consumo”,
afirma
Tarifaço
A taxação em 50% dos produtos
brasileiros anunciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na
última quarta-feira (09), vai afetar o setor produtivo do Rio Grande do Norte.
Entre os produtos exportados que serão mais impactados caso a tarifa entre em
vigor estão o atum e pescados de maneira geral, sal, petróleo e a fruticultura.
Segundo dados do Observatório Mais RN, da Federação das Indústrias do Estado
(Fiern), as exportações totais do RN para os Estados Unidos somaram US$ 67,1
milhões no primeiro semestre deste ano, um crescimento de 120% no comparativo
com o mesmo período de 2024, quando as vendas de produtos potiguares aos EUA
totalizaram US$ 30,5 milhões.
Um dos setores que mais podem
ser afetados é o da pesca de atum no RN. Conforme publicado pela edição
impressa da TRIBUNA DO NORTE nesta terça-feira (15), o prejuízo anual pode
chegar a quase R$ 280 milhões para o setor da pesca de atum no Estado.
Segundo informações do
Sindipesca, o Rio Grande do Norte exporta cerca de 80% da produção para os
Estados Unidos, representando cerca de US$ 50 milhões por ano, o equivalente a
R$ 278 milhões na cotação atual. São pelo menos 4 mil toneladas de pescado, tanto
peixes frescos quanto congelados. Em relação a esta última modalidade, os
envios de cargas já estão sendo paralisados, uma vez que a viagem para o país
norte-americano pode durar 15 dias e, caso se concretize a taxação, o pescado
poderá chegar nos EUA já sob os efeitos da nova tarifa.
Tribuna do Norte

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