Desde a migração para o modelo
de ensino integral, a direção da Alceu Amoroso Lima afirma ter confiado nas
promessas do Estado para garantir o mínimo de estrutura necessária ao novo
formato. No entanto, com a escola em reforma, os estudantes foram realocados
para o prédio da Escola Estadual 15 de Outubro, que também enfrenta suas
próprias limitações estruturais e não foi projetado para acolher um fluxo de
alunos em tempo integral.
De acordo com Rosane Silva, diretora da unidade, após o não cumprimento do
prazo para outubro de 2024, a expectativa foi jogada para março de 2025 e
posteriormente para junho. Agora, a promessa é o fim de agosto. “Nós
conversamos com a secretaria, se não me engano, em abril, solicitando como é
que seria um novo prazo, né? Porque o prazo era 30 de junho. Pelo andar da
obra, nós sabíamos que não daria tempo de entregar. A gente assistiu alguns
problemas com relação à empresa, que parou algumas vezes e a justificativa era
falta de pagamento do Estado”, relata.
A ausência de trabalhadores nas frentes de obra levanta questionamento sobre o
compromisso com a entrega. Enquanto isso, a rotina de ensino integral segue
comprometida. “Está longe de ser ideal, na verdade é precária. Os nossos alunos
estão no tempo integral contando apenas com a quadra, uma sala e um ambiente
mais aberto. O restante das salas de aula acaba se transformando em sala de
descanso, sala de vídeo. No nosso prédio, teríamos salas específicas para cada
função, inclusive climatização”, reforça a diretora.
O impacto da falta de rotina e de estrutura adequada compromete o processo de
aprendizagem. No fim do dia, os estudantes já estão exaustos, o que se agrava
com as salas quentes e mal ventiladas. A direção relata ainda que, por estarem
em outro prédio, as aulas acabam sendo encerradas mais cedo do que o previsto,
em razão da rota do transporte.
Esse deslocamento até o prédio improvisado citado como ponto de desgaste para
os estudantes. Manoel Nicolas, aluno do 7º ano, aponta as dificuldades de
mobilidade e os impactos da mudança. “A gente está na escola 15 de Outubro, e
eu moro muito perto do prédio do Alceu, mas muito longe da 15 de Outubro. A
gente está quase um ano lá e nada. Temos uma rota de transporte, só que fica
muito cansativo sempre pegar o ônibus e não ter o nosso prédio em mãos”,
relata.
A mesma dificuldade é reforçada por Vanessa Chacon, mãe de dois alunos da
escola que estão no 5º e 7º ano. “A gente mora distante da escola do 15 de
Outubro. Existe uma primeira rota do Alceu e uma segunda do bairro. Essa
segunda rota tem muito aluno. O ônibus vem um por cima do outro, aluno em pé,
não tem condições.”, relata. Ela teme que todo o desgaste, da estrutura ao
transporte, pode estar prejudicando o aprendizado dos filhos.
Durante a presença da TRIBUNA DO NORTE na mobilização, existiam pelo menos três
trabalhadores no local. Segundo a diretora, a equipe estava atuando somente na
reforma do pórtico de entrada. As demais atividades, que ainda exigem ações nas
salas e nas áreas de uso comum, estão paralisadas.
“Ter cumprido o prazo seria importante, porque é um vínculo de confiança entre
a escola e a comunidade. Como gestor, você empenha a palavra. Só que são coisas
que fogem do nosso alcance, dependem do Estado. Quanto antes isso terminar,
quanto antes os alunos vierem para cá com prédio adequado, tudo no seu devido
lugar, vai ser bem melhor, tanto para a comunidade como para os professores e
os funcionários”, afirma o vice-diretor José Werbson.
Procurada, a a Secretaria de Estado da Educação, do Esporte e do Lazer (SEEC)
informou que a obra na Escola Estadual Alceu Amoroso Lima não está paralisada e
deve ser concluída até o fim de agosto. Segundo a pasta, estão sendo investidos
R$ 1.209.465,82 na primeira grande reforma da unidade, que tem mais de 40 anos
e apresenta problemas estruturais acumulados ao longo do tempo. As melhorias
incluem recuperação estrutural, revisão da cobertura, esquadrias e instalações
elétricas.
Além da parte estrutural, está sendo implantada uma nova rede elétrica para
permitir a climatização das salas. A SEEC também justificou que, devido à
estrutura antiga da escola, foi necessário realizar ajustes nos projetos
hidráulico e elétrico com a obra já em andamento.
Tribuna do Norte

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