Segundo apontam os dados, as receitas correntes do Rio Grande do Norte tiveram
um aumento de aproximadamente R$ 5,6 bilhões. Apesar do crescimento, o Governo
do Estado projeta manter a alíquota de 20% do Imposto sobre Circulação de
Mercadorias e Serviços (ICMS) para 2024. Em resposta à reportagem da TRIBUNA DO
NORTE, a Secretaria da Fazenda (Sefaz) afirmou que a finalidade é evitar um
déficit na arrecadação no próximo ano e possíveis prejuízos advindos com a
reforma tributária.
De acordo com a pasta, a proposta de manutenção da alíquota foi enviada para
apreciação na Assembleia Legislativa (ALRN) e a expectativa é de que a
aprovação da medida possa compensar as perdas causadas pelas leis 192/22 e
194/22. Enquanto a primeira determinou a aplicação de alíquotas de ICMS pelo
piso (17% ou 18%) sobre combustíveis, energia elétrica, comunicações e
transporte coletivo, a segunda estabeleceu a incidência por uma única vez do
ICMS. Caso não seja feita a manutenção, a estimativa é que o Estado tenha um
déficit de R$ 700 milhões na arrecadação de 2024.
A Sefaz afirma que as perdas iniciadas em 2022, mesmo após o decreto estadual
que elevou a alíquota de 18% a 20% em abril deste ano, continuaram ocorrendo.
Aliado a isso, as mudanças de tributos previstas na reforma tributária, que
extingue o ICMS e o Imposto sobre Serviços (ISS) nos níveis estadual e
municipal e cria o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) para ser partilhado
entre ambas esferas de poder, também motivou a mudança. Caso mantivesse o
percentual da alíquota em 18%, afirma a pasta, o Rio Grande do Norte teria uma
participação menor no percentual da partilha única.
A proposta do Governo do Estado em aumentar de 18% para 20% a alíquota modal do
ICMS para 2024 será discutida com o setor produtivo e representantes do Governo
do Estado na próxima terça-feira (7), às 9h, na comissão de Constituição e
Justiça da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte.
Receita bruta cresce nos
últimos 4 anos
Dados do Portal da
Transparência do Rio Grande do Norte, por sua vez, apontam para aumentos na
arrecadação bruta nos últimos quatro anos. Em 2019, conforme apontam os dados,
o valor era de R$ 14,3 bilhões. Em 2022, o valor subiu para quase R$ 20
bilhões.
A variação positiva, no entanto, também se manteve nas despesas empenhadas, que
saíram de R$ 11, 6 bilhões e partiram para R$ 15, 5 bilhões. De janeiro a
outubro deste ano, o valor arrecadado é de R$ 16,4 bilhões, enquanto que as
despesas do Estado estão em R$ 13,9 bilhões.
“O nosso entrave é justamente a capacidade do Estado de investimento. O Estado
investe, por ano, menos do que arrecada por mês. Então, tem uma capacidade de
investimento frustrada e isso leva a todo o cenário de infraestrutura que não
oferece a oportunidade para que as indústrias possam ter uma boa performance”,
avaliou o presidente da Fiern, Roberto Serquiz, em entrevista concedida à rádio
Jovem Pan News Natal na semana passada.
Para o presidente da Fiern, a falta de investimentos se reflete em áreas
importantes para as indústrias e estão em pontos como o Porto de Natal, as
rodovias estaduais e o Aeroporto Aluízio Alves. Em sua avaliação, esses
problemas fazem com que o rio Grande do Norte perca competitividade frente a
outros estados do Nordeste.
A reportagem da TRIBUNA DO NORTE questionou a Sefaz sobre o que motivou o
aumento de 84,5% nos gastos com pessoal e encargos e o que tem sido feito para
abarcar essa demanda. Além disso, questionou a pasta sobre a redução em 47,64%
nos investimentos, quais foram as áreas mais afetadas com a queda e se a
diminuição ocorreu para abarcar os gastos com pessoal e encargos, mas não
obteve retorno até o fechamento desta edição.
Conforme mostram os dados da Secretaria de Tesouro Nacional (STN), o Rio Grande
do Norte apresenta o maior comprometimento de folha com despesas de pessoas
(DTP) do Brasil. No Estado, dentro do período de agosto de 2021 a agosto de
2023, as despesas atingiram 57,76%, percentual que supera o limite máximo de
relação entre DTP e Receita Corrente Líquida (RCL), referente a salários de
servidores, previsto pela Lei de Responsabilidade Fiscal. Pela norma, 46,55%
corresponde ao limite prudencial e 44,1% ao número de alerta.
Panorama
Quadro resumo dos balanços totais
(2018-2023)
Receitas Correntes
Variação total:
R$ 5.659.500.536,95
(+ 66,68%)
RCL P/Gasto com Pessoal
R$ 4.054.346.305,30
(+ 66,20%)
Despesa Total
R$ 5.533.726.706,98
(+ 63,61%)
Pessoal e encargos sociais
R$ 4.106.125.281,23
(+ 84,50%)
Investimentos
R$ 461.255.599,87
(- 47,64%)
**As Receitas Correntes correspondem à soma do que o Estado arrecada (receitas tributárias) + Fundo de Participação dos Estado – FPE (que representa o repasse da União). Desta soma, subtraí-se o repasse obrigatório do Estado aos municípios (FUNDEB e cota parte do ICMS).
Tribuna do Norte
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