Uma perspectiva de melhoria
para a situação de alguns municípios do Estado é a possibilidade de utilização
das águas da transposição do Rio São Francisco, a partir do mês de agosto.
Segundo a Secretaria de Meio Ambiente, serão destinados ao Estado três metros
cúbicos de água por segundo. Este volume será repassado sem custos ao Estado,
por um período de três anos. O RN tem direito a 300 milhões de metros cúbicos
de água.
Segundo dados da Semarh e da Companhia de Águas e Esgotos do RN (Caern), entre
2019 e 2025 os projetos de adutoras — que levam água de uma região para outra —
somam 1.289 quilômetros. No entanto, apenas 159,3 quilômetros foram de fato
finalizados e entregues. Além disso, 274 quilômetros de adutoras estão em
processo de licitação e 856 quilômetros estão em obra. A finalização das
adutoras é importante, pois há regiões onde os reservatórios de água estão em
situação crítica.
Atualmente, 11 reservatórios potiguares estão com menos de 10% de sua
capacidade total, como Passagem das Traíras (0,03%), Itans (0,43%) e Mundo Novo
(2,39%), em razão da falta de chuvas. Na divisão por regiões do RN, o Médio
Oeste se destaca com maior quantitativo acumulado de água nos reservatórios,
com 68%. Na sequência está o Agreste (62%), o Oeste Assu-Mossoró (61%), a
região Central (49%), o Alto Oeste (40%) e o Leste (40%). Por último, está o
Seridó, com 17%. Grande parte dos municípios com reservatórios em situação
crítica está no Seridó. Ao todo, a região tem a pior média hídrica do Estado,
com apenas 17%.
Nesta região, o Projeto Seridó Norte está em andamento, com investimento de R$
300 milhões garantidos via Novo PAC. A obra capta água na Armando Ribeiro
Gonçalves, que poderá vir da Barragem de Oiticica, e distribuirá para diversas
cidades seridoenses, com previsão de conclusão entre o fim deste ano e início
de 2026.
Outra obra é a Adutora do Agreste, que inicia sua execução física em agosto e
tem orçamento de R$ 468 milhões para as duas primeiras etapas. O governo busca
adiantar a conclusão da primeira fase para junho de 2026. O projeto completo,
dividido em três etapas, beneficiará 38 municípios e 510 mil habitantes,
reforçando o abastecimento em regiões como Nova Cruz, Santo Antônio e Tangará.
A instalação da estrutura acontecerá na divisa do RN com a Paraíba.
O governo também afirma que tem intensificado a perfuração de poços, com a
previsão de 500 poços perfurados até abril de 2026, dos quais 53 já foram
concluídos. A ação acontece ao mesmo tempo do desenvolvimento de
dessalinizadores, garantindo água potável para populações em regiões onde a
água subterrânea apresenta alto índice de salinidade.
“Nós temos duas metas a serem atendidas: que não falte água para nenhuma
pessoa; dois, que a gente possa levar água para outra dimensão, do
desenvolvimento e da produção. Portanto, manter o rebanho funcionando, já que a
parte agrícola em si é mais difícil de manter”, explicou Paulo Varella. Como
última instância, quando adutoras, barragens ou poços não conseguem suprir o
abastecimento, a operação carro-pipa é utilizada para garantir água à
população. Atualmente, 212 veículos foram contratados para abastecer mais de 79
mil pessoas, de acordo com a Defesa Civil Estadual.
Dados da Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte (Emparn)
apontam que, entre março e maio, choveu em todas as regiões do estado, mas bem
abaixo do esperado. A estimativa para este ano era de cerca de 382 mm no
acumulado do trimestre, mas foram registrados apenas 252 mm. Isso significa uma
queda de 42% entre o que choveu em 2025 e o que choveu no ano passado. No mesmo
período de 2024, foram 440 mm.
Transposição
A Barragem de Oiticica, localizada no Seridó potiguar, começará a receber água
da transposição do Rio São Francisco a partir do dia 1º de agosto deste ano,
segundo confirmou Paulo Varella, secretário da Secretaria de Estado do Meio
Ambiente e dos Recursos Hídricos (Semarh), em entrevista à TRIBUNA DO NORTE. A
medida, que prevê a entrada de três metros cúbicos por segundo, é considerada
fundamental para garantir o abastecimento durante o período de seca em uma das
regiões mais afetadas pela estiagem no Rio Grande do Norte.
De acordo com Paulo, essa ação acontece após uma articulação com o Governo
Federal para mitigar os impactos da seca. “A trilha do desenvolvimento, ela
passa pelo caminho das águas. As ações que nós estamos tomando agora, elas são
absolutamente fundamentais para que a vida lá no nosso interior continue
fluindo de forma livre. Então, são ações absolutamente estruturantes,
necessárias, fundamentais. Agora, só vai estar funcionando porque a gente está
se articulando internamente”, explica.
Em valores, a construção do reservatório recebeu R$ 893 milhões, sendo R$ 161
milhões provenientes do PAC. Inaugurada em março, a Barragem de Oiticica é o
segundo maior reservatório do Rio Grande do Norte, com capacidade para
abastecer até 2 milhões de pessoas. Atualmente, ela acumula um volume de água
de aproximadamente 103,3 milhões de metros cúbicos, o equivalente a 13,92% da
capacidade total, que é de 742,6 milhões de metros cúbicos, em razão da falta
de chuvas.
Além da transposição, o Governo do Estado executa um programa de recuperação de
barragens, com investimento de R$ 18,2 milhões. Das 68 estruturas sob
responsabilidade do RN, 28 já estão contratadas. Quinze dessas barragens estão
em execução e, segundo o secretário, todas devem estar prontas até o fim de
julho. “É feito o barramento, as partes esburacadas que inclusive são risco de
segurança, além de deixar as paredes novinhas e ajeitar as comportas”, detalha
o secretário.
Tribuna do Norte

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