O professor Sidney Praxedes,
da Escola Agrícola de Jundiaí (EAJ), que participa da equipe responsável por
acompanhar a situação, explicou que, embora as amostras ainda estejam em
laboratório esperando a esporulação dos fungos (ou seja, a criação de esporos –
estruturas reprodutivas que permitem a sobrevivência em condições diversas), já
é possível identificar algumas espécies. “Dentre elas, fungos da família
Botryosphaeriaceae, possivelmente do gênero Lasiodiplodia, que são patogênicos
e aparecem em plantas debilitadas. São agentes secundários, mas podem causar
problemas. É preciso aguardar o resultado da análise para decidir o que fazer
para proteger a planta”, explica Praxedes.
Segundo ele, até o momento foi retirada toda a matéria orgânica em
decomposição, além de uma abertura em formato de porta no caule para evitar o
acúmulo de água da chuva. “O trabalho tem sido demorado por conta da grande
quantidade de matéria orgânica e também porque a largura do caule era maior do
que imaginávamos. Além disso, o baobá tem madeira muito porosa, o que
dificultou o corte com motosserra”, falou o professor sobre a abertura da
porta. “Além disso, choveu bastante em junho e durante alguns dias não foi
possível trabalhar”, acrescentou o professor.
De acordo com Praxedes, não há mais acúmulo de água e o planejamento agora é
aplicar fungicida na parte interna da árvore. Outra medida ainda em análise, é
a poda de alguns galhos para aliviar o peso que a planta precisa suportar. O
Baobá do Poeta está situado em um terreno no bairro de Lagoa Seca, em Natal. O
trabalho de análise está sendo realizado por pesquisadores de várias
instituições, incluindo a Uern, a Ufersa e o Idema. O engenheiro agrônomo
Marcelo Gurgel é quem comanda a equipe que acompanha as condições da planta.
A árvore tem cerca de 19 metros de altura e um tronco com 6 metros de diâmetro,
sendo considerado patrimônio afetivo e cultural de Natal. A estimativa é de que
a árvore tenha entre 300 e 400 anos. A base da planta possui circunferência de
22,6 metros. O episódio de queda do galho, em maio, revelou um cenário
preocupante: uma cavidade de quase 6 metros quadrados no interior do tronco,
com sinais de apodrecimento, paredes úmidas e presença de fungos e cogumelos.
De acordo com Marcelo Gurgel, o baobá é uma planta originária da savana
africana, uma região mais seca do que o semiárido nordestino. As condições de
umidade a que a árvore se submeteu ao longo de mais de um século na capital
potiguar, podem explicar o porquê da situação atual, uma vez que, segundo o
engenheiro agrônomo, é perceptível que o baobá começou a represar água
juntamente com matéria orgânica proveniente de pássaros, folhas e floração.
Tribuna do Norte

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