As seis redes são o grupo
holandês Ahold Delhaize (que inclui as marcas Delhaize e Albert Heijn), a
também holandesa Lidl Netherlands (que pertence ao grupo alemão Lidl), a belga
Carrefour Belgium (subsidiária do grupo francês de mesmo nome), a francesa
Auchan e as britânicas Sainsbury's e Princes Group.
Os compromissos assumidos
variam de uma empresa para a outra. A Lidl se comprometeu a não vender mais
carne com origem na América do Sul a partir de 2022. A Albert Heijn, maior rede
de supermercados da Holanda,
comunicou que vai parar de vender carne brasileira. Já a Delhaize e a Carrefour
Belgium não vão mais vender salgadinhos de charque e outros produtos da marca
Jack Link's, associada à JBS.
A Albert Heijn esclareceu que
tem em suas prateleiras apenas alguns poucos salgadinhos feitos com carne
brasileira. A Sainsbury's afirmou que pretende eliminar a carne do país da sua
marca própria de corned-beef, mas acrescentou que 90% do produto já vêm
do Reino Unido e
da Irlanda.
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2022
'Lavagem de gado'
Os boicotes foram anunciados
depois de uma investigação das ONGs Repórter Brasil e Mighty Earth acusar a JBS de adquirir reses criadas em áreas desmatadas,
dentro de um esquema conhecido como "lavagem de gado".
Neste esquema, o gado criado
em áreas desmatadas é transferido para uma fazenda regularizada e depois
vendido para o abate. Dessa forma, a origem dele é mascarada.
"Esses não são compromissos
vagos ou anúncios bonitinhos que ficam bem em comunicados de imprensa, mas uma
série de ações comerciais concretas adotadas por algumas das maiores redes de
supermercado da Europa para parar de comprar e vender carne bovina de uma
empresa e de um país que fizeram muitas promessas, mas apresentaram poucos
resultados", afirmou o diretor para a Europa da Mighty Earth, Nico Muzi.
JBS promete
tolerância zero
A JBS declarou à
agência de notícias Reuters que mantém tolerância zero com o desmatamento
ilegal e que bloqueou mais de 14 mil fornecedores por descumprirem suas normas.
A processadora de carne disse
que o levantamento da Repórter Brasil mencionou
somente cinco de 77 mil de seus fornecedores diretos e que estes fornecedores
se adequavam às suas políticas na ocasião da compra.
A empresa acrescentou que
monitorar fornecedores indiretos (que fornecem ao fornecedor final) é um
desafio para todo o setor, mas que pretende criar um sistema para isso até
2025.
Os fornecedores indiretos são
aqueles que vendem bezerros e boi magro para engordar em fazendas regulares e
que não são fiscalizados por governos e empresas.
O desmatamento na Amazônia
subiu no governo do presidente Jair Bolsonaro. Entre agosto de 2020 e julho de
2021, atingiu 13.235 km², segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Número equivale a
mais do dobro da área do Distrito Federal e é o maior desde 2006.
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Não é a primeira vez
Em maio, grandes supermercados
e produtores de alimentos europeus ameaçaram
boicotar produtos do Brasil por causa do
Projeto de Lei 510/21 que, afirmam, levaria a um desmatamento maior da floresta
amazônica.
A proposta é, basicamente, uma
reformulação do texto da MP 910 –
que foi publicada em dezembro de 2019, mas perdeu validade por não ter sido
votada dentro do prazo limite, até maio de 2020 – e do PL 2.633/2020,
que foi aprovado na Câmara.
O grupo foi composto por
grandes redes de supermercados britânicos como Tesco, J Sainsbury, Marks &
Spencer, assim como a alemã Aldi.
Empresas de produção de alimentos como a National Pig Association, o fundo público de previdência sueco AP7 e outros gestores de investimentos também estão na lista.
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