Segundo ele, a proposta do
sindicato é considerada equilibrada, já que não envolve aumento no salário
base, um dos principais entraves alegados pela gestão. “Nós propusemos apenas
uma readequação nas gratificações. Elas estão há sete anos sem qualquer correção.
Não é justo que outras categorias já tenham sido contempladas e os médicos
continuem sem resposta”, afirmou.
De acordo com Geraldo
Ferreira, os médicos foram recebidos pelo secretário municipal de saúde,
Geraldo Pinho, mas a negociação não avançou. “O tratamento foi cordial, mas a
experiência nos mostra que sem pressão, nada acontece. É sempre aquela
conversa: vocês merecem, trabalham muito, mas na hora de assinar, não assina.
Se não houver acordo, vamos às ruas, montar um palanque na Rio Branco e ouvir a
população sobre o que pensa da saúde pública”, anunciou.
A estratégia de abrir o
microfone para a população tem se mostrado eficaz em manifestações anteriores.
“A população está muito atenta. Tivemos um caso impactante em uma UPA, em que
um paciente psiquiátrico, internado há mais de 48 horas, pediu o microfone e
exigiu leitos adequados. Isso mostra o grau de consciência das pessoas”,
relatou Melo.
Carência de leitos e
sobrecarga estrutural
O presidente do SINMED-RN
aproveitou para denunciar a crítica situação da rede hospitalar da capital,
marcada por superlotação nas UPAs e falta de vagas para internação, inclusive
de UTI. Ele citou o Hospital Walfredo Gurgel, maior unidade do estado, como
exemplo da precariedade: “Cada UPA tem cerca de 20 pacientes esperando leitos
hospitalares, muitos deles graves. A estrutura está no limite.”
A falta de integração entre os
entes públicos é outro obstáculo. “O município inaugura hospital, mas não
consegue manter. O estado anuncia hospital metropolitano, mas suspende a
licitação. Em São Gonçalo, há um hospital pronto que o prefeito diz não ter como
operar. O modelo de financiamento está distorcido. Os municípios chegam a
gastar 30% com saúde, quando o ideal seria 12%. O governo federal precisa
ampliar os repasses”, defendeu.
Melo também destacou a alta
demanda por cirurgias ortopédicas, agravada pelos frequentes acidentes de moto,
que geram até 10 internações por dia, cada uma custando em média R$ 6 mil. “É
um problema estrutural. O Walfredo faz o que pode, heroicamente. Mas faltam
leitos, insumos, alimentação adequada e sobram atrasos com prestadores. Há até
projeto de lei para impedir a retenção de macas pelo SAMU. A situação é
crítica.”, explicou.
Insalubridade e periculosidade
sob revisão
Outra pauta importante para a
categoria é a revisão dos adicionais de insalubridade e periculosidade para os
profissionais da saúde, especialmente os que atuam no Walfredo Gurgel. De
acordo com Geraldo Ferreira, o hospital expõe os trabalhadores a agentes
infecciosos, secreções e riscos biológicos comparáveis ao Hospital Giselda
Trigueiro, que já reconhece insalubridade máxima de 40%.
Além disso, há exposição
constante a radiação de raios-X e tomografia, o que pode justificar o adicional
por periculosidade, com percentual de 30%. “Estamos realizando vistorias. A
insalubridade é normalmente calculada sobre o salário mínimo, mas no Rio Grande
do Norte conseguimos que incida sobre o salário base. A periculosidade sempre é
sobre o salário base, o que dá mais segurança jurídica.”
Ferreira explicou ainda a
diferença entre os dois adicionais: “A insalubridade trata de uma exposição
contínua a riscos. A periculosidade é o risco imediato, como acontece com
eletricidade, radiação ou até a violência. E os profissionais de saúde, especialmente
no Walfredo, estão sujeitos a tudo isso.”
Tribuna do Norte

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