sábado, 26 de julho de 2025

BNB defende maior protagonismo do Nordeste no uso de energias

De histórico importador de energia para maior produtor do Brasil e exportador de energia limpa, o Nordeste precisa ter mais protagonismo no uso da energia produzida na própria região. É o que defende o diretor de Planejamento do Banco do Nordeste (BNB), Aldemir Freire, que aponta que a região precisa receber projetos e investimentos para aumentar o consumo e consequentemente, gerar renda e desenvolvimento na região. O Rio Grande do Norte, por exemplo, é o líder em geração de energia eólica no Brasil.

Entre os projetos defendidos que a região pode absorver estão a produção de Hidrogênio Verde (H2V), a chegada de Datas Centers, aço e cimento verde e grandes indústrias veiculares entre outras empresas. Dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico apontam que o Nordeste gera, em horário de pico, 24 GW, consumindo apenas metade desta energia, com cerca de 13 GW. Ele cita ainda que é necessário investir em linhas de transmissão em vários estados do Nordeste e também em sistemas de baterias para armazenar produção de energia excedente.

“Hoje o Brasil funciona, principalmente em determinados horários do dia, porque o Nordeste produz um excedente de energia renovável. Mas ao mesmo tempo, a região sofre uma restrição. Temos limites de expansão dessa exportação de energia porque existem travas no sistema de transmissão. Praticamente todos os dias vemos usinas eólicas ou solar sendo cortadas do sistema”, explica.

Homem de terno e gravata

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Aldemir Freire: fundo de R$ 7 bilhões/ano para investimentos no setor | Foto: Adriano Abreu

O diretor de Planejamento do BNB cita que a ideia do banco, que tem atuado com outros atores do mercado, é que o “Nordeste não seja apenas exportador de energia verde”, cita. Ainda segundo Aldemir Freire, o Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE) aporta cerca de R$ 7 bilhões por ano para plantas solares, parques eólicos e linhas de transmissão. A expectativa para 2025 é fechar o ano com este valor.

“Precisamos agregar valor a essa energia. E fazemos isso sinalizando que temos essa energia verde aqui e que ela pode ser utilizada em processos industriais. Precisamos atrair carga (consumo) para o Nordeste. Nesse sentido, duas áreas que são janelas de oportunidade que aparecem para a região até o fim da década, que têm consumo elevado, é a geração de hidrogênio verde e a atração de Datas Centers”, cita. “Precisamos de esforços para que o Nordeste não vire apenas um grande produtor de commoditie verde. Não estamos negando a relevância disso”, complementa.

O gestor lembrou que o Banco do Nordeste já tem linhas de crédito voltadas para investimentos em datacenters e anunciou que está trabalhando na captação de recursos do Banco Mundial para investimentos em descarbonização e projetos de armazenamento da energia produzida.

O diretor de Planejamento do BNB cita ainda que o aumento do protagonismo do uso de energia por parte do Nordeste pode fortalecer ainda as receitas estaduais e municipais, uma vez que o consumo de energia é alvo de arrecadação de ICMS.

“Todo esse excedente de energia que a região está produzindo e está sendo consumida em outros estados, são eles que ganham no ICMS. Se trouxermos carga para o Nordeste, porque vamos consumir e cobrar o ICMS dessa energia na própria região, há um impacto fiscal”, complementa.

Na semana passada, o Centro de Estratégias em Recursos Naturais e Energia (CERNE) e o Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER) propuseram o desenvolvimento de um estudo que projete cenários para a instalação de data centers no Rio Grande do Norte e no Nordeste do Brasil. O setor, caracterizado pelo alto consumo de energia nas operações, seria “a aposta de mais curto prazo” para diversificar a demanda das indústrias de energia eólica da região, em meio às perdas causadas pelos chamados “curtailments” do governo, disse o chairman do CERNE, Jean Paul Prates.

Esses episódios são definidos pelo Operador Nacional do Sistema (ONS) como redução, limitação ou corte da geração de energias renováveis, quando a produção supera a capacidade do sistema de transmissão disponível ou a necessidade de consumo demandada pela sociedade. Eles estariam causando prejuízos bilionários às empresas e acirrando a busca por caminhos para dar vazão à energia que geram.

Tribuna do Norte

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