

Nos dois primeiros meses de
2023, foram registrados oito casos de feminicídio no Distrito Federal. Segundo
a Secretaria de Segurança Pública do DF (SSP-DF), apenas na primeira semana de
2023, foram registrados quatro casos de feminicídios. Durante todo o ano
passado, 17 mulheres foram assassinadas no DF, vítimas de feminicídio. Uma das
coordenadoras da Casa Ieda Santos Delgado, Thaís Oliveira ressaltou que
faltam espaços de acolhimento para mulheres vítimas de violência doméstica na
capital do país.
“A marcha hoje é por essas
oito mulheres que não estão mais aqui. Houve um aumento do número de casos de
feminicídio no DF e essas mulheres morreram apenas por serem mulheres. Hoje é
dia de lembrarmos as milhares de mulheres que tiveram suas vidas tomadas pelo
machismo e fascismo”, afirmou.
“A violência doméstica é
preocupante e estamos desde o ano passado sem um espaço físico pois fomos
desalojadas pelo governador Ibaneis [Rocha, atualmente afastado do exercício do
cargo]. Continuamos o trabalho de forma itinerante, com parcerias, mas os
pedidos de apoio não param de chegar”, acrescentou. A Casa Ieda Santos Delgado
é um espaço de referência para mulheres em situação de violência doméstica.
Ato contra o feminicídio ocupa
o Eixo Monumental, em Brasília - Lula Marques/ Agência Brasil
Segundo a coordenadora da
Secretaria de Mulheres do Sindicato dos Professores do Distrito Federal
(Sinpro-DF), Mônica Caldeira, o movimento também busca a sensibilização do
governo local para uma educação que se comprometa com o combate à violência de
gênero.
“Entendemos que é fundamental
a formação para sociedade baseada em direitos humanos e contra manifestações
machistas dentro da escola. O currículo deve ter conteúdo interdisciplinar com
temáticas voltadas para inclusão de mulheres. É fundamental também que
haja leis voltadas para criminalização da misoginia. Já temos leis contra
racismo e pedofilia, mas ainda precisamos avançar nesse sentido, pois a
misoginia também mata”, alertou.
Para a dançarina Priscila
Assis, de 34 anos, a marcha é o momento de dar voz às angústias das mulheres de
todo o mundo. Entre os anseios descritos por ela está o direito a realizar
aborto de forma segura.
“Sou mulher e estou
diretamente interessada nos meus direitos de poder exercer uma liberdade real
como, por exemplo, sair sozinha à noite ou mesmo realizar um aborto com
segurança, em um hospital”, afirmou. “Além disso, acredito que devemos
reivindicar mais medidas de segurança pública para mulheres, como treinamentos
para policiais. Acho que falta estrutura para atendimento de mulheres quando
acontece algo e só há policiais homens”, ressaltou.
Clara Barros e Priscila
Assis participam da Marcha das Mulheres 8M Unificadas DF e
Entorno - Lula Marques/ Agência Brasil
Ao lado de Priscila, a
psicóloga Clara Barros, de 34 anos, reiterou o pedido por mais segurança e
educação voltada para mulheres.
“Falta conscientização das
pessoas. Houve uma distorção do que aprendemos sobre questões de gênero no
governo Bolsonaro, por exemplo. As pessoas precisam entender que é
fundamental falar sobre machismo”, disse. “Tenho uma filha e sinto que preciso
blindá-la dessa violência que vivemos, mas ao mesmo tempo preciso ensiná-la
questões relacionadas à segurança e faço o mesmo com meu marido. O tempo todo
sinto que tenho que ensinar a descontruir um machismo que ele aprendeu ao longo
da vida”, contou.
Agência Brasil
Nenhum comentário:
Postar um comentário