A Secretaria Estadual de Saúde
Pública (Sesap/RN) informou que, em conjunto com as gestões hospitalares, tem
adotado medidas emergenciais, desde a aceleração de processos de aquisição, com
dezenas deles conduzidos tanto pela gestão central quanto pelas unidades, até a
regularização de pagamentos a fornecedores.
No processo, o Cremern
argumenta que o objetivo é “manter os serviços públicos de saúde ativos, com o
imediato abastecimento do Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel e do Hospital
Regional Tarcísio Maia, visto que a falta de insumos e medicamentos acarreta prejuízos
irreparáveis não só para a população, que pode inclusive ir a óbito, como
também para a classe médica e demais profissionais de saúde.”
A TRIBUNA DO NORTE abordou o
tema em reportagem publicada na edição de 15 de junho, com base nos relatórios
do conselho. Os dois hospitais citados no relatório atendem os casos mais
críticos: vítimas de acidente de moto, de carro, tiro, facada, situações em
que, se não houver atendimento imediato, o paciente morre, conforme alerta o
Cremern.
Durante as vistorias, o
conselho constatou a ausência de medicamentos e insumos essenciais, suspensão
de exames laboratoriais e riscos iminentes à segurança de pacientes e
profissionais. “Na semana passada, o Cremern esteve novamente no Hospital
Walfredo Gurgel e confirmou que a situação persiste. Esperamos uma solução na
audiência do dia 26”, afirmou o advogado Klevelando Augusto Silva dos Santos,
representante do conselho na ação.
O Cremern informou ainda que
poderá adotar outras medidas judiciais caso o problema não seja resolvido com
celeridade. Foi identificada a falta de antibióticos de amplo espectro (como
Meropenem e Polimixina), trombolíticos utilizados em casos de infarto (como
Alteplase), anestésicos, analgésicos, anti-inflamatórios e materiais básicos
como seringas, agulhas e álcool 70% no Hospital Walfredo Gurgel.
O Sindicato dos Profissionais
da Saúde (Sindsaúde/RN) também confirmou as denúncias e chegou a realizar um
ato de protesto, junto a acompanhantes e familiares de pacientes, no último dia
13. “A situação melhorou um pouco, mas ainda está faltando lençóis nos andares,
papel toalha e álcool”, informou a diretora do sindicato e servidora do
Walfredo, Maria Lúcia da Silva.
Em Mossoró, no Hospital
Regional Tarcísio Maia, além do desabastecimento, foi identificado um leito de
UTI bloqueado por falta de insumos e a paralisação da obra de reforma da
unidade. O Cremern afirma que, apesar das visitas — em Mossoró no dia 5 de fevereiro
e no Walfredo Gurgel em 26 de maio —, o problema persiste.
A Sesap alega que parte das
informações divulgadas pelo Cremern está desatualizada. “O relatório do
Cremern, dado o tempo decorrido desde as visitas, traz dados desatualizados,
como no caso da reforma do Tarcísio Maia, que está em curso e deve ter a primeira
etapa concluída em breve”, informou a pasta.
A secretaria reconhece o
desabastecimento e o atribui à “redução do financiamento provocada pela queda
na alíquota do ICMS, que resultou em uma perda de aproximadamente R$ 132
milhões na verba da saúde estadual.” Destacou ainda que, apesar do problema, os
hospitais mantêm os atendimentos à população e que, em maio, foram abertos mais
dez leitos de UTI em Mossoró, totalizando 40 novos leitos implantados na cidade
desde 2019.
Tribuna do Norte

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