quarta-feira, 16 de julho de 2025

Empresários farão carta para incluir RN em negociação sobre tarifaço dos EUA

A taxação de 50% aos produtos brasileiros anunciada pelo Governo dos Estados Unidos foi tema de reunião nesta terça-feira (15) entre a Secretaria de Desenvolvimento Econômico do RN (Sedec) e entidades do setor produtivo. Entre as deliberações estão a elaboração de uma carta conjunta com propostas à governadora Fátima Bezerra (PT), a fim de que o documento embase o diálogo do governo estadual junto ao governo federal, com o intuito de que o RN faça parte da mesa de negociações junto aos Estados Unidos. Além disso, a perspectiva é correr contra o tempo para abrir novos mercados, situação considerada mais complexa. A preocupação das entidades é com a possibilidade de perda de negócios e empregos no Estado, uma vez que o RN é exportador de uma série de produtos aos EUA.

A reunião contou com diversas entidades do setor produtivo, entre elas a Federação das Indústrias do Rio Grande do Norte (Fiern), a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do RN (Fecomercio) e o Sindicato da Indústria da Pesca do RN (Sindipesca), um dos mais afetados com a taxação, uma vez que 80% do atum pescado no RN vai para os Estados Unidos.

O secretário de Desenvolvimento Econômico do RN, Allan Jefferson da Silveira Pinto, disse que os empresários potiguares mencionaram a possibilidade de se solicitar ao Governo Federal nas negociações o adiamento da taxação de 50% por 90 dias, visando a abertura de novos mercados.

“Estamos ouvindo cada entidade, cada setor. Vamos elaborar uma carta com propostas para que possamos levar à governadora e ao Governo Federal para que, a partir disso, possamos ter o RN na mesa de negociação. Esperamos que isso seja resolvido de maneira diplomática e esperamos que essa prorrogação que foi solicitada, de 90 dias, para que possamos nos organizar, buscarmos caminhos e mercados, mas sabemos que não é fácil”, disse Silveira.

“O RN consegue exportar para 88 países. Sabemos que os Estados Unidos é um dos maiores compradores, mas há sim essa possibilidade de estarmos levando esses produtos para outros países”, acrescentou.

O presidente da Fiern, Roberto Serquiz, reforçou que o tarifaço pode gerar impactos significativos para uma série de setores do RN, como pesca, sal, balas e caramelos. Ele aponta ainda que um eventual adiamento por 90 dias poderia favorecer os diálogos e as discussões técnicas.

“Estamos vivendo um momento de muita preocupação. Desde que foi divulgado o aumento da tarifa passamos a conversar continuamente com os principais setores da indústria que exportam e estamos em contato permanente também com a Confederação Nacional da Indústria”, acrescenta. “Esperamos que as relações diplomáticas do Brasil e dos Estados Unidos possam encontrar uma equação que possa trazer tranquilidade para nosso setor produtivo”, completa Serquiz.

Mais cedo, fontes do Governo Federal informaram que a perspectiva é resolver o impasse do tarifaço até o dia 31 de julho, buscando revisar a medida imposta por Donald Trump. Além disso, o governo federal teria garantido aos empresários que não vai usar a Lei da Reciprocidade Econômica antes de 1º de agosto, visando não fechar as portas da diplomacia.

Já o diretor executivo da Fecomercio, Laumir Barreto, aponta que pequenos e médios exportadores potiguares também serão afetados caso a taxação de 50% seja mantida.

“Estamos falando de produtos que atingem também o comércio, toda a população. Estamos falando de produtos como sal, o pescado, que por trás dessas indústrias existem trabalhadores, famílias e existe o comércio em torno dessa produção que com certeza afetará primeiro o emprego, mexendo com a renda e automaticamente com o consumo”, afirma

Tarifaço

A taxação em 50% dos produtos brasileiros anunciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na última quarta-feira (09), vai afetar o setor produtivo do Rio Grande do Norte. Entre os produtos exportados que serão mais impactados caso a tarifa entre em vigor estão o atum e pescados de maneira geral, sal, petróleo e a fruticultura. Segundo dados do Observatório Mais RN, da Federação das Indústrias do Estado (Fiern), as exportações totais do RN para os Estados Unidos somaram US$ 67,1 milhões no primeiro semestre deste ano, um crescimento de 120% no comparativo com o mesmo período de 2024, quando as vendas de produtos potiguares aos EUA totalizaram US$ 30,5 milhões.

Um dos setores que mais podem ser afetados é o da pesca de atum no RN. Conforme publicado pela edição impressa da TRIBUNA DO NORTE nesta terça-feira (15), o prejuízo anual pode chegar a quase R$ 280 milhões para o setor da pesca de atum no Estado.

Segundo informações do Sindipesca, o Rio Grande do Norte exporta cerca de 80% da produção para os Estados Unidos, representando cerca de US$ 50 milhões por ano, o equivalente a R$ 278 milhões na cotação atual. São pelo menos 4 mil toneladas de pescado, tanto peixes frescos quanto congelados. Em relação a esta última modalidade, os envios de cargas já estão sendo paralisados, uma vez que a viagem para o país norte-americano pode durar 15 dias e, caso se concretize a taxação, o pescado poderá chegar nos EUA já sob os efeitos da nova tarifa.

Tribuna do Norte

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