Segundo o secretário-adjunto
da Secretaria de Desenvolvimento Econômico do RN (Sedec), Hugo Fonseca, o
processo para envio do camarão potiguar e de itens da piscicultura e
aquacultura para a China, além da melancia, foi iniciado no começo de 2024, com
o RN tendo que se adequar a uma série de protocolos e garantias do país chinês.
O último passo é o envio desse documento à China, que avaliará e dará o
veredicto sobre a autorização ou não da ida dos produtos potiguares ao país
asiático.
“Estamos correndo atrás com o Governo Chinês e o Ministério da Agricultura para
liberação desses procedimentos das barreiras fitossanitárias para termos
autorização de exportar e as empresas potiguares criarem a cultura de
exportação”, explica Hugo Fonseca. A perspectiva é iniciar as exportações ainda
em 2025.
“Temos outra parte da vertente, que é capacitar os produtores do RN para a
exportação, de acordo com as regras do Governo Chinês. Cada mercado tem sua
própria exigência. Temos um trabalho de capacitação junto a outras entidades
que precisaremos fazer, como Apex Brasil, o Sebrae e outros atores, para
capacitar essas empresas”, acrescenta.
Na semana passada, a relação entre o RN e a China ganhou novo impulso com a
instalação da Frente Parlamentar de Cooperação Econômica RN–China, formalizada
na última sexta-feira (18), na Assembleia Legislativa. Com representantes do
setor produtivo, autoridades públicas e empresários com atuação internacional,
a cerimônia marcou o início de um novo ciclo de aproximação política e
econômica entre o estado potiguar e a maior economia da Ásia.
Desafios
Atualmente, o Rio Grande do Norte ocupa a 2ª posição entre os estados
produtores de camarão. Dados da Associação Brasileira de Criadores de Camarão
(ABCC) e do IBGE registraram que a produção potiguar atingiu 24,7 milhões de
quilos de camarão. Os dados são referentes ao ano de 2023. O Ceará é o líder
nacional, com 72 milhões de quilos.
O presidente da Associação Norteriograndense de Criadores de Camarão (ANCC),
Orígenes Monte Neto, aponta que a ida do camarão potiguar à China é uma questão
positiva, mas que ainda carece de uma série de desafios a serem cumpridos, como
viabilização de rotas, capacitação e mesas de negociação com importadores. O RN
emprega cerca de 30 mil pessoas na carcinicultura.
“Que é benéfico, sem dúvida será. Ocorre que o Governo Chinês não autoriza a
exportação da espécie que cultivamos, que é o camarão P. Vannamei, oriundo de
carcinicultura, sendo apenas autorizado o extrativista, mas não ocorre porque
esse camarão não é do Pacífico, é do Atlântico. Essa luta estamos há muitos
anos travando para autorizar, e ultimamente houve uma autorização do Vannamei
de captura; acredito que tenha sido um engano, pois não há esse camarão de
captura no Brasil. Está se tentando, via Ministério da Agricultura, uma
reformulação dessa identificação para poder liberar o camarão brasileiro para
ser exportado”, comenta.
Ainda segundo Orígenes, a China é um dos maiores compradores de camarão do
mundo. “É um assunto eminentemente político e o momento está bom para ser
resolvido. Caso seja autorizado, vamos ter uma abertura para disputar o mercado
que é o maior comprador de camarão do mundo. Vai ser algo que vai facilitar o
escoamento da produção nacional”, complementa.
Importadores chineses visitam
o RN em agosto
Autorizado pela China para
enviar melão potiguar para a Ásia desde 2020, o Rio Grande do Norte tenta
articular uma rota e uma rotina de compra com importadores para ampliar as
cargas para o país chinês. Até agora, foram apenas 100 toneladas de melão para
a China em envios experimentais, segundo informações do Comitê Executivo de
Fruticultura do RN (Coex-RN). A título de exemplo, o RN envia anualmente 17,5
mil contêineres de frutas para a Europa.
“A ideia nossa é unir volumes de uva [de Petrolina] com melão e termos como
provocar as companhias marítimas para fecharem uma linha dedicada e que saia da
nossa região e vá para a China num menor tempo possível, tornando esse processo
viável. Hoje o que temos de logística é de Santos para a China, com 50 dias,
com a fruta chegando numa qualidade inviável”, explica Fábio Queiroga.
Em agosto, importadores chineses visitarão fazendas no Rio Grande do Norte para
conhecer o melão potiguar e tentar articular junto a produtores potiguares uma
rota para escoamento da fruta. A visita fará parte da Feira Internacional da
Fruticultura Tropical Irrigada (Expofruit), que ocorrerá em Mossoró.
Tribuna do Norte

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