Autoridades presentes nas
negociações enfatizaram os pontos mais sensíveis deste último encontro: os
recentes conflitos entre Irã e Israel, a situação na Palestina e a reforma do
Conselho de Segurança da ONU. O grupo ainda não conseguiu chegar a um
posicionamento comum sobre esses temas, apesar de indicar avanços.
Dentre os três, o mais
problemático é o caso do Irã, que é um dos 11 países membros do Brics ao lado
de África do Sul, Arábia Saudita, Brasil, China, Egito, Emirados Árabes Unidos,
Etiópia, Indonésia, Índia e Rússia. Os países-parceiros são: Belarus, Bolívia,
Cazaquistão, Cuba, Malásia, Nigéria, Tailândia, Uganda, Uzbequistão e Vietnã.
O Irã pressiona o grupo para
que se manifeste de forma mais rígida contra os bombardeios de Israel e Estados
Unidos no conflito que ocorreu entre os dias 13 e 24 do mês passado. Países
mais próximos dos israelenses e norte-americanos, como Arábia Saudita e Índia,
não pretendem se indispor sobre o tema.
O conflito também tem
consequências sobre o posicionamento do grupo em relação à Palestina, aliada do
Irã. Há aproximadamente 21 meses, a Faixa de Gaza tem sido alvo de
bombardeios israelenses, que teriam deixado mais de 50 mil palestinos mortos,
segundo o Ministério da Saúde de Gaza.
Um quarto motivo de tensão no
grupo, que teve efeito sobre os encontros dos sherpas é a situação da Índia. Em
maio, durante quatro dias, o país se envolveu em um conflito com o vizinho
Paquistão, com uso de mísseis e drones. Apesar do cessar-fogo, a região
continua instável.
Na sexta-feira (4), o
vice-chefe do Exército indiano acusou a China de ajudar o Paquistão com
informações estratégicas sobre o deslocamento de forças indianas durante o
conflito de maio.
O presidente da China, Xi
Jinping, anunciou que não comparecerá ao Brics e será representado pelo
primeiro-ministro Li Qiang. Mas a decisão já havia sido tomada há alguns dias.
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, também não estará presente, mas participará
da reunião por videoconferência. A comitiva russa terá a presença do ministro
das Relações Exteriores, Sergey Lavrov.
Declaração conjunta
Apesar de tudo, a expectativa
entre os negociadores é que de a Cúpula de Líderes termine com uma declaração
geral que tenha a adesão de todos os países. E não como uma declaração única da
presidência brasileira do grupo, o que enfraqueceria o peso político do
documento.
Uma das estratégias adotadas
pelo Brasil é a de fragmentar a manifestação final do Brics em quatro
declarações. Além da geral, que condensa as principais posições do grupo, estão
previstas outras três com temas específicos: saúde, clima e inteligência
artificial. Os textos ainda não estão totalmente fechados, mas há uma
visão mais otimista sobre o estabelecimento de um consenso.
O tema da saúde se concentra
na criação de uma parceria para eliminar doenças socialmente determinadas:
aquelas influenciadas diretamente por fatores socioeconômicos, ambientais e
culturais. Um dos destaques é a ampliação da cooperação para a produção de
vacinas.
A exemplo da Aliança Global
Contra a Fome, lançada pelo Brasil durante o G20 no ano passado, ações voltadas
para a área da saúde são vistas como resultados mais concretos e que atendem a
necessidades mais urgentes da população do Sul Global.
Também foram detectados
avanços nas discussões sobre financiamento climático. A ideia é que o
Brics se manifeste de forma comum sobre modelos que envolvam a participação de
bancos multilaterais, questões regulatórias e mobilização de capital privado.
Por fim, as discussões
sobre inteligência artificial giram em torno da busca por uma governança comum
para que o recurso tecnológico seja usado de maneira ética, e ajude a minimizar
problemas como pobreza, déficits educacionais, mudança do clima e doenças.
Agência Brasil

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