O cenário potiguar fica bem
distante dos outros estados nordestinos. O Maranhão é o campeão nacional nesse
quesito, com 79,84% da população carcerária inserida em alguma atividade
laboral. Sergipe (53,83%) e Ceará (52,78%) já ultrapassaram a meta nacional
estipulada pelo Ministério da Justiça de que metade dos presos estejam
trabalhando até 2027. Outros estados da região, como Alagoas (30,71%), Bahia
(20,53%), Piauí (16,50%), Paraíba (12,63%) e Pernambuco (12,98%), também
apresentam resultados superiores.
Entre os que exercem algum tipo de trabalho, a maioria atua dentro das próprias
unidades: 394. Além deles, 35 trabalham fora. Entre os presos trabalhadores,
214 também estudam. Quanto ao gênero, das 429 pessoas, 313 são homens (72,96%)
e 116 são mulheres (27,04%), também de acordo com os últimos dados da Senappen.
O trabalho prisional é uma das formas previstas na Lei de Execução Penal para a
redução da pena, com três dias de trabalho equivalendo a um dia de remição.
Questionada pela reportagem da TRIBUNA DO NORTE, a Secretaria de Estado da
Administração Penitenciária (Seap) informou que o Estado vem estruturando o
sistema prisional para ampliar o número de internos com acesso ao trabalho. Uma
das ações destacadas é a criação da Comissão Técnica de Classificação (CTC).
Segundo a pasta, “a CTC consiste na identificação da periculosidade, conduta
carcerária, aptidão ao estudo e ao trabalho, além de outros dados”.
Com a classificação dos detentos, a secretaria afirma que foi possível alcançar
“mais de 450 internos trabalhando e outros 1.325 internos em qualificação
profissional numa parceria da Seap, Senai e Ministério Público do Trabalho”. A
pasta ainda destaca que a baixa escolaridade dos detentos, o estigma social e a
falta de infraestrutura são entraves enfrentados nacionalmente, além da baixa
adesão à Política Nacional de Trabalho no Sistema Prisional (PNAT), prevista no
Decreto nº 9.450/2018 e regulamentada no RN por meio do Decreto nº 31.832/2022.
Ainda de acordo com os dados da Secretaria Nacional de Políticas Penais, o Rio
Grande do Norte possui atualmente 12.680 pessoas em cumprimento de pena, das
quais 7.437 estão em regime fechado — incluindo 7.420 no sistema penitenciário
estadual e outras 17 em carceragens de órgãos como Polícia Federal, Civil e
Militar. Além disso, o estado contabiliza 5.243 pessoas em prisão domiciliar,
sendo 2.582 sem monitoramento eletrônico e 2.661 com monitoramento eletrônico.
Segundo a Seap, a CTC já tem gerado resultados concretos. “Parte dessas pessoas
privadas de liberdade trabalha hoje produzindo esquadrias de alumínio, terços
religiosos, vassouras e, em breve, fará pisos intertravados de concreto e
fardamentos escolares. A SEAP também está em tratativas com a SEEC para a
reforma de carteiras escolares. Em Pau dos Ferros, num acordo de cooperação com
a Prefeitura, os internos limpam praças, ruas e espaços públicos, além de
realizar manutenção em prédios públicos”, diz trecho da nota da Secretaria.
Além das parcerias com as prefeituras, como a de Pau dos Ferros, o Estado
mantém tratativas com Ministério Público do Trabalho, Senai, Tribunal de
Justiça e UFRN. O Estado também informou que regulamentou recentemente dois
Fundos Rotativos, que, segundo a pasta, darão maior autonomia financeira às
unidades e permitirão que elas busquem autossuficiência na gestão dos recursos
voltados ao trabalho prisional.
“Destacam-se ainda os esforços realizados conjuntamente à Coordenação Nacional
de Trabalho e Renda da Secretaria Nacional de Políticas Penais, que resultaram
na pactuação para doação de maquinários para estruturação de oficinas de
produção de artefatos de concreto, produção de fraldas e absorventes e
malharia, capazes de ampliar o percentual de trabalhadores ativos em âmbito
interno das unidades prisionais do estado, na persecução do alcance da meta de
no mínimo 30% dos privados de liberdade em atividades laborais”, completa a
Seap.
Percentual de presos
trabalhando por estado
MA – 79,84%
AC – 67,26%
RO – 69,77%
SE – 53,83%
CE – 52,78%
TO – 43,34%
MS – 34,25%
PR – 32,18%
RS – 31,37%
AL – 30,71%
SC – 30,54%
MT – 27,76%
MG – 26,98%
AM – 26,20%
PA – 26,20%
ES – 23,05%
DF – 22,98%
SP – 20,84%
GO – 20,70%
BA – 20,53%
AP – 20,40%
PI – 16,50%
RR – 14,92%
PE – 12,98%
PB – 12,63%
RN – 5,78%
RJ – 2,95%
Fonte: Senappen/Ministério da
Justiça

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