Durante o seminário Cinema,
Políticas e Mercado - A Distribuição do Filme Independente no Brasil, realizado
durante o Festival de Cinema Sul-Americano de Bonito, em Mato Grosso do Sul,
Ikeda lançou o que chamou de “provocação” ao público do Cinesur, convidando-o a
pensar sobre essa questão.
Segundo ele, já existe uma
legislação sobre isso. Criada em 2014, a Lei 13.006 obriga a exibição de filmes nacionais nas
escolas de educação básica de todo o país, mas nunca foi regulamentada.
“Eu fiz essa provocação porque
hoje a grande pauta do setor audiovisual é a regulação do streaming, que é uma
pauta fundamental e urgente. É estratégico que as plataformas de streaming
tenham, enfim, alguma regulação do governo. Mas a provocação que eu fiz e que
eu acho que é tão importante quanto a regulação do streaming é regulamentar a
lei que prevê a exibição obrigatória do cinema brasileiro nas escolas. Eu acho
fundamental essa dimensão da formação de público”, disse ele à Agência
Brasil.
Para Ikeda, é necessário que
crianças e adolescentes possam ter acesso ao cinema brasileiro “de uma forma
mais ampla”. E isso deve ser iniciado nas escolas.
“A escola é uma semente. É
onde o jovem e o adolescente estão se formando, é um lugar também de cidadania
e de acesso. A escola é um lugar fundamental para uma formação assim mais ampla
do indivíduo”, defendeu.
A regulamentação dessa lei,
explicou Ikeda, ajudaria a criar uma estrutura dentro das escolas para que os
filmes possam ser exibidos. “Falta uma regulamentação para que essa lei de fato
seja aplicada, para que tenha uma estrutura nas escolas, tanto uma estrutura de
equipamento para que esses filmes possam ser exibidos, quanto uma estrutura
também pedagógica”, afirmou.
Ele entende ser importante que
as escolas também estejam preparadas para dá aos alunos as condições
estruturais para o aprendizado. “Não basta termos que exibir filmes brasileiros
nas escolas, mas as escolas precisam ter essa estrutura. Tem que ter um projetor,
tem que ter acesso aos filmes e tem que ter uma licença para que esses filmes
sejam exibidos para não burlar também os direitos autorais”, acrescentou.
Além disso, Ikeda destacou que
a regulamentação prepararia os professores para ajudarem na formação desse novo
público.
“Tem que ter uma formação
pedagógica para que professores ou cineclubistas possam de fato não só exibir,
mas discutir esses filmes porque a formação de público não se resume à exibição
dos filmes, mas também ao debate e conversa sobre ele”.
Investimento
De acordo com ele, esse
projeto não exigiria muito investimento público. “Isso é uma política de base. Não
adianta fazer formação de público só construindo cinemas em shoppings. Isso
também é importante, é o grande mercado, mas eu acho que para chegar nas
pessoas, você tem que ter essa formação de base. E para fazer formação de base,
você não precisa de tanta grana, mas precisa desse trabalho de ir nos locais,
na escola”.
“Dessa relação da escola com a
comunidade, porque não adianta só você colocar um projetor e uma sessão de
filmes. Você tem que ter um multiplicador local, um agente local que vá trazer
essas pessoas que tenham essas conexões locais e consigam de fato fazer
conexões. Tem que ter uma programação que se conecte com a demanda daqueles
públicos”, completou o professor.
Cinesur
O Cinesur é um festival de
cinema que ocorre até o próximo dia 2 de agosto na turística cidade de Bonito
(MS). Neste ano, o festival está exibindo 63 filmes de nove países da América
do Sul, além de promover debates, seminários e cursos de formação.
Todas as atividades promovidas
pelo CineSur são gratuitas. Mais informações sobre o festival, podem ser
obtidas no site do
evento.
*A repórter viajou a convite
do Festival de Cinema Sul Americano Bonito Cinesur 2025
Agência Brasil

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