Mesmo diante do fato de que o prefeito de Mossoró, Allyson Bezerra (União) e o ex-prefeito de Natal, Álvaro Dias (Republicanos) também se colocarem como pré-candidatos de oposição no campo da direita e oposição ao governo Fátima Bezerra, o senador Rogério Marinho ainda acha que há espaço para diálogo político e união entre eles: “É evidente que nós vamos tentar essa composição, nós vamos tentar essa confluência, mas ela pode ser que não seja possível”.
Rogério Marinho admite que existem algumas condicionantes, dando o exemplo da parceria entre o prefeito de Mossoró e a senadora Zenaide Maia (PSD), que tentará a reeleição. “Eu não acredito que nós possamos ter uma postura no Rio Grande do Norte, uma postura diferente em Brasília. O Partido Liberal (PL) é o partido mais popular do Brasil, então, com essa responsabilidade, com a necessidade, temos nitidez programática e ideológica”, disse ele.
Marinho reforça que “não é possível termos aqui um pulso diferente do que temos em Brasília. Então, tenho o maior respeito pela senadora Zenaide. Pessoalmente, convivo bem com ela, gosto dela, mas a visão que ela tem de Brasil não é a que eu tenho, não é o que a gente defende, não é o que a gente professa. Ela hoje é uma aliada e vice-líder do governo do PT, que é a nosso adversário nacionalmente. Então, não vamos trabalhar pela sua recondução, vamos ter um candidato que vai se opor, vai se contrapor a ela, o senador Styvenson Valentim (PSDB) e teremos um outro candidato ao Senado da República”.
Definição
Para o senador, o fechamento da chapa majoritária não deve ser escolha somente
com base em pesquisa eleitoral, existem outros fatores, pois se fosse assim,
nem ele havia sido eleito senador em 2022 e nem Paulinho Freire teria sido
eleito prefeito de Natal em 2024. “Há necessidade e defendo desde sempre, se
você postula uma posição majoritária, precisa apresentar um projeto para o
Estado. E é o que a gente está fazendo. Espero que os outros façam o mesmo”,
declarou.
Segundo Marinho, a outra questão “é os apoios que se reúne, a capacidade que se
tem de tracionar uma campanha eleitoral. A legitimidade e a autenticidade do
seu posicionamento, a vontade de exercer o mandato. Esse é um questionamento
que me é feito. Eu estava conversando com um apoiador e disse, mas vai deixar a
Brasília, ainda tem mais cinco anos e meio de mandato? Você hoje é o
secretário-geral do partido, é o líder da oposição, você está em evidência, mas
eu digo, olha, eu não seria nada disso se eu não tivesse tido a confiança, o
apoio, o voto da população do meu estado”
Para o senador, “é evidente que para votar em mim, as pessoas vão ter que fazer
uma escolha. Querem mudar o Estado do Rio Grande do Norte ou querem mais do
mesmo. Eu vou repetir o que os governadores anteriores fizeram, ou vou ter a
coragem de dar um chega nessa situação e reorganizar o Estado. Inclusive,
chamando os Poderes para conversar. E eu falo de Legislativo, Tribunal de
Justiça, Ministério Público e Tribunal de Contas do Estado, todos têm que
contribuir e abrir de um pouco que tem para que o Estado volte a ter a
capacidade de investir”.
Processo eleitoral
Rogério Marinho disse que “a população começa a se incomodar para valer com a
política três ou quatro meses antes do processo eleitoral e isso vai aquecendo.
Então, hoje as pessoas estão cuidando das suas vidas, buscando emprego,
tentando pagar o carnê com o IOF caro, tentando resolver a vida dos filhos
encaminhados na educação, todo mundo tem o seu problema”.
Por enquanto, Marinho afirma que “está fazendo o dever de casa, somos um
partido que tem hoje 22 ou 23 prefeitos, elegemos 19 no pleito do ano passado e
espero que até o final de agosto atingir 26 prefeitos. Temos 29 vice-prefeitos
e em torno de 150 vereadores no Rio Grande do Norte. Temos seis deputados
estaduais e dois deputados federais”.
Então, historiou Marinho, “o nosso grupo político se organizou e desde o início
desse ano está percorrendo o Estado para fazer o nosso dever de casa. Estamos
atraindo novos quadros, motivando lideranças que têm interesse de se candidatar
ao legislativo. Buscar essa afinidade não apenas dentro do partido, mas com
outros partidos que podem ter convergência conosco nas eleições. tanto
majoritárias para o Governo Federal como para o Governo do Estado e fazer um
diagnóstico do que é o Rio Grande do Norte”.
