Em 2024, o Estado teve a menor taxa de homicídios dos últimos 15 anos. Dados da violência vinham melhorando | Foto: Magnus Nascimento
Após um período de redução
histórica nos índices de violência letal, o Rio Grande do Norte voltou a
registrar aumento no número de homicídios em 2025, impulsionado por disputas
entre organizações criminosas que passaram a atuar em território potiguar. Segundo
dados da Coordenadoria de Informações Estatísticas e Análises Criminais
(Coine), consolidados pela Secretaria da Segurança Pública e da Defesa Social
(Sesed), o mês de setembro teve 68 vítimas de crimes violentos letais
intencionais (CVLIs), mais que o dobro das 31 registradas no mesmo período de
2024. A escalada interrompe uma sequência de quedas no mesmo mês que vinha
sendo observada desde 2022.
Para o secretário estadual de Segurança Pública, coronel Araújo, o aumento recente tem relação direta com o avanço e o confronto entre grupos criminosos que disputam o controle de territórios. “Organizações criminosas que se mudaram da região Sudeste para vir ao Nordeste, à Paraíba, ao Rio Grande do Norte, ao Ceará, à Bahia, acabaram influenciando diretamente o aumento dos homicídios. Há uma disputa entre eles por território, de quem deve tomar conta e quem deve ocupar. Então, eles se matam entre si”, explica.
Segundo ele, as forças de
segurança têm intensificado as ações de enfrentamento, o que também gera
confrontos com criminosos. “Estamos prendendo, investigando e, em alguns casos,
eles enfrentam a polícia e acabam morrendo na troca de tiros. São dados reais”,
destaca o secretário. De janeiro a setembro, foram registradas 653 vítimas de
crimes violentos letais intencionais no Estado, número superior ao do mesmo
período de 2024, quando foram 565, um aumento de 15,57%.
A série histórica, desde 2011,
mostra que o Estado viveu o auge da violência em 2017, quando foram
contabilizadas 2.727 vítimas. Desde então, a curva passou a cair gradualmente
até chegar, em 2024, ao menor índice em 15 anos. O coronel Araújo reforça que a
variação mensal é comum e que a Sesed tem adotado medidas específicas em áreas
mais afetadas pela violência. “A criminalidade é migratória, ela muda de um
lugar para outro. Quando há registro de aumento de homicídios ou de roubos em
determinada região, a gente ajusta o planejamento e o emprego do efetivo
naquele local”, destaca.
Como exemplo, o secretário
relembra a operação Território Seguro em bairros da zona Oeste de Natal, como
Planalto, Guarapes, Cidade Nova e Felipe Camarão, com reforço policial e ações
de investigação voltadas à redução dos índices de criminalidade nessas áreas.
Na ação realizada em 15 de outubro, 30 pessoas foram presas, além da apreensão
de armas de fogo e entorpecentes.
Os dados mais recentes da
Sesed indicam que, apesar da oscilação nas mortes violentas, houve quedas
significativas nos crimes patrimoniais. Entre janeiro e setembro deste ano, os
roubos em via pública caíram 34%, os roubos a residência 34,6% e os roubos a
estabelecimentos comerciais 31,6%. Também houve redução de 34,7% nos roubos de
veículos e de 30,7% nos roubos de celulares. Casos de furtos de veículos e
celulares recuaram 11,3% e 6,5%, respectivamente, e o número de assaltos a
ônibus caiu 26,9% no comparativo com 2024.
Entre 2019 e 2024, o Rio
Grande do Norte consolidou a maior queda acumulada de crimes violentos letais
da sua história recente. Para o coronel Araújo, a redução foi atribuída à
combinação de investimentos em tecnologia e informação, além do fortalecimento
das forças de segurança. “Nós melhoramos a forma de emprego da segurança.
Fizemos integração informacional, inteligência entre as polícias e outros
órgãos. Isso nos permitiu apreender grandes cargas de drogas, como 1.200 kg de
cocaína e 1.100 kg de maconha”, explica o secretário.
Apesar disso, ele destaca que
a repressão ao tráfico também influencia os números da violência letal, já que
as organizações criminosas sofrem impactos financeiros e reagem com novos
confrontos. “Alguém tem que pagar por isso. Então, eles se enfrentam, disputam
espaço e acabam morrendo”, relata.
O secretário pondera que,
embora o ideal fosse alcançar índices zerados de homicídios, a violência ainda
é uma realidade social de múltiplos fatores. “O ideal é que no Rio Grande do
Norte não morresse ninguém, mas as forças de segurança estão fazendo todos os
esforços. Temos limitação no orçamento. Nós não temos polícia para estar em
todo lugar, nem viatura suficiente, mas temos planejamento, inteligência e
integração. O esforço é contínuo, e os resultados estão aparecendo”, afirma.
Para o coronel Araújo, com
base nas projeções atuais, o total de mortes violentas em 2025 deve permanecer
abaixo do número registrado em 2023, mas ainda superior ao de 2024,
consolidando o 2º menor número acumulado do ano em toda a série histórica.
Tribuna do Norte

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