A tarifa anterior do bloco
estava em 30%. A alíquota tarifária fechada neste domingo é superior ao imposto
de 10% que os europeus vinham buscando e que Trump aplicou aos produtos
britânicos. Entretanto, 15% reflete a principal alíquota tarifária do acordo
comercial EUA-Japão, anunciado na última terça-feira, e é inferior às alíquotas
de 19% e 20% impostas a vários países do Sudeste Asiático.
O acordo foi fechado após um
anúncio de que a União Europeia fará investimentos de US$ 600 bilhões a mais na
economia americana nos próximos anos. O acordo foi alcançado em uma reunião de
apenas duas horas — antes do encontro o americano disse que não estava de “bom
humor”.
Segundo Trump, além dos
investimentos, os europeus vão comprar “bilhões de dólares” em equipamentos
militares americanos. O acordo também prevê a compra de US$ 750 bilhões em
produtos de energia dos EUA.
De acordo com a presidente da
Comissão Europeia, essa compra de US$ 750 bilhões será dividida em 3 anos. A UE
pretende trocar o gás e o petróleo russo pelo americano.
“Queremos nos livrar
absolutamente dos combustíveis fósseis russos. E, portanto, é muito bem-vindo
comprar energia mais acessível e melhor dos Estados Unidos. E, infelizmente,
nossa estimativa é que isso pode ser de US$ 250 bilhões por ano ao longo de três
anos”, disse Ursula von der Leyen.
Ursula confirmou que uma
tarifa geral de 15% será aplicada a muitos produtos. Todavia, ambos os lados
reduzirão as tarifas a zero para aeronaves e peças de avião, certos produtos
químicos, certos genéricos, equipamentos semicondutores, alguns produtos agrícolas
e matérias-primas críticas.
O acordo irá “reequilibrar, e
possibilitar o comércio para ambos os lados”, disse ela, sentada ao lado de
Trump enquanto os líderes faziam o anúncio.
No entanto, nem todas as
tarifas mais altas foram eliminadas. Trump deu a entender que a tarifa de 50%
que ele impôs sobre o aço e o alumínio globalmente permanecerá como está.
Montadoras
Questionada sobre se as
montadoras europeias concordariam com tarifas de até 15% — acima dos 2,5%
anteriores à posse de Trump — Ursula disse que a situação poderia ter sido
pior.
A tarifa sobre os automóveis é
um ponto de discórdia para os europeus, especialmente para a Alemanha, a maior
economia da UE. As montadoras europeias, que enviaram carros no valor de 38,5
bilhões de euros (US$ 45 bilhões) para os Estados Unidos no ano passado, vêm
sofrendo com as tarifas de 27,5% impostas por Trump em abril.
Já em relação às tarifas de
15% sobre os produtos farmacêuticos, ela disse que devem continuar. Mas
acrescentou que pode tratar do tema em outras negociações. “Isso é assunto para
outra folha de papel”.
Essa foi exatamente a vontade
de Donald Trump, que antes da negociação queria que os produtos farmacêuticos
fossem tratados separadamente. A decisão foi um grande golpe para a Europa, que
esperava limitar a tarifa sobre medicamentos, sua principal exportação para os
Estados Unidos. “Os produtos farmacêuticos são muito especiais”, disse o
presidente americano.
O anseio europeu por limitar a
tarifa ocorre após o governo Trump ameaçar no mês passado que poderia aumentar
as tarifas sobre produtos farmacêuticos para 200%. Como o tema foi deixado para
outra negociação, o mesmo segue indefinido.
Embora o acordo pareça ser
preliminar e deixe muitas questões a serem resolvidas, ele pode trazer uma
certa calma a uma das relações econômicas mais importantes do mundo e arrefecer
os temores de uma escalada da guerra comercial. No ano passado, a União Europeia
foi responsável por quase US$ 610 bilhões dos US$ 3,3 trilhões em bens
importados pelos Estados Unidos.
Antes de se reunir com Ursula
von der Leyen, Trump havia afirmado a União Europeia teria
de se abrir para o mercado americano para um possível acordo.
A representante do bloco
europeu acreditava que tinha “50% de chance” de fechar acordo sobre as taxas.
Em aceno a Trump antes da reunião, Ursula havia reconhecido a necessidade de
ajustar as relações. “Precisamos rebalancear. A União Europeia é
superavitária”, afirmou.
A União Europeia havia
afirmado que se não houvesse acordo, o bloco estaria pronto
para retaliar com tarifas em centenas de produtos americanos, variando
de carne bovina e cerveja a peças de automóveis e aviões da Boeing.
Após a agenda desse domingo, o
presidente americano tem um encontro marcado nesta segunda-feira, 28, na
Escócia com o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer. Os dois anunciarem um
acordo comercial no mês passado, durante o encontro do G7 (as sete maiores
economias do mundo), no Canadá. /COM NYT
Estadão
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