Para Rogério Marinho, “a
explosão de despesas promovida desde a PEC da Transição, aliada à criação de
fundos fora do orçamento e à exclusão de gastos como precatórios e programas
sociais do resultado primário, tem comprometido seriamente a credibilidade das
metas fiscais. Mesmo com aumento na arrecadação, o déficit primário alcançou R$
249 bilhões em 2023 e permanece elevado em 2024”.
Segundo Marinho, o Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) para 2026
revela um cenário de colapso funcional iminente: as despesas discricionárias
devem cair para apenas R$ 8,9 bilhões em 2029, inviabilizando o funcionamento
básico da máquina pública. Estatais acumularam déficits, a dívida pública se
aproxima de 82% do PIB, e os gastos com juros devem ultrapassar R$ 1 trilhão ao
ano. Ainda assim, o governo projeta superávits irreais e posterga qualquer
medida concreta de ajuste até depois das eleições de 2026.
Além disso, argumenta Marinho, a condução dos precatórios expõe a incoerência
do discurso oficial: após criticar a PEC de 2021, o governo atual antecipou
pagamentos, omitiu projeções futuras e usou créditos extraordinários para
mascarar o impacto real nas contas.
“A estratégia adotada sugere que o verdadeiro objetivo é preservar capital
político até 2026, empurrando o ajuste necessário para um eventual novo
mandato, repetindo a tática fiscal do governo Dilma”, continuou o senador
potiguar.
O mandato do senador Rogério Marinho divulgou, na quarta-feira (22), o
“Relatório Semanal nº 85 – Observatório da Oposição”, no qual aponta que o
colapso fiscal em gestação no Brasil “não é obra do acaso, mas resultado direto
de escolhas políticas deliberadas tomadas desde os primeiros dias do atual
governo”.
A nota técnica examina os principais vetores que conduzem à implosão do
orçamento federal: o aumento estrutural de despesas promovido pela PEC da
Transição, a destruição prática do novo arcabouço fiscal por meio de manobras
contábeis e elevação da carga tributária, o tratamento oportunista dado à
questão dos precatórios, a dilapidação das estatais, e a ausência de qualquer
medida efetiva de ajuste fiscal até as eleições de 2026, mesmo diante de
evidências de colapso funcional iminente do Estado.
De acordo com o “Observatório da Oposição” o ponto de partida da deterioração
foi a Emenda Constitucional n.º 126/2022, apelidada de PEC da Transição. Sob o
pretexto de garantir responsabilidade social, a medida autorizou um aumento de
mais de R$ 200 bilhões anuais na base de despesas do governo federal, sem
qualquer contrapartida de receita permanente ou revisão de programas.
A maior parte dessa expansão financiou o relançamento do Bolsa Família com
valores mais altos, reajustes salariais para servidores, recomposição de pisos
constitucionais, multiplicação de obras do PAC (no geral, inacabadas), e a
adoção de uma regra de valorização real do salário mínimo. Essa última já
criticada por apoiadores do próprio governo, como o economista Armínio Fraga.
Muito embora o governo tenha revisto a política, no fim do ano passado, de
forma a limitar os ganhos, essa política, por si só, gerará impacto de R$ 44,8
bilhões nas contas de 2026, e continuará a ter impactos anuais dessa magnitude
nos próximos anos.
Segundo a nota técnica, a aprovação da referida PEC desarticulou completamente
o antigo teto de gastos e minou, desde a sua aprovação, qualquer hipótese de
âncora fiscal crível. “O novo arcabouço fiscal nasceu em ambiente contaminado
por decisões que aumentaram fortemente as despesas obrigatórias e tornaram mais
rígida a estrutura orçamentária. A lógica do arcabouço de que o crescimento de
despesas deve ser abaixo do crescimento de receitas jamais funcionaria sobre
uma base de despesas tão inflada – e o PLDO 2026 escancarou o fim do arcabouço
– já antecipado pela Ministra Tebet, e as consequências da política de gastança
do governo Lula”, alertou o senador.
O relatório relata, ainda, que desde a aprovação do arcabouço, o governo vem
operando à margem do seu próprio regime fiscal, utilizando todo tipo de
instrumento para fugir das regras que ele mesmo criou. Entre as práticas mais
recorrentes estão a exclusão dos precatórios da meta de resultado primário até
2026, a retirada de políticas como o pé-de-meia e o auxílio gás da conta do
primário, o uso de fundos para políticas públicas que deveriam estar no
orçamento, a exclusão de despesas extraordinárias da meta de primário e a busca
do limite inferior da meta de primário em vez do centro.
Escapadas do arcabouço no
apagão orçamentário
Tentativa de colocar os fundos
da reforma tributária fora do orçamento.
MCMV via fundo social.
Manteve o piso da saúde em
2023 corrigido pela inflação e não pela RCL, como determinava o extinto teto
dos gastos.
Garantiu o crescimento real da
despesa em 0,6% mesmo que para isso diminua o contingenciamento estipulado pela
própria lei.
Aprovou R$ 6 bilhões para
bolsas do ensino médio por fora do teto,
Aprovou R$ 27 bilhões para
estados pela compensação ICMS por fora do teto.
Alterou o dispositivo que
permitia reavaliar as despesas com base no segundo relatório bimestral de
receitas. (para 1º relatório bimestral e via portaria STN).
Tentativa de distribuir o vale
gás fora do orçamento.
Fonte – Observatório da
Oposição

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