“De 32 embarcações, só saíram nove. A gente está no período de baixa produção
também e tem que aguardar esse mês para analisar como vai ser a produção. O
plano B da gente seria a Europa, mas caso a gente não consiga exportar, vamos
ter que colocar todo o nosso produto no mercado interno”, afirma Arimar Filho,
presidente do Sindicato da Indústria de Pesca do Estado (Sindipesca RN).
Atualmente, os Estados Unidos respondem por cerca de 80% do consumo do atum
fresco pescado pelos barcos potiguares, o que representa aproximadamente 4 mil
toneladas por ano e movimenta US$ 50 milhões, o equivalente a mais de R$ 278
milhões na cotação atual. Diante da nova tarifa de 50% para a importação do
pescado, há um esforço de diálogo com clientes norte-americanos para que
pressionem o governo Trump a rever a medida.
“A gente tem conversado com os nossos clientes para eles contactarem o
representante deles nos Estados Unidos. E a gente também está contactando o
Ministério da Agricultura e o da Pesca, procurando saber como está a situação
da reabertura do mercado europeu”, acrescenta Arimar.
No entanto, até o momento, não houve avanços concretos sobre a reabertura. Em
fevereiro deste ano, a retomada das exportações de pescado para a União
Europeia e o Reino Unido foi tema de uma missão técnica do Ministério da
Agricultura em Bruxelas. Desde dezembro de 2017, após uma inspeção da UE
apontar falhas nos sistemas de controle sanitário — incluindo irregularidades
em embarcações e instalações de processamento — o Brasil está impedido de
exportar pescado para esses mercados.
Com o aumento da tarifa americana, a Associação Brasileira da Indústria da
Pesca (Abipesca) encaminhou pedidos emergenciais ao governo federal, incluindo
a reabertura do mercado europeu e a liberação de uma linha emergencial de
crédito no valor de R$ 900 milhões. O Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA)
foi procurado pela reportagem, mas não respondeu até o fechamento desta edição.
“Ainda não teve avanços sobre essa questão do mercado europeu. Continuamos
esperando e, enquanto isso, a gente vai vender tudo para o mercado interno,
para tentar reduzir as perdas que devem acontecer”, relata Arimar.
Quanto à força de trabalho, o setor busca formas de evitar demissões. “Quem
tinha direito às férias foi colocado de férias, e a gente está esperando as
embarcações voltarem para ter noção de como o mercado vai ficar quando a nova
tarifa começar”, explica.
No Rio Grande do Norte, cerca de 1.500 pessoas trabalham diretamente na
produção de pescado. Arimar Filho afirma que, até o momento, nenhum trabalhador
foi demitido por causa da nova tarifa imposta pelos Estados Unidos. No entanto,
os empresários estudam uma proposta de afastamento remunerado, semelhante ao
adotado durante a pandemia da covid-19. “É um ‘remédio’ que pode fazer com que
haja o afastamento de forma remunerada, semelhante ao que aconteceu na
pandemia”, sugere.
Durante o estado de calamidade pública causado pela crise sanitária, a Medida
Provisória 936/20 permitiu a redução de salários e jornadas de trabalho ou a
suspensão dos contratos. A medida foi convertida na Lei 14.020/20, que previa o
pagamento de um benefício emergencial pelo governo aos trabalhadores com
carteira assinada, contratos de aprendizagem e jornada parcial.

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