Situação do Estado
Hoje, informou Marinho, o Rio Grande do Norte “é o 27º estado da Federação,
segundo dados de 2024 do Centro de Liderança Pública, em solidez fiscal, último
o colocado em sustentabilidade ambiental e no IDEB e em taxa de investimento e
22º taxa de investimento público e em eficiência da máquina pública e em
potencial de mercado. E, veja nessa questão de competitividade; em 2018, quando
Fátima Bezerra (PT) chegou no governo, aliás o Cadu Xavier (secretário da
Fazenda e pré-candidato ao governo em 2026), numa entrevista disse: Vamos
debater. Mas vamos debater oportunamente, isso é um filme em construção, vamos
debater quando o filme estiver mais próximo, mas dado de 2024, o Rio Grande do
Norte era o 16º estado da federação nesse âmbito de competitividade, hoje está
em 24, caiu oito posições. Era o quarto do Nordeste, hoje é o nono do
Nordeste”.
Marinho avalia que “o governo do PT fez muito mal o Rio Grande do Norte. Isso é
um fato atestado pelos indicadores que estão públicos, que são indicadores
idôneos, que mostram que estamos muito mal entregues”.
Para o senador, “o Estado está numa situação muito ruim. Esse é um diagnóstico.
Eu poderia falar aqui da catástrofe que existe hoje na infraestrutura de
estradas, de hospitais, de escolas. Mas acho que fazer crítica pela crítica, é
fácil, ter uma postura de estilingue e quem está governando é uma vidraça.
Então o diagnóstico está posto”.
Resolução do problema
Rogério Marinho disse que o PL propõe soluções para resolver o problema do Rio
Grande do Norte: “É necessário que haja a possibilidade de apresentação de um
projeto, que estamos construindo e apresentar no final do ano, para que a
sociedade julgue se esse projeto vai ao encontro das aspirações da grande
maioria dos potiguares, mas me parece que haverá necessidade de tomar medidas
inclusive impopulares, medidas em que nos últimos 20 anos não vimos os
governadores que se sucederam, terem a coragem de fazê-lo”.
“Por isso que nós perdemos a competitividade e perdemos a condição de sermos um
Estado na dianteira dos nossos vizinhos”, continuou Marinho, citando o que
aconteceu com Alagoas, Ceará, Paraíba e Sergipe.
Em relação a medidas que possam desagradar, Marinho diz que “ao mesmo tempo dá
legitimidade para o que precisa ser feito, seja feito sem que a população se
sinta enganada. Não estou dizendo que eu não vou dar aumento salarial, não vou
dar aumento real. Não é possível dar aumento real a servidores no Rio Grande do
Norte, que está quebrado, que não tem capacidade, por exemplo, de comprar
esparadrapo para quem está buscando o serviço de saúde pública. Pagar os pisos,
tem que cumprir a lei. Cumprir a lei é uma coisa, fazer planos de cargos e
salários. na situação em que o Estado se encontra? Primeiro o Estado precisa
servir ao conjunto dos habitantes do Rio Grande do Norte, não apenas aqueles
que são funcionários públicos com todo respeito, que deve ser valorizado, pagar
salário em dia, permitir a correção para que não haja perda financeira, mas
ficar com um proselitismo que vai dar aumento real na situação em que o Estado
se encontra? Não”.
Por exemplo, acrescenta Marinho, “temos uma rede educacional no Estado, que não
é apenas uma questão da qualidade, que por si só já é muito forte, mas a
estrutura das escolas. A gente vê o governo querendo construir escolas de tempo
integral e não consegue sequer recuperar as escolas que tem. E a população fica
a míngua em função de um discurso populista e equivocado”.
“Nós temos problemas hoje no estado do Rio Grande do Norte que nos colocaram no
último lugar do IDEB. E é uma professora que está governando o Estado do Rio
Grande do Norte. É alguém que tem um histórico de relação com os movimentos
sindicais e corporativos. Ou você tem responsabilidade com o Estado, ou você
vai ser mais do mesmo”, continuou.
Venda da Caern
Rogério Marinho volta a incluir entre medidas necessárias a desestatização da
Caern como forma de dar capacidade de investimento ao Estado e recuperar o
passivo de saneamento básico: “Quando falo da venda da Caern, não é porque
quero vender um ativo do Estado para colocar recursos no cofre do Rio Grande do
Norte. É porque a Caern é ineficiente. Nós temos 50% da água que é prospectada
que não chega no destino final. A conservação do nosso sistema hídrico não é
adequada. Tem uma situação em que o saneamento está deixando a desejar. E se
continuar como está, nós não vamos cumprir a meta de universalização em 2033”.
Marinho disse, ainda, que: “a população precisa é que o serviço seja prestado e
com isso podemos de fato receber uma outorga que vai servir, por exemplo, para
investir na recuperação da infraestrutura de estradas, de hospitais, de escolas
e um bom serviço para a população. Eu defendo também a venda de outros ativos.
Quantos imóveis o estado do Rio Grande do Norte tem inservíveis? Ou que só
geram custos para o Estado ? Então o Rio Grande do Norte precisa focar no que é
essencial. O estado precisa ser um estado eficiente, que serve à população. E,
não aquele que se serve da população”.
Tribuna do Norte

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