Segundo a empresa, o tarifaço
deverá elevar o preço de cada avião vendido aos EUA em cerca de R$ 50 milhões.
Considerando o período até 2030, o impacto poderá significar R$ 20 bilhões em
tarifas. De acordo com o diretor executivo da companhia (CEO), Francisco Gomes
Neto, a alteração nos preços das aeronaves deverá gerar cancelamento de
pedidos, postergação de entregas, revisão do plano de produção, queda de
geração de caixa, e redução de investimentos.
“Não há como remanejar
encomendas de clientes dos Estados Unidos para outros mercados. Não tem como
remanejar essas encomendas. Avião não é commodity. O maior mercado de avião
executivo é nos Estados Unidos. Não tem como reposicionar isso para outros mercados”,
destacou Gomes em entrevista na terça-feira (15).
As exportações para clientes
estadunidenses representam 45% da produção de jatos comerciais e 70% de jatos
executivos da companhia. Segundo o CEO, a tarifa de 50% poderá inviabilizar a
venda de aviões para os Estados Unidos. “Cinquenta por cento de alíquota é
quase um embargo. É não é só para a Embraer, é para qualquer empresa. Cinquenta
por cento dificultam ou inviabilizam as exportações para qualquer país. É um
valor muito elevado. E, para avião, é mais impactante ainda devido ao alto
valor agregado do produto”, destacou Gomes.
Possibilidade de negociação
O tarifaço sobre o Brasil
atingirá também os produtores americanos, e isso poderá ajudar em uma eventual
negociação, disse o diretor executivo da Embraer. Segundo ele, nos
próximos cinco anos, até 2030, a Embraer tem potencial de comprar US$ 21 bilhões
em equipamentos norte-americanos para equipar os aviões produzidos pela empresa
brasileira. “Por isso que nós achamos que uma solução negociada é
possível”, disse Gomes.
“A gente foi lá [nos Estados
Unidos] para mostrar isso para eles. Eles entendem isso, mas eles querem ver
uma negociação bilateral avançando, como eles estão buscando em vários outros
países”, acrescentou.
Gomes mostrou-se confiante em
um acordo entre o Brasil e os Estados Unidos, tal como o recente acordo
anunciado pelos norte-americanos e Reino Unido, com o retorno da tarifa zero
para o setor aeronáutico.
“Houve concessões de ambas as
partes e, no caso do do setor aeroespacial, a alíquota era de 10%. A gente está
otimista com a situação, e esse exemplo aí do acordo entre o Reino Unido e os
Estados Unidos fica como uma boa base para o Brasil também”, acrescentou.
Agência Brasil

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