“O pedido acaba de ser
protocolado, o que não impedirá negociação diretamente com os invasores
buscando a desocupação de forma voluntária e pacífica”, disse a Embrapa à
TRIBUNA DO NORTE nesta quarta-feira (16). “A Embrapa, após entender que a
medida seria mais efetiva, assumiu a responsabilidade de ingressar com a
necessária ação judicial de reintegração de posse, muito embora a Emparn também
possa figurar como legitimamente interessada, haja vista manter a posse direta
do imóvel, no qual desenvolve suas atividades de pesquisa. A reintegração de
posse acaba de ser protocolada”, acrescenta a Embrapa.
A invasão à Estação Experimental Terras Secas da Emparn ocorreu no dia 14 do
mês passado. Na última terça-feira (15), a Federação da Agricultura, Pecuária e
Pesca do Rio Grande do Norte (Faern) emitiu uma nota manifestando preocupação
com o fato, apontando “omissão” de autoridades e alertando para o avanço da
insegurança jurídica no Estado. A entidade também cobrou urgência na
reintegração da área e afirmou que ações como essas comprometem o
desenvolvimento do setor agropecuário potiguar.
Para a Embrapa, a invasão prejudica a atividade de pesquisa científica
agropecuária que é desenvolvida pela Emparn na área. “A Embrapa detém manifesto
interesse no desenvolvimento agropecuário do estado do Rio Grande do Norte. Por
efeito, a turbação da posse promovida pelos invasores atenta diretamente para
as pesquisas desenvolvidas na área”, complementa a empresa.
O Governo do Rio Grande do Norte informou que também iniciou tratativas com o
MST após a ocupação da estação da Emparn. A unidade mede aproximadamente 1.600
hectares e serve ao desenvolvimento de pesquisas com palma forrageira,
bovinocultura, ovinocaprinocultura e adaptação de cultivos em condições de
baixa umidade. A invasão do local, de acordo com o MST, “ocorre como
reivindicação para a Reforma Agrária no Estado e também como enfrentamento à
concentração de terras”.
De acordo com o secretário de Estado da Agricultura, da Pecuária e da Pesca
(Sape), Guilherme Saldanha, o Executivo estadual promoveu uma reunião com
representantes do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra),
da própria Sape e da Secretaria de Desenvolvimento Rural e Agricultura Familiar
(Sedraf), que tem atuado na interlocução com os movimentos sociais. “Já houve
uma primeira reunião, tratando desse tema junto ao Incra, junto à própria
Sedraf, que é a secretaria que está encarregada com esses movimentos sociais”,
informou Saldanha.
Ainda segundo ele, a Procuradoria Geral do Estado (PGE-RN) também acompanha o
caso para dar respaldo jurídico à Emparn. “Existe uma preocupação da
Procuradoria Geral do Estado para dar apoio e suporte à Emparn, que está
tratando da questão de uma negociação sobre reintegração de posse”, acrescentou
o secretário. Ele destacou ainda que a gestão estadual mantém o diálogo com os
ocupantes. “Estamos dialogando com o movimento, para ver quais são as demandas
dele, e estamos apurando para saber qual é o melhor entendimento e esperar a
Justiça, que vai se pronunciar sobre esse tema”, afirma.
Até o momento, segundo a Emparn, não houve danos ao patrimônio e o ambiente permanece pacífico. Um boletim de ocorrência foi registrado e, segundo o presidente da Emparn, Rodrigo Maranhão, o processo de mediação segue com base no diálogo.
Até o momento não houve um posicionamento oficial do MST sobre a continuidade
da ocupação ou eventual negociação. O movimento foi procurado pela reportagem,
mas não respondeu até o fechamento desta edição.
Tribuna do Norte

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