Segundo os dados do instituto,
que pesquisa mensalmente 40 produtos da cesta básica em 26 supermercados e
estabelecimentos de Natal, o pó de café foi o que registrou a maior variação no
semestre: 20,53%. A margarina, comumente utilizada para passar no pão, fazer
biscoitos, bolos e fritar ovos, por exemplo, ficou em 2º lugar na capital
potiguar, com aumento de 10,93%. O pão francês aparece na sequência, com
aumento médio de 2,15%. Por sua vez, a carne de 1ª e o pescado apresentaram
variações semestrais de 0,83% e 0,68%, respectivamente.
“Essa alta acumulada de quae
6% [cesta básica de Natal acumulada em junho] tem sido fruto de uma alta que
atinge o mercado como um todo. Temos a influência de elevação do dólar, temos
as questões da sazonalidade, como o café, por exemplo. Estamos atravessando uma
entressafra. As secas, geadas e queimadas tiveram impacto significativo sobre
produção e o que é que acontece: quando o mundo todo passa por esse problema de
entressafra, vai gerar uma alta na procura, o que faz com que os preços se
elevem. Isso tem um reflexo direto no mercado interno, tanto que tivemos
subidas significativas no café. É importante salientar que essa composição
desses itens é de uma cesta básica que considera família de quatro pessoas”,
explica o economista e ex-presidente do Conselho Regional de Economia
(Corecon-RN), Helder Cavalcanti.
Na semana passada, o Procon
Natal divulgou a pesquisa acerca dos itens da cesta básica do mês de junho. No
mês passado, foi observada variação positiva em todas as categorias em
comparação ao mês de maio. A categoria mercearia apresentou aumento de 0,11% e
o açougue de 0,44%. As categorias de higiene/limpeza e hortifrúti também
registraram elevação nos preços: 1,50% e 0,50%, respectivamente.
“Apesar de Natal figurar entre
as capitais com o menor valor absoluto da cesta básica, a pressão acumulada
sobre produtos essenciais acende um alerta: o impacto sobre a renda do
consumidor é real e crescente. O Procon Natal segue monitorando os preços com
frequência mensal e reforça a importância de práticas como pesquisa de preços,
substituição de itens e consumo consciente”, explica Dina Pérez, diretora-geral
do Procon Natal.
Junho
Neste mês de junho, 25 dos 40
itens pesquisados apresentaram elevação nos preços em relação ao mês anterior.
Na categoria de mercearia, destacam-se o feijão-carioca (kg) com aumento de
4,90%; macarrão espaguete sêmola (pacote de 500 g) com aumento de 2,46% e café
(pacote de 250 g) que teve variação de 1,79%. Na categoria açougue, também
foram verificados aumentos na carne de primeira (alcatra kg) com 1,17%; carne
de segunda (kg) com 2,31%; carne de sol (kg) 1,07% e filé de merluza (kg)
3,63%.
No acumulado do primeiro
semestre, o preço médio da cesta básica foi de R$ 451,18, com pico registrado
em abril, quando o valor chegou a R$ 454,21. O aumento acumulado no semestre
foi de 5,48%. Vale destacar que, em maio, a cesta apresentou uma redução de
0,93%, após aumentos sucessivos desde o início do ano.
“Tivemos pressão de custos
logísticos — especialmente com o transporte e combustíveis — e efeitos sazonais
na oferta de hortifrútis, como tomate e cebola, que são altamente sensíveis ao
clima e à distribuição nacional. Também é importante considerar a alta da
inflação alimentar e dos insumos agrícolas, que foi agravada pelo câmbio e por
reajustes tributários recentes, o que impacta diretamente o custo ao consumidor
final”, acrescenta Dina Pérez.
Consumidores em Natal têm
constatado a alta dos preços dos alimentos e procuram alternativas para driblar
a carestia nas prateleiras. Para Cleide Gomes, 74, os altos preços afetam sua
vida de maneira dupla. Dona de um restaurante nas Rocas e também consumidora,
ela é enfática. “Nunca vi as coisas altas como estamos vendo agora”.
“Aqui eu compro arroz no
supermercado e cada dia que vamos nos surpreendemos com os preços, porque só
trabalho com tudo de primeira. Toda carne que uso é de primeira e está
caríssima. O prato fica a cota pela receita, não ganhamos praticamente nada. É
só para manter aberto”, explica. “O café subiu quase 300%. Comprávamos de R$ 7
e pouco, hoje é quase R$ 18, R$ 20. Está muito caro”, lamenta.
Cesta em Natal tem aumento
acumulado de 3,18%, diz Dieese
A cesta básica em Natal
apresentou um aumento acumulado de 3,18% nos seis primeiros meses de 2025,
segundo novo estudo divulgado pelo Departamento Intersindical de Estatística e
Estudos Socioeconômicos (Dieese) na Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos.
O levantamento abrange apenas 12 produtos, diferente do realizado pelo Procon,
que inclui 40.
Segundo a pesquisa, em junho
de 2025, o preço da cesta básica de Natal apresentou queda de -1,25% em relação
a maio e custou R$ 636,95, a quarta cesta básica mais barata dentre as capitais
pesquisadas. Em comparação com junho de 2024, a cesta acumula elevação de
6,28%.
No acumulado do ano, segundo o
Dieese, sete produtos registraram redução: arroz agulhinha (-21,39%), óleo de
soja (-11,37%), farinha de mandioca (-9,37%), leite integral (-7,40%), açúcar
cristal (-6,55%), feijão carioca (-5,21%) e manteiga (-2,99%). Outros cinco
bens tiveram aumento de preço: café em pó (55,12%), tomate (34,20%), banana
(2,43%), carne bovina de primeira (2,14%) e pão francês (1,95%).
Tribuna do Norte

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