De acordo com Rany Santana,
professor e biólogo atuante na região, a ocorrência não é comum e a mortandade
foi observada recentemente. O caso vem sendo relatado há cerca de duas semanas,
mas algumas especulações já podem ser descartadas. “Poderia ter sido um
problema de chuva, porque quando está chovendo muito em um lugar que é seco, a
água da chuva traz agrotóxico, mas em Parelhas não está chovendo, pelo
contrário, está sempre fazendo bastante calor”, considera.
Diante disso, entre os
possíveis fatores que podem estar causando a morte os peixes, o professor
destaca a influência das altas temperaturas registradas na região. “Aqui no
Seridó, a temperatura está mais quente do que o normal”, afirma. No local, que
podem ser encontradas tilápias e traíras, apenas peixes da espécie tilápia
foram registradas mortas em quantidade anormal. Segundo ele, a tilápia é uma
espécie pouco resistente ao calor, que tem temperatura ideal de criação em até
20ºC, o que pode reforçar a tese.
Outra hipótese considerada
pelo biólogo é a poluição, que pode estar associada ao acúmulo de matéria
orgânica por ação humana, condição que favorece um fenômeno conhecido como
eutrofização. Esse processo gera a proliferação de algas que consomem o oxigênio
da água, provocando a morte dos peixes. Contudo, o biólogo ressalta que a
barragem já é enriquecida com nutrientes há muitos anos e esse fator, por si
só, não explicaria um evento tão localizado e pontual.
Sobre os riscos à população
humana, o professor esclarece que não há ameaça direta à saúde, pois a água da
barragem passa por tratamento antes de ser distribuída. Entretanto, há impacto
econômico imediato para a comunidade local. “O problema acaba sendo mais
financeiro para a Vila dos Pescadores. Porque o pessoal ali, eles basicamente
dependem dessa venda de peixes. Então peixe morrendo é sinal de falta de
trabalho para o pessoal”, lamenta.
Depois de ter tomado ciência
do caso, o Igarn afirmou que uma equipe de monitoramento qualitativo irá ao
reservatório nesta quarta-feira (7). “Não temos como adiantar o que pode ter
ocasionado. Após a ida dos técnicos e as análises poderemos dizer as possíveis
causas”, respondeu. O Instituto também ressalta que recomendações só serão
emitidas após a conclusão das análises.
Enquanto as investigações não
são iniciadas oficialmente, o biólogo ressalta a importância do acompanhamento
contínuo da situação. “Infelizmente, sem saber o que está acontecendo, a gente
só espera. Pode ser um episódio único, pode ser que isso não persista. Então
tem que ser avaliado nas próximas semanas”, reforça Rany.
O Boqueirão de Parelhas
acumula 14.935.488 m³, percentualmente, 17,61% da sua capacidade, sem ter
recebido boas cargas nesta quadra chuvosa.
Tribuna do Norte

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