O Comitê de Política Monetária
(Copom) do Banco Central decidiu
nesta quarta-feira (4) elevar a taxa básica de juros da economia, a Selic, de
4,25% para 5,25% ao ano.
O aumento de um ponto
percentual já era esperado por parte dos analistas do mercado financeiro, que
estimam a taxa em 7% ao final deste ano. Esta foi a quarta elevação consecutiva
da taxa em 2021.
Em março, quando o Copom
decidiu elevar a taxa pela primeira vez em quase seis anos, a Selic
passou de 2% para
2,75% ao ano. Em maio, subiu de novo, para 3,5%. E em
junho, passou para
4,25%.
Inflação
A decisão do Copom é motivada
pela alta da
inflação.
O Índice Nacional de Preços ao
Consumidor Amplo (IPCA) – considerado a inflação oficial do país –
registra alta de 3,77% no acumulado do ano até
junho e 8,35% nos últimos 12 meses, segundo
dados do IBGE.
Entre os fatores que têm
puxado o aumento da inflação para cima estão os preços da energia elétrica e
dos combustíveis.
O mercado financeiro estima
que a inflação terminará o ano em 6,79%,
segundo dados do Boletim Focus. O resultado, se confirmado, ficará acima do teto da meta.
Em nota, o Copom afirmou que a
inflação continua persistente, assim como a pressão sobre bens industriais.
Causou surpresa para os integrantes do comitê a alta da inflação dos serviços.
"Além disso, há novas
pressões em componentes voláteis, como a possível elevação do adicional da
bandeira tarifária e os novos aumentos nos preços de alimentos, ambos
decorrentes de condições climáticas adversas. Em conjunto, esses fatores
acarretam revisão significativa das projeções de curto prazo", diz o
comitê, ao justificar a alta de 1 ponto percentual.
Mais aumentos
Em nota, o Copom sinalizou que
fará outra alta de um ponto percentual na próxima reunião, que acontecerá em 21
e 22 de setembro. O comitê sinalizou, ainda, que a taxa Selic deve encerrar o
ano acima do patamar considerado de "juro neutro".
O percentual de 6,5% é
entendido, pelo Banco Central, como o "juro neutro", ou seja, que não
acelera nem desacelera a inflação.
Com a sinalização, o Copom
indica que deve subir até o fim do ano a Selic para além de 6,5%, em linha com
o que espera o mercado financeiro. Patamares acima do neutro são chamados de
juros restritivos, voltados a contrair o consumo para controlar a inflação.
"O Copom considera que,
neste momento, a estratégia de ser mais tempestivo no ajuste da política
monetária é a mais apropriada para garantir a ancoragem das expectativas de
inflação. Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade
de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de
atividade econômica e fomento do pleno emprego", diz o comitê em nota.
Consequências
O processo de aumento dos
juros, que teve início em março e deve prosseguir nos próximos meses, segundo
especialistas, gera algumas consequências para a economia, entre as quais:
Reflexos nos juros
cobrados pelos bancos, que já vêm sendo pressionados pelos "riscos
fiscais" – aumento de gastos públicos – e também pela previsão de alta da
inadimplência, além do quadro político e das novas variantes de Covid;
Influência negativa no consumo
da população e nos investimentos produtivos, impactando,
assim, o emprego e a renda;
Aumenta a remuneração das
aplicações financeiras no Brasil, estimulando o ingresso de recursos na
economia e atenuando as pressões de valorização do dólar;
Aumenta as despesas com
juros da dívida pública.
Como a decisão é tomada
O Copom fixa a taxa básica de
juros com base no sistema de metas de inflação, fixadas pelo Conselho Monetário
Nacional (CMN).
Para 2021, a meta central é de
3,75%. Pelo sistema de metas, a meta será considerada cumprida se ficar entre
2,25% e 5,25% em 2021.
Para o ano que vem, a meta central de inflação é de 3,50% e será oficialmente cumprida se o índice oscilar de 2% a 5%.
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