Alcolumbre chamou de “exercício arbitrário” a ocupação da Mesa Diretora e cancelou a sessão. Desde a manhã, parlamentares de oposição fazem protestos contra a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e pressionam para que o impeachment do ministro Alexandre de Moraes e a anistia aos condenados pelos atos antidemocráticos de 8 de janeiro sejam pautados. Alcolumbre e o Motta não apareceram nas Casas na tarde da terça.
“A ocupação das Mesas
Diretoras das Casas, que inviabilize o seu funcionamento, constitui exercício
arbitrário das próprias razões, algo inusitado e alheio aos princípios
democráticos. Faço, portanto, um chamado à serenidade e ao espírito de
cooperação. Precisamos retomar os trabalhos com respeito, civilidade e diálogo,
para que o Congresso siga cumprindo sua missão em favor do Brasil e da nossa
população”, escreveu Alcolumbre, acrescentando que fará uma reunião de líderes.
Motta, por sua vez, decidiu
antecipar a reunião de líderes da Casa e disse que as sessões de terça e de
quarta-feira da Câmara estão suspensas.
Segundo o líder do PL na
Câmara, Sóstenes Cavalcante, Motta o telefonou para perguntar sobre as
obstruções e prometeu que a oposição seguirá mobilizada, em rodízio, durante
toda a madrugada.
“O presidente Hugo Motta me
ligou na parte da tarde. Eu expliquei a ele as motivações e que são ações
coordenadas. Em especial no Senado, os senadores disseram que o presidente
Alcolumbre não atendia os líderes há mais de quinze dias. A única forma que encontramos
foi ocupando as mesas e será rodízio pela madrugada toda.”.
Na manhã desta quarta-feira
(6), uma reunião de líderes está agendada. Sóstenes, contudo, afirma que a
oposição não irá participar. Segundo ele, o desejo é conversar com Motta e
Alcolumbre juntos, para que ambos se comprometam a ao menos dialogar acerca de
suas demandas.
“Acompanho a situação em
Brasília desde as primeiras horas do dia de terça, inclusive o que vem
aconteceu à tarde no plenário da Camara. Determinei o encerramento da sessão do
dia de terça e quarta-feira chamarei reunião de líderes para tratar da pauta, que
sempre será definida com base no diálogo e no respeito institucional. O
Parlamento deve ser a ponte para o entendimento”, declarou.
Motta passou a maior parte da
terça-feira na Paraíba, seu estado natal, onde participou da inauguração de um
hospital ao lado do ministro da Saúde, Alexandre Padilha. Na ocasião, ele
comentou sobre a prisão domiciliar de Bolsonaro, mas evitou se comprometer e
não fez uma defesa e nem crítica a ele.
Parlamentares de oposição, no
Senado, também ocuparam a Mesa Diretora impedindo a retomada dos trabalho após
recesso | Foto: Reprodução
Vice-presidente da Câmara diz
que pautará anistia
Após a prisão do ex-presidente
Jair Bolsonaro, na noite desta segunda-feira, integrantes da oposição afirmaram
que vão tentar pautar o projeto que anistia os envolvidos nos atos de 8 de
janeiro na ausência do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e
cobraram o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), a dar andamento
aos pedidos de impeachment contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo
Tribunal Federal (STF).
O líder do PL na Câmara,
Altineu Côrtes (RJ), vice-presidente da Casa, disse que pautará a anistia no
primeiro momento em que assumir o comando em alguma ausência de Motta.
“Sempre busquei o presidente
Hugo Motta, que tem a pauta da Câmara na mão. Diante dos fatos, quero dizer que
no primeiro momento em que eu exercer a presidência da Câmara, vou pautar a
anistia”, disse Côrtes.
Líder da oposição no
Congresso, o senador Rogério Marinho (PL-RN) cobrou o presidente do Senado,
Davi Alcolumbre (União-AP) a dar andamento aos pedidos de impeachment de
Moraes.
“Eu, como líder de oposição,
não consigo interlocução com Davi Alcolumbre. Isso é um desrespeito. Ele pode
ser aliado do governo, mas não pode virar as costas a uma demanda imposta pelo
Parlamento. É necessário que ele tenha estatura e permita a abertura do
processo de impedimento por crime de responsabilidade em desfavor do ministro
Alexandre”, disse Marinho.
A oposição afirmou ainda que
vai obstruir os trabalhos no Congresso. Deputados ocuparam as Mesas Diretoras
da Câmara com fitas na boca, como se estivessem amordaçados, em uma crítica ao
que chamam de censura de Moraes. Senadores também sentaram nas cadeiras
destinadas ao comando do Senado antes de a sessão desta terça-feira ser aberta.
O senador Flávio Bolsonaro
(PL-RJ) acrescentou que, além da anistia e da pressão contra Moraes, o fim do
foro privilegiado também será tratado como prioridade. O presidente nacional do
Progressistas, o senador Ciro Nogueira (PP-PI), afirmou que o próprio partido e
o União Brasil, com o qual deve se federar, vão aderir à obstrução.
Tribuna do Norte

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