Entre os projetos defendidos
que a região pode absorver estão a produção de Hidrogênio Verde (H2V), a
chegada de Datas Centers, aço e cimento verde e grandes indústrias veiculares
entre outras empresas. Dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico apontam
que o Nordeste gera, em horário de pico, 24 GW, consumindo apenas metade desta
energia, com cerca de 13 GW. Ele cita ainda que é necessário investir em linhas
de transmissão em vários estados do Nordeste e também em sistemas de baterias
para armazenar produção de energia excedente.
“Hoje o Brasil funciona,
principalmente em determinados horários do dia, porque o Nordeste produz um
excedente de energia renovável. Mas ao mesmo tempo, a região sofre uma
restrição. Temos limites de expansão dessa exportação de energia porque existem
travas no sistema de transmissão. Praticamente todos os dias vemos usinas
eólicas ou solar sendo cortadas do sistema”, explica.
Aldemir Freire: fundo de R$ 7
bilhões/ano para investimentos no setor | Foto: Adriano Abreu
O diretor de Planejamento do
BNB cita que a ideia do banco, que tem atuado com outros atores do mercado, é
que o “Nordeste não seja apenas exportador de energia verde”, cita. Ainda
segundo Aldemir Freire, o Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste
(FNE) aporta cerca de R$ 7 bilhões por ano para plantas solares, parques
eólicos e linhas de transmissão. A expectativa para 2025 é fechar o ano com
este valor.
“Precisamos agregar valor a
essa energia. E fazemos isso sinalizando que temos essa energia verde aqui e
que ela pode ser utilizada em processos industriais. Precisamos atrair carga
(consumo) para o Nordeste. Nesse sentido, duas áreas que são janelas de oportunidade
que aparecem para a região até o fim da década, que têm consumo elevado, é a
geração de hidrogênio verde e a atração de Datas Centers”, cita. “Precisamos de
esforços para que o Nordeste não vire apenas um grande produtor de commoditie
verde. Não estamos negando a relevância disso”, complementa.
O gestor lembrou que o Banco
do Nordeste já tem linhas de crédito voltadas para investimentos em datacenters
e anunciou que está trabalhando na captação de recursos do Banco Mundial para
investimentos em descarbonização e projetos de armazenamento da energia
produzida.
O diretor de Planejamento do
BNB cita ainda que o aumento do protagonismo do uso de energia por parte do
Nordeste pode fortalecer ainda as receitas estaduais e municipais, uma vez que
o consumo de energia é alvo de arrecadação de ICMS.
“Todo esse excedente de
energia que a região está produzindo e está sendo consumida em outros estados,
são eles que ganham no ICMS. Se trouxermos carga para o Nordeste, porque vamos
consumir e cobrar o ICMS dessa energia na própria região, há um impacto fiscal”,
complementa.
Na semana passada, o Centro de
Estratégias em Recursos Naturais e Energia (CERNE) e o Instituto SENAI de
Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER) propuseram o desenvolvimento de um
estudo que projete cenários para a instalação de data centers no Rio Grande do
Norte e no Nordeste do Brasil. O setor, caracterizado pelo alto consumo de
energia nas operações, seria “a aposta de mais curto prazo” para diversificar a
demanda das indústrias de energia eólica da região, em meio às perdas causadas
pelos chamados “curtailments” do governo, disse o chairman do CERNE, Jean Paul
Prates.
Esses episódios são definidos
pelo Operador Nacional do Sistema (ONS) como redução, limitação ou corte da
geração de energias renováveis, quando a produção supera a capacidade do
sistema de transmissão disponível ou a necessidade de consumo demandada pela
sociedade. Eles estariam causando prejuízos bilionários às empresas e acirrando
a busca por caminhos para dar vazão à energia que geram.
Tribuna do Norte

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