segunda-feira, 29 de setembro de 2025

Arquitetos da vida

A história da saúde pública e da medicina no RN não pode ser contada sem a presença de nomes que marcaram gerações com sua visão administrativa, compromisso social e dedicação à população. Entre eles, destacam-se Onofre Lopes e Varela Santiago Sobrinho, cujas trajetórias se entrelaçam no fortalecimento da estrutura médica e no atendimento humanizado. Se por um lado Onofre Lopes foi o gestor da saúde pública, por outro Varela Santiago foi o médico filantropo.

Médico de formação e político por vocação, Onofre Lopes desempenhou papel central na consolidação da saúde pública potiguar. Como secretário de Saúde, foi responsável por modernizar hospitais, expandir postos de atendimento e implementar programas de prevenção contra doenças endêmicas como malária e tuberculose.

Além de ampliar a infraestrutura, também investiu na formação de profissionais de saúde, incentivando a capacitação de médicos, enfermeiros e técnicos, o que contribuiu para sedimentar uma rede mais eficiente de atendimento. Sua atuação marcou uma fase de organização e expansão da saúde pública, que passou a alcançar não apenas a capital, mas também o interior do estado.

Foi ele que em 1950 idealizou a criação de uma universidade no RN, projeto que resultaria na fundação da UFRN, concretizada em 1958, no governo Dinarte Mariz. De 1950 a 1960 atuou como o primeiro reitor da UFRN, marcando a história do ensino superior no estado. Na edição da TN que destacava o seu centenário de nascimento, em julho de 2007, o jornal lembrava que foi Onofre que “de volta à capital potiguar, logo passou a liderar o movimento para a criação de uma faculdade de medicina. Em pouco tempo, seria criada a UFRN, federalizada também através da luta do médico”.

Se Onofre Lopes é lembrado pela força administrativa, Varela Santiago Sobrinho é reverenciado pela humanidade no exercício da medicina. Médico vindo de uma família influente de Natal, destacou-se pelo compromisso em atender a população carente, oferecendo consultas, tratamentos e iniciativas filantrópicas em uma época em que o acesso à saúde era restrito para muitos.

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Varela tornou-se símbolo do atendimento ético, solidário e próximo do paciente, projetando sua figura como um exemplo de médico filantropo e de profundo compromisso social. Sua trajetória inspirou novas gerações de profissionais de saúde, que encontraram nele um modelo de dedicação e empatia. Em fevereiro de 1952, a Tribuna mostrava sua dedicação aos pacientes com hanseníase, também chamada de lepra. Dr. Varela pedia apoio da sociedade no tratamento de pessoas estigmatizadas pela doença. Em 7/7/1965 a TN noticiava a inauguração, em Natal, do hospital infantil filantrópico que leva o seu nome.

Embora tenham atuado em frentes distintas, Onofre Lopes e Varela Santiago Sobrinho se complementam na construção da história da saúde no Rio Grande do Norte. De um lado, o gestor visionário, capaz de estruturar políticas públicas e ampliar o alcance dos serviços médicos; de outro, o médico filantropo, que personificou o cuidado e a solidariedade. Juntos, representam dois pilares fundamentais: a saúde como política pública estruturada e a medicina como ato humano de compaixão.

Assim, o legado de Onofre Lopes e Varela Santiago Sobrinho permanece vivo não apenas nas memórias, mas também nas instituições e valores que moldaram a medicina potiguar, projetando-os como referências indissociáveis da história do Rio Grande
do Norte.

Tribuna do Norte

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